Eu estou a caminho do aeroporto. A despedida dos meus pais foi breve, minha mãe prometeu que a partir de agora não iria mais se meter na minha vida, mas acho que só tomou essa decisão pela insistência do meu pai.
Digamos que os recentes acontecimentos fizeram ele repensar melhor a respeito da minha mãe, a julgar seu comportamento tóxico e invasivo. Afinal, a situação tinha chegado ao extremo comigo fingindo um namoro e minha irmã quase se casando com um homem que a despreza.
Eu resolvi ir atrás de Thales, sempre fui contra a ideia de correr atrás de homem, mas acho que ele vale a pena a exceção.
Nosso relacionamento não pode acabar assim, sem antes me deixar explicar o que aconteceu, sem antes eu declarar meus sentimentos que só crescem a cada segundo.
Tem uma coisa que aprende nesse final de semana, é que a vida é curta demais para você passar o resto dela pensando em como teria sido, se não me quiser, está tudo bem, eu vou seguir em frente, mas pelo menos vou ter tentado.
A viagem de avião foi calma, eu tomei um comprimido para dormir. Eu não estava afim de socializar com uma mulher rica, que parece viver mais dentro de um salão de beleza ou numa sala de cirurgias plásticas.
Estou viajando de primeira classe, por insistência do meu pai. Porém, detesto isso, acho um desperdício de dinheiro, não vale a pena pagar mais que o dobro só para ter toalhas quentes e champanhe a vontade.
Quando a aeromoça liberou o acesso ao telefone, eu mandei uma mensagem para Julia pedindo que ela invadisse a diretoria e pegasse o endereço de Thales na ficha dele.
Eu sei isso é errado, porém ainda tínhamos mais duas semanas de férias. Ele continua sem responder minhas mensagens, ignora minhas ligações, digamos que estou sem muitas opções.
Suspiro aliviada, vendo a mensagem com o endereço dele, a agradeço por ter arriscado o pescoço dela por mim, seria complicado se a diretora a pegasse em flagrante.
No aeroporto do Rio, pego o primeiro táxi que aparece na minha frente e vou direto para o meu apartamento. Só vou deixar as minhas malas e seguir direto para a casa dele.
Assim que abrir a porta, sou esmagada num abraço de urso por Julia, que mal conseguir corresponder pelo susto que tomei.
- Você voltou! Eu sentir tantas saudades. - Disse fungando no meu pescoço.
- Eu só passei dois dias fora e não um ano. - Falo tentando a afastar, pois já estava ficando sufocada.
- É que essa casa ficou muito solitária sem você, me fez muita falta. - Disse se afastando com um semblante triste.
- Eu já voltei, não vai se livrar de mim fácil assim. - Digo brincando, a fazendo sorrir.
- Nem quero. - Disse sorrindo largamente. - Então como foi o casamento? Por que você quis o endereço do Thales? Ele não estava com você?- Falou confusa.
Eu resolvi explicar tudo, a deixando chocada quando terminei.
- Mas esse Bernardo é um doente, nojento e sem noção. - Disse com desprezo. - Ainda bem que Luiza conseguiu se livrar desse embuste.
- Eu também acho. - Falo entristecida, lembrando de tudo o que aconteceu.
- Você quer conversar sobre isso? Tudo o que você passou é muito pesado. Sabe que pode contar comigo para qualquer coisa, falar sobre qualquer assunto, sempre estarei aqui por você.
- Obrigada amiga. - Falo a abraçando que correspondeu, me apertando no abraço. - Mas acho que já chorei tudo o que eu tinha que chorar. Agora só quero seguir em frente e conversar com Thales.
- Thales também...Não deixou você explicar. Ok, vai atrás do seu homem. - Ela disse me dando um sorriso lindo.
Eu apenas assentir, peguei minha bolsa e fui embora.
~~~
Sinto meu coração acelerar, a ansiedade crescendo a cada minuto,que o Uber se aproximava mais da casa dele.
Eu deveria comprar um carro para mim, é que detesto dirigir, acho que não teria paciência com outros motoristas e pedestres. Então prefiro pegar carona com Julia, pegar um táxi ou Uber.
O motorista estacionou em frente ao prédio de Thales, era um bairro de classe baixa, Barcelos, porém era bastante perto de uma favela que é Rocinha, sendo que é a maior favela do país, pensar que sair de Leblon para ir a Rocinha, me fez pensar em sair correndo dali, mas no Rio em qualquer lugar é perigoso, é o preço de morar por aqui.
Desço do carro, pago o motorista que pisou no acelerador, saindo dali como se o lugar tivesse tendo troca de tiros, o que não me surpreenderia se acontecesse.
Agarro com força a alça da minha bolsa, o medo de ser assaltada aumentou, quando passo perto de um grupo de homens, eles estavam fumando, o cheiro daquilo parecia ser tudo menos cigarro, tomando cerveja e ouvindo funk no último volume.
Respiro fundo, quando passei por eles sem nenhum problema, adentrei no prédio que tinha oito andares. A Aparência do lado de fora era um branco encardido e descascando.
Sei que o salário dos professores não é grandes coisas, entretando dar para pagar um lugar bem melhor que esse, porém acho que mora aqui por causa das dívidas do hospital que tinha da sobrinha, mas agora poderia ter condições melhores já que paguei o custo total das despesas.
Antes que eu pudesse apertar o botão do elevador, o porteiro me informou que o mesmo está quebrado, por isso tenho que subir os oito lances de escadas, já que Thales mora no oitavo andar.
Eu estou ofegante, cansada, suada por ser abafado, aquele lugar era todo fechado, não corria nenhuma corrente de ar, acho que morreriam queimados se aquele prédio decadente pegasse fogo, quase choro de alivio quando chego em frente a porta dele.
Respiro fundo, tentando tomar coragem, começo a pensar a respeito se foi uma boa ideia ter vindo aqui, afinal não responder mensagens é um sinal claro de desinteresse ou que não quer nada comigo.
Não, não sair de Leblon, vim parar na Rocinha, subir oito lances de escadas, coloquei Julia numa situação arriscada para conseguir o endereço para desistir agora, não sou covarde a esse ponto, não posso deixar a minha insegurança atrapalhar agora.
Bato na porta, recebendo silêncio de resposta, então tento outra vez, eu já estava quase desistindo, me preparando para ir embora, quando a porta foi aberta.
Eu estou arrependida de ter vindo, sinto meu coração se partir, meus olhos se encheram de lágrimas, eu nunca deveria ter ido atrás dele, pois quem me atendeu foi uma mulher loira só de toalha.
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Namorado de aluguel
Storie d'amoreGabrielle está farta de ser a única solteira da família, especialmente no casamento da irmã. Para escapar do olhar crítico dos parentes, ela decide contratar Thales como seu "namorado de aluguel". No entanto, conforme a festa se aproxima, Gabrielle...