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Karina

    Solto um suspiro fraco antes de entrar em casa. Abro a porta, tendo a visão da minha mãe sentada no sofá em prantos, a Bianca também chorando e andando de um lado para o outro, visivelmente nervosa. O Borges e o Mario estão com o celular na mão sentados do lado da minha mãe, segurando sua mão trêmula. Olha o que eu causei...

  Assim que os quatro na sala notam a minha presença, correm para perto de mim me agarrando no mesmo instante, o que me causa um conforto, mas também um pouco de dor por saber que eu causei tudo isso.

Nina: Minha menina, eu achei que você tinha morrido! - Ela exclama ainda em meio ao seu choro desesperador. - Eu achei que eu tinha perdido você, Karina. Tem noção do desespero que você causou para nos? - Ela diz chorando cada vez mais, fazendo um nó se formar na minha garganta. - Você tá ficando maluca? Por que não avisou onde tava? Deixa eu adivinhar. Tava com um dos seus peguetes e o celular descarregou. . - Ela diz indignada dando uma risada forçada, mas ainda chorando.

  Antes que eu possa responder-lá, o Borges se intromete.

Borges: Tá ficando maluca, caralho? Tu quase matou a nossa mãe de susto! Aí depois simplesmente chega aqui e pede desculpas como se não estivesse sumido. Tu merece levar um pau, papo reto. - Ele diz vindo pra cima de mim puto, porém é segurado pelo Mario.

  Dou uma risada fraca colocando a mão na boca, totalmente desacreditada que estou escutando isso das pessoas que dizem me amar.

Bianca: Gente, parem, pelo amor de Deus! - Ela exclama segurando o braço do Borges que ainda me fuzila com os olhos vermelhos. Tá explicado. - Deixa ela!

Mario: Caralho, deixa a Karina se explicar. - Ele diz exaltado, parecendo ser o único sensato aqui.

Karina: Eu queria que antes que vocês me julgassem, soubessem que a loja onde eu trabalho, foi invadida enquanto eu ainda estava lá. - Digo calma, mas sentido uma dor e uma vontade de chorar imensa.

  Eu achei que eu chegaria em casa e receberia apoio da minha família. Mas advinha? Foi o total contrário.

  Na mesma hora, todos eles ficam em silêncio, parecendo assimilar o que eu acabei de dizer. Em poucos segundos minha mãe está em prantos novamente, com a Luísa tentando a acalmar. Os outros dois apenas ficam me encarando, como se estivessem com dó de mim. E eu odeio esse olhar.

  Solto um riso fraco tentando esconder a angústia que agora, habita em mim. Sem olhar nem falar com ninguém, subo para o meu quarto afim de conseguir relaxar um pouco.

  Mas acaba sendo totalmente o contrário, já que quando eu chego no meu quarto escuro, desabo no choro, como uma forma de descarregar toda esse misto de sentimentos ruins que estão dentro de mim.

  Não me dou o trabalho de ligar a luz, apenas tiro o tênis e fecho a porta atrás de mim antes de caminhar até a minha cama, sentindo a lágrima quente escorrer pelo o meu rosto. Me aconchego na cama, abraçando com toda a força do mundo o meu urso de pelúcia dado pelo o meu pai, que agora, parece ser o único que pode fornecer conforto para a minha mente e corpo.

  Incrível como eu sempre consigo entregar tudo. Nada da certo pra mim. Por quê?

  Os pensamentos tomam conta da minha mente, me atordoando.

Até o Final.Onde histórias criam vida. Descubra agora