"(...) tinha as constelações como guias e as lendas como inspiração. As formas lhe eram mutáveis, e nada permanecia perene ou eterno. Seus dedos tocaram os fios das Forças pela Vontade de sua mente. Acelerando e retardando. Distorcendo e moldando. Criações inigualáveis com suas fórmulas secretas foram confiadas aos escolhidos (...)
O Supremo de Gar'rov desvelou a alquimia, do fogo ao gelo. "
- Confraria Rubra, sobre Óhramo
AS ERAS foram escritas em palavras de belas curvas e nuances, fascinantes na suavidade e na harmonia. Páginas transcritas pelas mãos da Matriarca, em épocas de glória e em épocas de depressão. Após ela, as crônicas deste mundo não deixaram de serem contadas e sua influência permanecia na grafia dos novos pergaminhos.
Ákera detinha a si mesma como divisora das Eras. Um sinal de passagem, de mudança, impressa em cada letra escrita na história awbhem a partir do ocorrido. Os textos que viriam ao prelúdio do Conflito na Gállen a marcariam como a primeira a derramar o sangue de um semelhante de forma covarde.
Sua espada tirara a vida de outro elfo, aos olhos do Conselho, rompendo definitivamente a imagem de união entre os filhos da Grande Mãe. O levante dela, do Primogênito e seus apoiadores contra o Conselho marcava o fim da já frágil ilusão de igualdade.
A inocência dos awbhem findara pelas suas mãos; e o espírito da Grande Mãe se recolhera à Vastidão por vergonha de seu ato inimaginável, assim como das Discípulas que nela acreditavam.
Vergonha. Humilhação. Erros.
Inevitável.
Pelo milênio que se passou, a culpa assombrou Ákera em seu espírito depressivo e imortal, de amargura coagulada. Fora escolhida por ser singular, predestinada à grandeza pela Matriarca, e nela jazia a última esperança de sensatez daquele povo enfraquecido pela guerra secular. Falhara, e mais uma guerra nasceu entre os próprios que deveria guiar.
"Libertadora..." o título ecoava por sua mente, carregado de sentidos que só ela vislumbrava na totalidade.
Agora, os olhos direcionados a ela guardavam pesadamente pensamentos sobre quem se revelara ser. Uma Discípula. Um peso imensurável, que erguia esperança e desconfiança. Mantera em silêncio a questão, nunca falando com ninguém sobre senão com sua amada. Por mais que todos soubessem de sua identidade e a respeitassem imensamente, a aura deles era clara; esperavam dela grandes feitos, maiores do que antes e indagavam-se da razão do título sagrado que fora evitado.
Surgimento da Yîarien trouxe mais do que uma fé renovada na Nova União. A lunno lhe tirara o peso monumental ao lhe dar a chance de redenção.
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OUVIRA O mecanismo das catapultas trabalhando em uma orquestra de rangidos de cordas retorcidas e engrenagens. Rígida tal uma estátua indiferente e fria, Ákera acompanhou a artilharia iniciar os disparos de longo alcance.
As duas armadas surgiram ao horizonte, fechando um bloqueio à baía.
— Metade dos Saqueadores está ferido demais para continuar. Ou morto. Um custo alto, mas posso garantir que não revidarão desta distância — sombrio, Ankrat reportou. Ákera não demonstrou nenhum sinal de reação à notícia, e não teve certeza se o estado de concentração dela permitia ouvi-lo. E reforçou a fala parado ao seu lado: — Tens minha palavra.
Bolas flamejantes explodiram no mastro, proa e casco das trirremes inimigas estacionadas próximos à praia. Caos e devastação certamente corriam por entre os capitães de Arumsuth, pois qualquer resposta demorou para aparecer.
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Quinta Lua (Ýku'ráv)
Fantasy(LIVRO COMPLETO) *Fantasia Épica em Terceira Pessoa focada na trama entre divindades vivas e mortas: um testemunho lírico em forma de livro sagrado dentro deste universo próprio* (+18) Sinopse: "A Matriarca nos governava com sua eterna sabedoria. T...