TITANIC - frio como nós.

021

— MULHERES E CRIANÇAS! — Olívia gritava, puxando várias mulheres para o bote. Um dos botes já havia descido com a ajuda de outros dois homens, mas ainda não havia retornado.

— Olívia, nesse você entra. — Pietro disse firme — Nesse você precisa entrar.

— Não.

Fazia algum tempo desde que Olívia e Pietro trocaram palavras pequenas e frias, como se eles fossem estranhos em um lugar fechado, mas agora, Pietro queria que Olívia entrasse no bote a qualquer custo.

O bote estava quase lotado. Mulheres segurando crianças que choravam apavoradas e cada vez que Olívia olhava pra lá, tinha medo do que aconteceria se não pudesse mais olhar para sua irmã.

— Olívia, esse é nosso último bote. — Pietro cochichou cada vez mais perto da morena — Você precisa ir para garantir que vai voltar. — Pietro sentiu o olhar apavorado e molhado de Olívia o congelando. Seu cabelo estava bagunçado, sua boca tremia de frio e seu nariz era vermelho como pimentão.

— Pietro, quem precisa ir é você — ela agarrou os ombros largos do rapaz — Você acha que eu sei algo sobre o oceano? — ela arregalou os olhos — Merda, eu nunca nem nadei em uma piscina! — Olívia agarrou seus cabelos, desesperada, e começou a dar várias voltas pensando no que fazer.

— Você segue os outros botes — Pietro pegou em uma das suas mãos, ainda com a arma na outra, e apertou firme — Eu estou com tanto medo. — lágrimas caíram dos olhos de Pietro. Olívia não pode se segurar, fez o mesmo e o abraçou forte.

— Eu estou com tanto medo. — Olívia repetiu e escutou o barulho do bote descendo e pessoas gritando do outro lado do navio. Pietro limpou as lágrimas que caíram e agarrou forte sua cintura.

Olívia quase não conseguia o beijar de tão dolorosa face. Olívia sentiu seu corpo indo para trás
e para trás...
cada vez mais para trás...

— PIETRO!

— DESÇA MAIS RÁPIDO! — Pietro gritou vendo o rosto de Olívia desaparecendo junto com o bote. O garoto mordia seus lábios com uma força tão absurda que fizeram eles sangrarem — SEGUREM ELA!

— PIETROOOOOOO!

— NÃO HÁ MAIS BOTES, SE AGARREM EM ALGO E ESPEREM OS BOTES VOLTAREM! — Pietro disse deixando uma arma tremer em sua mão pela primeira vez na vida.