(61) - Sýkina e Arumsuth

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"Veemente mandante das Hostes Carmesim, Óhramo, Senhor da Distorção, lhe honramos agora e sempre. Reforjaste montanhas sob tua conjuração, tornaras o mar em rocha e deserto, sangraras os céus em flama rubra. Teu cálice, fonte de energia e sabedoria, nos alimenta em poder. Ýzura, Senhora da Tempestade, Intempérie do Firmamento, Consorte do Caos, devora teus opositores em teu manto de chamas e, somos nós, teu Lume Vingador."

Confraria Rubra, dos encantadores, manipuladores e alquimistas de Gar'rov, sobre Óhramo e Ýzura, deuses gar'rovianas


— RASTEJOU E suplicou. Diz-se arrependida em seu coração e derramou seu pranto. Suas emanações não enganam-me; é uma víbora buscando refúgio para mais tarde atacar, por mais que tenha legitimamente se impressionado com minha identidade. — Ladeada de Yuzhal, Yîarien fazia pausas na fala para curtas meditações sobre as escolhas, das que fizera e das que viriam. — Evitei a persuasão áurica e obtive as respostas na base da confiança. Visren é seu nome, ao menos o que afirma ter.

— Surpreendente uma ver'kirin mercenária, e os comandando. Mas no final é só mais um descendente de Nährus ávido por derramar meu sangue. — Ákera deslizava os olhos vagarosos na estante de armas, recapitulando por um instante as memórias, sendo que boa parte delas carregavam um histórico com ver'kirins. — Mesmo ferida e acorrentada, Visren é uma awbhem da Casa de Nenuym. Não a subestime; ver'kirins se assemelham pelo propósito de batalha.

— E mesmo assim em quase nada se assemelha com os outros que tive contato. A feiticeira e Varesh são bem diferentes dela.

— Encontraremos outras nenuym-nay em combate, tenha certeza, e seus irmãos maiores, os shimori-nur. Descobriu mais algo da prisioneira que ainda não sei?

A almirante tivera um tempo com a capitã, a interrogando na base da intimidação, extraindo essencialmente detalhes do ataque inimigo.

— Nada relevante. Ela guiaria a esquadra até a armada de Arumsuth, mas nada sabia sobre Arutama ou Bálshiba. Quando me deixou a sós com a capitã, ela ficou bem mais disposta a falar. Talvez por eu não ser uma ameaça. Talvez pela minha presença como lunno que a impedia de mentir. — Tombou os olhos, recordando-se das emanações de Visren. Não estivera de fato sozinha. Yuzhal, com sua máscara e camuflado nas sombras permanecendo indetectável, pois assim Yîarien pedira. — Vi o bastante dela e Yuzhal também. Minha sugestão de plano continua a mesma. Tenho mais confiança do que antes.

Ákera ficara desconfortável.

— Revela-se gostar mais do campo de batalha do que costuma dizer.

Yîarien suspirou abaixando o olhar antes de encará-la.

— Não faça-me descrever como a morte impregna esse mar. O rastro da aura de afogados e devorados, alvejados e assassinados, cobre esse chão, por mais que tenhamos navegado para longe dos rochedos. Lamento pelos mercenários, lamento pelo Grande Clã, mas acima de tudo lamento pelos nórdicos. A batalha é a tua província, não a minha.

Ákera voltou-se à lunno. Inconformava-se.

— Será como permitir que uma rhydra a engula para lhe retirar de dentro dela depois que eu a matar. Estará nas entranhas do monstro, sentirá e sofrerá junto a ele.

— Sý'Einna encarnara do ventre de uma besta. O mínimo que devo fazer é igualar-me a ela em seus passos — argumentou Yîarien apoiando-se no cajado com as duas palmas. — Ao menos a ti tenho para resgatar-me. Ao menos a almirante Libertadora virá por mim.

Quinta Lua (Livro Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora