(29) - Miragem

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"Vestem o equipamento preparado para o clima árido do território oponente. Couraças leves e resistentes, revestindo as cabeças de elmos reforçados, cobrindo o dorso com escudos massivos, e traziam punhais e sabres, reluzentes como um aço encantado (...). Ao menos sessenta seurianos marcham pelo desfiladeiro rochoso, para reforçar as tropas regulares do sul. São cavaleiros da Ordem do Templo dos Céus, uma casta mística superior estabelecida em Itänn (...)

(...)Podem ter aprendido a se adaptar a essas terras, o que não é uma certeza que esses mesmos ermos irão aceitá-los como seus hóspedes de bom grado. Eles desprezam os que viviam aqui antes de sua chegada e pagarão por suas transgressões." 

- Intercessor do Deserto, o Arauto incumbido de armar a resistência contra a invasão seuriana em Mídd ao longo da Segunda Era





SACRO-GUERREIROS. Assim os seurianos se nomeiam. Exatamente o mesmo título das elfas templárias em uma tradução direta. Representando a vontade maior de seus cleros, marcham cegamente para onde lhe são mandados, impondo Seur como uma divindade além das divindades — a única divindade. 


Seur, o Sol.

Seur, o Criador.

Seur, o Verdadeiro.

Seur, o Único.


Os "sacro-guerreiros" nunca desistiram de sua cruzada em Mídd contra o inimigo impuro. Mesmo sem seu Grande Senhor em terra — Seur'Rane, "O Infindo Alvorecer" —, chicoteando-lhes o lombo com a autoridade e a insanidade, eles persistiam em invadir o deserto. Eles agora eram remanescentes, assim como os kaskres, de um conflito maior nunca decidido. São guerreiros de propósito deturpado, carregando um legado de origem há muito esquecida.

Uma origem tão distante quanto as Eras Esquecidas, porém, quase apagada.

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Em terreno elevado, ele fitava, ansioso, o estreito que construía o caminho natural. O Apóstolo tomou a precaução devida, seguindo o sábio conselho dado pela episcopisa misteriosa que o encontrou no deserto. Contratara os mercenários que empregavam artimanhas terríveis — e inesperadas — de execução de alvos, conforme ela sugerira. Ela também lhe revelara como encontrar os kaskres que tanto procurava pelos Ermos Assolados.

Avistou, vindo em direção dele, os mercenários que contratara. Como previamente ordenado, os guerreiros seurianos aproximaram-se deles os rodeando de modo que os impedissem de sair do corredor de pedras. Então eles exigiram a prova do assassinato dos alvos.

Silêncio cresceu e o vento áspero do deserto zuniu, tremulando as capas de todos os combatentes na mesma direção. O líder dos mercenários nada trazia consigo senão o próprio grupo e uma feição de desprezo, direcionada para ele. O Apóstolo esfregou os dedos no objeto que carregava amarrado na cintura da couraça, sentindo-se desafiado.

O silêncio era tanto que era óbvio que não traziam as cabeças das vítimas.

Logo os seurianos levaram as mãos até as armas, seguindo a continuação da ordem do Apóstolo caso os mercenários falhassem.

Kiirth e as duas cavaleiras que o ladeavam sacaram as armas mais rápido do que os olhos poderiam acompanhar, desferindo os primeiros golpes, executando os seurianos da passagem e atropelando os demais. Os mercenários ganharam liberdade de movimento fora das rochas, e a batalha nas dunas só principiava-se.

Quinta Lua (Ýku'ráv)Onde histórias criam vida. Descubra agora