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O CASAL CORRIA em meio as centenas de pessoas. Olívia deixava com que seus pés frágeis e dolorosos fossem de encontro ao chão frio. Pietro conduzia a morena rapidamente, mas gentilmente para que ela pudesse ter mais espaço para correr e observar se havia algum bote os esperando.

— Cadê? —Olívia sussurrava baixinho passando os olhos por todas as partes possíveis de se enxergar naquele navio.

—ALI! — Pietro gritou para respondê-la, mas algo impediu que ele segurasse mais firme a mão de Olívia —Olívia? —o rapaz perguntou assim que sentiu algo caloroso fugindo de sua mão —OLÍVIA!

Olívia sentiu algo a puxando para o seu lado esquerdo e por um pequeno segundo pensou que sua salvação havia chegado: ela fora puxada para ser salva. Pietro estaria logo atrás e daqui a algumas horas dentro de um bote gelado, veria sua irmã e talvez fosse para América viver sua tão esperada vida. Mas não. Percebeu pouco tempo depois que uma mão velha e suja estava em sua boca, a impedindo de respirar.

— OLÍVIA! —a garota desnorteada podia escutar uma voz familiar chamando seu nome — OLÍVIA?

Olívia se debatia em meio ao sufocamento agressivo e pedia socorro em meio as vozes e gritos das variadas pessoas da multidão. Ninguém escutava seus gritos abafados e se escutavam, estavam preocupados o bastante para não ligarem para nada além de salvar suas vidas.

— MULHERES E CRIANÇAS! — Pietro se aproximava cada vez mais dos botes procurando Olívia. Seus olhos passavam por todos os lugares do navio.

— PIETRO! — Olívia mordeu forte a mão que a sufocava e tentou sair correndo, mas foi interrompida por pessoas que corriam. O corpo da morena caiu rapidamente no chão e seu rosto se chocou com o piso — PIETROOO! — Olívia gritava cada vez mais alto em meio ao choro. Seu corpo foi puxado pelos pés indo para trás e ela deslisou sobre o chão.

— Vagabunda! — uma voz conhecida disse alto, puxando Olívia cada vez mais rápido até que ela ficasse de pé — Eu disse pra deixar minha sobrinha em paz! — Olívia paralisou. Era a mesma mulher de dias atrás. A mulher que bateu em suas crianças.

— Sua demônia! — Olívia empurrou a mulher até que ela desse alguns passos pra trás — Desgraçada!

— OLÍVIA! — a voz de Pietro ia cada vez mais longe a medida que a parte externa do navio se enchia — OLÍVIA! — sua voz parecia triste agora. Olívia podia ver a fúria da mulher que estava no chão tentando se levantar.

— Sua intrometida! — a mulher dizia ainda no chão com grande dificuldade de fala — Eu vou te matar!

— MORRA! — a voz de Olívia saiu rouca, desesperada, mas alta o suficiente — SUA IMUNDA DOENTE! — Olívia gesticulou forte e cuspiu na mulher, mesmo com os pés tremendo.

— OLÍVIA? — Olívia ainda parada, com um certo prazer em ver a velha mulher se contorcer de nojo, procurava Pietro com os olhos — OLÍVIA! — sua voz era mais próxima.

— PIETRO! — Olívia gritava cada vez mais alto com as mãos para cima — MEU AMOR, ESTAMOS PERTO!

— OLÍVIA! — a morena sentiu seu corpo sendo puxado para trás e com medo, não olhou para quem a puxou, mas soube que estava em bons cuidados quando sentiu o abraço quente e aconchegante de Pietro.

TITANIC - frio como nós. Onde histórias criam vida. Descubra agora