Namorado de aluguel

Conversas

- Eu só acho que você foi grosso demais. - Respondo vendo ele terminar de se enxugar. - Só um não já bastava.

- Só um não, não é o suficiente. - Respondeu se levantando, ficando cara a cara comigo. - Ela iria começar a passar a mão em mim, flertar comigo, tentar me convencer a ficar com ela. Eu não estou afim de transar, sequer tenho cabeça para isso hoje, só vim beber mesmo.

- O que eu tenho haver com isso mesmo? O problema é seu e dela. - Falo dando de ombros.

- O que você tem haver? - Perguntou forçando uma risada. - Se continuasse sentada por dois segundos, eu poderia ter dado a desculpa que estava acompanhado.

- Não me envolva com seus problemas, não tenho culpa de nada, nós não estamos acompanhados, eu sequer sei seu nome.

- É Thales Duarte. - Respondeu passando a mão no cabelo dele.

- Tchau Thales. - Falo balançando a cabeça negativamente, começando a ir embora dali.

- Geralmente, quando uma pessoa se apresenta, a outra faz o mesmo. - Disse fazendo eu parar de andar.

- Sou Gabrielle Sampaio. - Falo virando as costas, pronta para ir embora dali, porém segurou meu braço me impedindo.

- Posso te fazer uma proposta, Gabrielle? Que tal me fazer companhia? Assim nenhuma outra mulher vai se aproximar de mim e em troca posso te pagar uma bebida.

- Você é gay? Não tenho nada contra se for. - Falo com sinceridade, mesmo sendo um desperdício.

- Eu não sou gay. - Disse se aproximando tanto de mim, fazendo eu sentir seu hálito quente contra a minha bochecha. - Só estou preocupado demais para pensar em dormir com alguém.

- Preocupado? Mas por quê? O que aconteceu?

- É minha sobrinha, ela está no hospital, está muito doente, ela piorou. Porém, minha irmã resolveu me mandar embora falando para me distrair, mas estou surtando por dentro, é horrível ver alguém que amamos sofrer e não podemos fazer nada. - Ele desabafou ficando com a expressão mais triste que jamais vi em alguém.

- Eu te faço companhia e sinto muito. - Digo dando um abraço hesitante nele, porém ele colocou as mãos na minha cintura, juntando nossos corpos, estávamos próximo o suficiente para me fazer sentir seu perfume era muito cheiroso, era amadeirado, também tinha cheiro de sabonete e loção pós barba. - O que ela tem?

Ele ficou em silêncio, durante vários segundos, me apertou mais no abraço e depois me respondeu.

- Leucemia.

- Eu sinto muito, isso é horrível. - Falo chocada com a declaração, agora eu entendo sua expressão preocupado.

- Tem cura, mas isso não torna a experiência menos horrível. O problema é que o tratamento é muito caro, eu ajudo minha irmã como posso, mas não está sendo o suficiente.

- E o pai da criança? - Pergunto o soltando, ele sentou na cadeira do balcão novamente, fez sinal para o barman para servir outra dose.

- É um filho da puta que largou minha irmã assim que soube da gravidez. - Falou ficando furioso, fito seus olhos azuis que só demonstravam ódio agora. - Aquele infeliz só foi homem para fazer, agora para assumir desapareceu, deixando a responsabilidade toda para ela.

- Eu sinto muito. - Falo horrizada com toda aquela situação.

- Agora que sabe dos meus problemas. Pode por favor, me fazer companhia? - Perguntou suplicando e quase desabando na minha frente.

Eu entreabrir a boca para responder, mas apareceu uma outra mulher sentando ao lado dele, antes que eu tivesse tempo para ocupar o lugar.

- Oi lindo, você parece tenso, quer companhia ou ajuda para relaxar? - Perguntou passando a mão no peito dele, fazendo uma trilha pela barriga, já estava chegando no cinto dele, quando a parou segurando a mão dela.

- Valeu, mas não quero. - Disse menos grosso do que a última, na verdade ele parecia mais miserável e triste do que antes, seria impossível ser rude mesmo que tentasse.

- Deixa eu te ajudar a relaxar, você precisa de uma noite de diversão. - Disse segurando o rosto dele, fazendo os lábios dele ficarem a centímetros da boca dela, foi então que ele me olhou suplicando por ajuda.

- O projeto de gente ele já disse que não quer. - Falo voltando a atenção dela para mim.

- O que você é dele?

- É minha namorada. - Disse segurando minha cintura, me puxando para ele, me dando um beijo na bochecha.

- Não sabia que estava acompanhado, deveria ter falado logo, assim não perderia meu tempo. - Falou indo embora rebolando, fazendo eu o olhar incrédula.

- Eu disse que só um não, não adianta. - Disse me soltando, voltando a atenção para a sua bebida.

Nós ficamos em silêncio, sento ao seu lado, ele pagou uma bebida para mim, era uma outra vodca, isso significa que estava prestando atenção em mim? Será que viu meu mico na pista de dança? Nem quero saber, a vontade de cavar um buraco no chão estava crescendo a cada segundo.

- Desculpa. - Disse se virando para mim. - Devo estar estragando sua noite, você provavelmente quer ficar com alguém, se divertir.

- Não quero mais. - Digo ficando aborrecida, cruzo os braços no modo de proteção. - Não tem mais ninguém que me interesse.

- Aquele cara foi um idiota preferindo a outra. - Disse dando a entender que viu o que aconteceu na pista de dança. O olho envergonhada, enquanto ele me deu uma piscadela. - Você é muito mais bonita que ela.

- Eu sei disso. - Falo jogando meu cabelo para trás, isso o fez arquear uma das sobrancelhas, depois sorriu largamente.

Thales iria dizer outra coisa, porém foi interrompido pelo toque do seu celular, o homem empalideceu, quando leu a mensagem, depois tirou algumas notas do bolso me entregando, antes de dizer.

- Paga a conta para mim? Tenho que voltar ao hospital.

- Claro. - Digo recusando o dinheiro. - Não se preocupe com isso, vá ver sua sobrinha, melhoras para ela.

- Obrigado, mas quero pagar minha parte, não estou sem dinheiro ao ponto de não pagar algumas bebidas.

- Eu não quis dizer, me desculpa.

Thales acenou positivamente, me entregou as notas e foi embora.

Nem sequer tivemos a chance de trocarmos telefones, porém a situação era extremamente horrível para eu pensar em algo tão superficial, me sinto culpada com esse pensando, tomara que a sobrinha dele fique bem.

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Sábado que vem eu posto o próximo.
Beijo)