Prática

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Eu queria dizer que não sinto absolutamente nada pelo Bernardo, queria dizer que estava feliz pelo noivado dele com a minha irmã, queria dizer que desejo que se casem e que sejam felizes.

Porém, sinto um gosto amargo na minha boca, sinto meu coração se partir, se quebrar em mil pedaços, quando chego a conclusão que não o superei mesmo afastada todo esse tempo, mesmo ignorando meus sentimentos era inevitável o amor que sinto por ele.

Olho para Thales, que esboçou um sorriso amarelo, segurou minha mão no gesto reconfortante. Foi nesse momento que percebi que era uma pergunta retórica, acho até que a resposta estava estampada na minha cara.

- Como você vai participar desse casamento gostando do noivo? Isso vai ser torturante para você. - Ele disse me olhando com pena.

Sinto as minhas lágrimas escorrerem novamente, eu não quero compaixão de ninguém, muito menos dele, mas estou destruída e está sendo impossível esconder isso.

- Eu não tenho escolhas, é o casamento da minha irmã. - Falo sentindo algo se quebrar dentro de mim.

Começo a chorar de soluçar, fazendo Thales me envolver em seus braços num abraço confortante, onde pude desabar em lágrimas.

~~~

Era quinta-feira, nós vamos viajar para a casa dos meus pais amanhã de manhã. Meus pais fizeram eu prometer que iríamos almoçar com eles para conhecerem melhor meu novo namorado

Devo acrescentar que recusaram a ideia de ficarmos em algum hotel ou pousada, pois fizeram questão de ficarmos hospedados na casa deles o final de semana inteiro.

Isso acabou com as minhas esperanças de ficar longe de Bernardo. Já seria torturante o suficiente vê-lo se casar, quanto mais passarmos mais tempo juntos que o necessário.

O casamento está marcado para domingo à noite, assim todos poderiam estar presentes. Acho que minha irmã quis evitar mesmo aquela famosa desculpa de não pude comparecer por causa de trabalho.

Ouço a campainha tocar, abro a porta, vendo Thales segurando uma caixa de bombons e um pote grande de sorvete.

Foi impossível não sorrir, ele retribuiu me dando um sorriso lindo. Acho que eu teria grandes chances de me apaixonar por ele se não tivesse amando outra pessoa, acho que minha vida seria mais fácil se o nosso namoro de mentira fosse verdadeiro.

- Oi namorada de mentira. - Disse me dando um beijo estalado na bochecha.

- Oi namorado de mentira. - Digo deixando ele entrar no apartamento.

- Trouxe chocolate. Acho que você precisa de um doce. - Falou me entregando a caixa, fazendo meu sorriso aumentar.

- Você não precisava, mas obrigada. - Falo abrindo a caixa sem cerimônia, pego um dos bombons saboreando o gosto de cacau e morango. - Você quer um? - Pergunto vendo Thales me olhar com desejo.

Eu estendo um chocolate na direção dele, esperando sua reação, mas para a minha surpresa ele afastou minha mão rejeitando o doce.

- Eu vou adorar sentir o gosto, mas de outra maneira. - Disse colocando o pote de sorvete na mesa de centro.

Depois se aproximou tanto de mim, que foi impossível meu coração não ficar acelerado, engolir em seco, fiquei paralisada quando percebi que a sua intenção era me beijar.

- O que você está fazendo? - Pergunto tentando dar um passo para trás, porém minhas pernas viraram chumbo, estavam muito pesadas, sendo impossível sequer eu levantar elas, eu não conseguia me mexer.

- Vou beijar minha namorada. - Respondeu como se fosse a coisa mais normal do mundo, como se o que tínhamos fosse mesmo verdadeiro.

Sinto um arrepio, quando ele passou as mãos vagarosamente pelos os meus braços, seguindo uma linha reta para os meus ombros, depois passou pelo meu pescoço e parando seus dedos quentes na minha bochecha.

Pegou uma mecha do meu cabelo, colocando para trás da minha orelha e aproximou seu rosto do meu. Fazendo eu sentir seu hálito quente de menta, na minha boca, onde só faltava um centímetro para nossos lábios se tocarem.

- Eu acho melhor não. - Falo no sussurro, fazendo eu chegar a conclusão que só conseguiu me escutar, pois estava perto demais de mim.

- Você não precisa ficar nervosa é só um beijo. - Disse beijando delicadamente minha testa, depois passou seus lábios pelas minhas bochechas. - Nós vamos ter que nos beijar em algum momento para deixarmos essa história verídica, pelo jeito que você está eu acho melhor começarmos a praticar, assim quando nos beijarmos na frente da sua família vamos ser convincentes.

O fito durante alguns segundos, seus olhos azuis estavam repletos de desejo, parecia que estava realmente querendo me beijar e que não era só para praticarmos.

Porém, era evidente que estava certo sobre ensaiarmos, eu estou toda travada, nervosa, tensa. Eu sequer consigo dar um passo somente pela sua aproximação e também está certo quando disse que teríamos que nos beijar, negar agora eu só vou está prolongando o inevitável.

Sinto seus lábios roçar a minha boca, fazendo minha mente ficar em branco, sinto minha garganta secar, sendo impossível dizer algo, então eu balanço a minha cabeça positivamente dando permissão para continuarmos.

Quando seus lábios encontraram os meus, sinto meu coração acelerar, o resto de resistência que eu ainda mantinha desapareceu, eu passo as minhas mãos pelo o seu pescoço aprofundando nosso beijo, ele colocou as mãos na minha cintura, juntando tanto nossos corpos, fazendo eu ter certeza que estava sentindo meu coração bater acelerado.

Ele pediu passagem com a língua, fazendo eu ceder, isso aprofundou tanto o beijo que a única coisa que eu pensava era em sua língua tocando a minha e explorando cada centímetro da minha boca.

Como ele beija bem, acho que é o melhor beijo da minha vida, nenhum de nós dois queríamos nos separar, mas eu já estava ficando azul de tanta falta de fôlego, então acabei interrompendo o beijo.

Nós dois estávamos ofegantes, os lábios inchados, descabelados, mas não nos importamos com isso, ele encostou nossas testas, ainda mantinha suas mãos na minha cintura, recuperando seu fôlego.

Eu quero mais, beijar ele era como uma droga, era bom, viciante, porém o que mais me intrigava era a sensação de que estar em seus braços era o certo.

- Acho que precisamos praticar mais. - Disse me dando um selinho.

- Sim. - Digo abrindo um sorriso largo, percebendo que tinha gostado tanto quanto eu. - Precisamos ser convincentes para a minha família e a prática leva a perfeição.

Thales sorriu perante a minha resposta e me deu mais um beijo avassalador.




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