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Karina

  Entro em casa, ainda sendo seguida pela Bia que faz mil perguntas curiosa pra saber quem é o cara com quem eu almocei na lanchonete.

Karina: Dá um tempo, Bianca. Eu não vou falar! - Digo me jogando no sofá. Ela resmunga algo me dando dedo logo em seguida. Faço careta antes de pegar meu celular e ver algumas mensagens.

  Mas nenhuma delas me interessa, então finjo que não vi.

  Sinceramente, eu ainda tô muito confusa. Tipo, pra começar, um traficante, dono de um dos morro mais perigosos do Rio, me chamou pra sair? Isso é muito estranho. Quer dizer, não, né. Ele quer passar uma noite comigo, que seja só isso, porque eu morro de medo de traficante, embora meu cunhado seja um.

  Aí, mas é diferente. E eu quero também. Uma noite não mata ninguém, cara! O negócio é você ficar num dia e no outro evaporar, não é como se eu nunca tivesse feito isso. Se bem que nunca foi com o dono de um morro, sempre foi com uns de cargos mais baixos.

  Dou risada dos meus próprios pensamentos. Eu querendo me convencer que não vou me meter em merda, aí aí.

  Até achei o insta dele, que obviamente é privado. E meu pai amado, que homem, viu. Se não fosse envolvido eu investia firme.

  Vejo a Bianca passar com a minha mãe por mim e estranho. Sério que elas vão sair num sol desses? Principalmente a Bia que só sai de casa em casos de emergência?

Karina: Onde vocês vão? - Questiono enquanto ligo a televisão, que passa o meu desenho favorito, barbie!

Nina: Ali na feira, hoje as coisas tão muito baratinhas, vou lá aproveitar, né?! - Dou uma risada. Minha mãe é uma mão de vaca que meus Deus do céu. Se bem que esse capitalismo tá fodendo com todo mundo. - Quer ir com a gente? - Ela questiona e eu nego, já que eu tenho um lugar pra ir marcado pra daqui a duas horas.

Bianca: Ela tem um encontro, mãe! - Ela diz e eu olho feio pra ela, jogando uma almofada na mesma que gargalha dando língua pra mim. Como pode alguém ser tão intrometida assim?

Nina: Ih, que encontro é esse? Tá namorando? - Ela questiona se aproximando de mim e se sentando ao meu lado logo em seguida, ainda me olhando curiosa. Arregalo os olhos negando freneticamente com a cabeça. Que maluca essa mulher.

Karina: Óbvio que não, mãe! - Digo indignada e ela muda sua expressão de curiosa para decepcionada. - Aí, gente, não tenho psicológico pra ter um relacionamento não. - Digo dando uma risada nervosa e minha mãe revira os olhos.

Nina: Se ambas as pessoas se amarem, da certo. - Ela diz e eu reviro os olhos. A Bianca apenas observa tudo com curiosidade, provavelmente esperando eu dar uma brecha e falar com quem eu vou sair.

Karina: Mãe, o amor nem sempre é o suficiente. - Digo dando uma risada fraca antes de me levantar. Ela apenas fica calada e eu dou um beijo na bochecha das duas, me despedindo. - Vão com Deus, minhas mulheres. - Mando beijinho para as duas que fazem o mesmo e logo saem.

  Tipo, eu acredito no amor, sabe?! Só não acho que seja pra mim. Acho que sinceramente ninguém fecharia comigo sem por cento, acho que ninguém seria capaz de me dar o valor que eu mereço, acho que ninguém me amaria tanto ao ponto de querer estar ao meu lado pro resto da vida. Obviamente eu sei o meu valor, mas em questão de relacionamento eu sou meio insegura pra ter um.

Até o Final.Onde histórias criam vida. Descubra agora