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Cl7.

Me encosto na parede enquanto solto a fumaça da minha boca. Única coisa que me faz relaxar no momento.

Papo reto, odeio que mintam pra mim.

Por que que ela não fala logo o que é que está deixando ela incomodada ou desconfortável perto de mim?

Pô, eu tô ligado que eu não tenho nada a ver nem tenho que me intrometer na vida dela. Só que eu sei que ela tá bem ciente que eu curto ela, e eu acho que é recíproco. Pelo menos foi o que ela demonstrou.

Nem eu sei por que eu tô tão preocupado se fiz algo com ela.

Se bem que eu sei que ela é firmeza, faz de tudo pelo dela. Não seria justo pra ela, nem pra mim. Curto ela pra caralho! Espero não me decepcionar mais pra frente.

Sou afastado dos meus pensamentos quando vejo a dona Nina junto a tal da Bianca ajudando a Karina a andar. Jogo o resto de bak no chão, me aproximando delas.

Cl7: Quer ajuda não? Tô com meu carro ali. - Aponto pra minha Mercedes, a Karina logo se apressa em negar, já a dona Nina e a Bianca concordam.

Karina: Não precisa. Mas obrigada! - Ela diz com uma expressão séria no rosto, enquanto me encara com seus olhos cintilantes. Eu não deveria prestar atenção nisso bem agora.

Caralho!

Fodeu foi tudo.

Bianca: Ou! - Ela chama a minha atenção, me fazendo desviar o olhar da Karina pra ela. - Claro que a gente quer. Na moto não dá pra levar. E os vapores não estão aqui agora. Para de ser orgulhosa, Karina! - Ela repreende e mesma com um olhar. Ela suspira, parecendo convencida.

Karina: Tudo bem. - Ela diz com seus olhos fixos aos meus. As vezes, parece que ela sabe de todos os meus pecados. Somente ela e Deus.

Nina: Então?! Vamos? - Ela questiona chamando nossas atenções. - Já tá tarde, e o médico disse que a Karina não pode fazer muito esforço. - Concordo com a cabeça.

[...] (22:05)

A Karina se ajeita na cama, soltando um gemido fraco de dor, o que a faz fechar os olhos.

Cl7: Calma, filha. - Digo me reaproximando dela e a ajudando a se sentar direito. Ela apenas observa meu ato rindo. - Qual foi? - Questiono confuso.

Karina: Isso foi engraçado. - Ela diz ainda rindo fraco, enquanto come um pedaço do chocolate me olhando. - E fofo! - Complementa sua fala, o que me faz rir e negar com a cabeça.

Logo, me lembro do que eu fiz mais cedo e resolvo me desculpar, mesmo sabendo que talvez, fosse só preocupação.

Cl7: Aí! - Chamo a atenção dela que parece despertar de seus pensamentos. - Foi mal por hoje mais cedo, lá no hospital. Eu já tava puto com outros bagulhos, nem esquenta. - Ela concorda com a cabeça, voltando a rir.

Karina: É estranho o pequeno período de tempo que foi possível para eu considerar você um amigo. - Ela diz com um sorriso agradável em seu rosto. - Com outras pessoas demorou mais... - Ela diz enquanto reflete, comendo seu chocolate.

Amigo, certo.

Cl7: Aí. Tu vai precisar de algum medicamento? Eu... - Ela me interrompeu antes mesmo que eu possa falar algo.

Karina: Pelo amor de Deus, não precisa! - Ela diz enquanto solta uma risada. Uma risada muito boa de ouvir por sinal. - O Borges já tá providenciando isso pra mim, mas obrigada. - Ela diz dando um mínimo sorriso no rosto.

Cl7: Tô ligado. Mas tu sabe que se tu precisar de qualquer bagulho mesmo, pode me acionar, né?! - Questiono e ela concorda com a cabeça, um pouco pensativa.

Karina: Eu preciso te contar uma coisa. - Ela diz com uma voz serena enquanto abre a janela do seu quarto, deixando o vento entrar pela mesma.

Cl7: Manda teu papo. - Digo, me ajeitando melhor na cama.

Antes que ela possa começar a falar, a dona Nina entra pelo quarto com uma bandeja de comida na mão. Que desgraça!

Não a dona Nina, e sim o fato dela ter interrompido uma coisa que eu quero saber a maior cota.

Nina: Aqui, ó. - Ela coloca a bandeja em cima da mesa no quarto, logo virando para nós dois com um sorriso no rosto. - Vocês estavam conversando? Posso voltar outra hora! - Ela diz já quase saindo, mas eu a chamo.

Cl7: Que nada, dona Nina. - Me viro pra encarar a Karina, que já me olha com um olhar meio desconfiado. - Pode ficar. Eu e ela termina nosso papo depois, né? - Questiono pra ela que concorda, mesmo que esteja visível na sua expressão que não.

Talvez o que ela tenha pra me falar seja importante.

[...]

Me encosto na cadeira, ajeitando meu radinho na cintura e pensando no que a Karina tinha pra me falar. Devia ser algo importante.

Sou despertado dos meus pensamentos quando escuto a porta bater. Me viro freneticamente, mas alívio minha expressão quando vejo que é o gerente do morro. Ele ri, se aproximando e fazendo um toque de mão logo após.

Gb: Qual foi, Cl?! Tá devendo? - Ele questiona ainda rindo, provavelmente por conta do susto que eu tomei. Olho óbvio pra ele com um sorriso de lado no rosto, enquanto cruzo os braços. Ele gargalha alto quando percebe o que disse a alguns segundos atrás. Dou risada negando com a cabeça. - A falta do cigarro já tá me deixando malucão, papo reto. - Ele diz, se recompondo e indo sentar na cadeira, que, permanentemente, é dele.

Te falar? Fico malucão com o tanto que esse guri é cabeça! Ninguém diz que ele tem 18 anos por conta da maturidade, responsabilidade e mais outras qualidades nele. Mas eu sei muito bem que essa maturidade ele não criou por livre e espontânea vontade não, e sim por livre e espontânea pressão. O pivete teve que lidar com vários problemas na infância. O pai e a mãe, ambos se agrediam dentro de casa, com a criança chorando. No final, morreu os dois por cobrança.

Isso é outro bagulho que se eu tivesse um filho não faria! Brigar na frente dele ou dela com minha mulher. Bagulho mó nada haver! Lá no futuro pode ter certeza de que o pivete vai ter risco até de criar traumas por isso.

Incrível como o Gb mesmo com a cabeça fodida, prefere espalhar alegria.

Cl7: Aí. - Chamo a atenção dele que balançava as pernas, aparentemente meio agitado. Tá maluco, o vício é foda. - Já sabe se o Borges vai fugir ou vai cumprir a pena? - Questiono, mesmo já sabendo sua resposta.

Tô ligado que o maluco vai cumprir a pena. O porquê eu não sei ainda. Só sei que ele colocou isso na cabeça dele.

*

Juro q solto um melhorzin amanhã, juro!

Até o Final.Onde histórias criam vida. Descubra agora