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Cl7

  Coloco meus óculos, olhando melhor para o caderno e vendo que as contas não estão batendo.

  Caralho, já é a segunda vez que as contas vêm desse jeito! Tem algum dos meus me roubando, só pode.

  E sinceramente, eu posso estar enganado, mas o Jl não me mostrou ser nada confiável. Faz bem pouco tempo que ele entrou pro tráfico, por isso não confio muito nele também. O cara sai todos os dias do morro, mesmo já tendo sido preso umas três vezes por roubo.

  Mandei uns cara de confiança ficar na cola dele, mas não adiantou nada. O filha da puta deve ter percebido, então parou de sair.

  Outro motivo pra ser ele, é porque ele é quem cuida da contabilidade da venda das drogas no mês. Ele é o único.

  Suspiro, sabendo que vou ter que resolver isso o mais rápido possível, ou mais lá pra frente, o prejuízo será maior.

  Aproveito o tempo livre pra resolver outras coisas também. Mas logo sou interrompido, com o Azulzin entrando pela porta junto com o Mika.

Mika: Qual foi, meu consagrado?! - Ele diz fazendo um toque de mão comigo, com sue sorriso de lado de sempre no rosto. - Nada pra nós fazermos esse final de semana não? - Ele questiona e eu nego com a cabeça, realmente não tendo nada em mente.

Azulzin: Eu vou é pro pagodinho lá da penha com minha neguinha, maior cota que eu não vejo a minha sogra, papo reto. - Ele diz se relaxando na cadeira. Me ajeito na cadeira, tirando um baseado do bolso.

Cl7: Vou pra esse bagulho aí também. - Digo chamando a atenção dos dois.

Mika: Vou colar também então. - Ele diz, entrando na conversa.

Azulzin: Qual foi o milagre que fez o Cl7 sair de casa, senhor? - Ele pergunta me olhando de cima abaixo, totalmente desacreditado. Mando dedo pra ele sem me importar, dando uma tragada no meu baseado.

Mika: Isso aí tá me cheirando uma mina que ele curte todas as fotos no insta. - Ele diz rindo e eu estreito os olhos pro mesmo. - Tô ligado nas tuas idéias e nas dela. Mas também tô ligado que ela é problema. - Ele diz apontando com o dedo pra mim.

Azulzin: Qual foi dessa idéia aí? Conte-me mais. - Ele diz, se interessando no assunto da minha vida.

Mika: Sabe aquelas duas gurias da loja que a gente assaltou, que tava lá e pá? - Ele questiona e o Azulzin concorda concorda com a cabeça. - Então, é a que ele tá pegando. - O Azulzin fica paralisado, parecendo assimilar.

Cl7: Tô nem entendendo essas idéias erradas de vocês discutindo sobre a minha vida aí. - Digo soltando a fumaça da minha boca, os dois apenas me ignoram.

Azulzin: Pera lá, o Cl7 se deslocando da sua humilde residência por mulher? Tem algum bagulho errado aí! - Ele diz rindo, ainda desacreditado. - Essa fez macumba, certeza.

Mika: Tô dizendo - Ele diz esticando os braços, enquanto se levanta da cadeira. - Fé pra vocês que eu vou ganhar o meu. - Ele diz fazendo toque comigo e com o Azulzin, saindo da sala logo em seguida.

  O Azulzin me olha e dá um sorriso malicioso, se levantando da cadeira e saindo da sala lentamente. Essa desgraça é maluca, no papo reto.

Até o Final.Onde histórias criam vida. Descubra agora