Eu dou vários passos para trás, me afastando de Bernardo, que se virou para encarar Thales igualmente aborrecido.
- Eu só estava conversando com minha amiga. - Disse fuzilando Thales com os olhos.
Os dois se aproximaram ficando a cara a cara, pareciam está prestes a brigarem, fazendo eu ficar mais nervosa e culpada por toda aquela situação.
- Já faz anos que ela não é mais sua amiga. - Thales falou no tom frio, sua voz ficando áspera.Isso me deu calafrios. Eu nunca tinha o visto furioso dessa maneira. Vendo que Bernardo se manteve em silêncio, resolveu continuar.
- Vocês estavam perto demais para ser só uma conversa. Fica longe da minha namorada, você está noivo, vai se casar, então fique com a sua mulher e deixe a minha em paz.
- Isso quem tem que decidir é a própria Gabrielle. Você pode ser o namorado. - Disse a última frase com asco. - Mas não é o dono dela, muito menos tem o direito de fazer escolhas no seu lugar, estar em um relacionamento significa respeitar e apoiar as decisões da outra pessoa, mesmo que você não aprove.
- Então, Gabrielle. - Thales falou se virando para mim, agora seus olhos não demonstravam mais raiva, tinham ficado tristes. - Você vai querer ficar perto do noivo da sua irmã? Quem preferiu outra mulher ao invés...- Ele comprimiu os lábios fazendo uma linha reta, se interrompendo de dizer coisas que só iriam piorar tudo. - Você quer ficar próxima desse cara de novo? Já não acha que sofreu o suficiente? Tem um motivo por ter se afastado embora ele não saiba.
- Thales tem razão. - Eu falo sentindo meu coração doer.
Eu já estava sentindo todas aquelas sensações de novo por ficarmos algum tempo juntos, meu corpo reagiu a ele de uma maneira inapropriada por vários motivos.
Ele é noivo da minha irmã, vai se casar depois de amanhã, ele nunca me enxergou como mulher, só como amiga e isso não é, e nunca foi o suficiente para mim. O olhei entristecida, antes de continuar.
- Nós não somos mais amigos há muito tempo, você agora é meu cunhado, vai se casar com a minha irmã, eu acho melhor você ficar longe de mim. - Falo subindo as escadas, ignorando seus chamados, pois a nossa conversa já tinha chegado ao fim.
Eu entro no meu antigo quarto, estava idêntico quando me mudei para a faculdade; Era um quarto grande, tem um banheiro, um closet enorme, uma escrivaninha com vários livros, um computador, um espelho gigantesco que eu tinha colado fotos dos meus amigos, toco o vidro agora limpo, pois a maioria das fotografias eram minhas com Bernardo.Lembro que quando decidi terminar nossa amizade, eu tinha tirado tudo, guardando numa caixa, coloquei em cima do closet, onde deve estar até hoje, as paredes tem cores de rosa e branco.
Olho para a cama, ficando intrigada, já que antes tinha uma cama de solteiro, agora foi substituída por uma de casal, os lençóis eram brancos, com manta azul escuro.
A porta foi aberta por Thales, ele me olhou desapontado, fazendo eu encarar meus próprios pés envergonhada.
- Você estava quase beijando aquela cara. Isso é um absurdo, já que é noivo da sua irmã, você precisa superar ele, antes que as coisas saiam do controle.
- Já faz anos que venho tentando superar isso, mas esses sentimentos não vão embora, pelo contrário, ficam mais fortes a cada dia. - Respondo sentindo meu coração apertar mais.
- Você tem certeza que o ama? Que isso não é ego ferido? Que você passou tanto tempo cobiçando alguém que nunca foi correspondida, que a rejeição não a deixa seguir em frente, pois no fundo você quer provar que consegue ficar com ele.
- Isso é um absurdo. - Falo balançando a cabeça negativamente.
- O ego é algo perigoso. Nunca viu ninguém furioso por levar um fora, depois ficar correndo atrás até conseguir ficar com a pessoa e seguir em frente. Isso não era interesse verdadeiro, era só o ego ferido, um sentimento que faz você querer se mostrar capaz de ficar com qualquer pessoa que quiser.
- Isso vai muito além de ego ferido, Thales. - Falo ficando aborrecida. - Eu sei que paguei você para fingir ser meu namorado, mas isso está indo longe demais, você está se intrometendo em coisas...
- Que não é da minha conta? - Ele completou incrédulo. - Pois isso passou a ser da minha conta desde quando entramos nessa casa. - Disse fazendo o clima ficar mais pesado entre nós.
O olho vendo raiva, como se tivesse com ciúmes de mim. Mas como isso era possível se estávamos fingindo?
- Podemos não ser um casal de verdade, mas todos aqui pensam que somos. Aqui nós somos um casal, aqui você é minha namorada. - Falou dando passos na minha direção.
Por reflexo eu fui recuando, até encostar minhas costas na parede fria, ficando presa com o seu corpo que ficou colado ao meu, ele passou seus braços em volta de mim, pondo as mãos na parede, fazendo eu ficar totalmente encurralada.
- Eu estou com muita vontade. - Falou sussurrando a última parte.
Encaro seus olhos azuis percebendo um misto de sentimentos, entre eles desejo, raiva e algo novo que não soube identificar.
- Vontade? - Pergunto sentindo meu coração acelerado pela nossa aproximação.
- Estou com muita vontade de te beijar agora. - Falou encostando seus lábios nos meus.
O beijo era lento no começo, seus braços que antes estavam na parede, agora seguravam minha cintura juntando nossos corpos, sinto sua língua roçar meus lábios pedindo passagem, eu acabei cedendo fazendo o beijo se intensificar.
Eu involuntariamente enrosco minhas pernas na cintura dele, que foi me guiando a passos lentos para a cama, sem interromper o beijo, ele me carregava como se eu não pesasse nada.
Fecho os olhos, seus lábios foram para o meu pescoço, seus beijos eram molhados, fazendo eu gemer baixinho.
Porém, a realidade me atingiu como se fosse um tapa na cara. Thales iria mesmo transar comigo? Por causa da quantia que eu paguei ou porquê me desejava?Óbvio que ele não é um acompanhante de luxo, ele é um cara normal como qualquer outro, mas eu já me sentia mal por estarmos nos beijando, imagina se acabarmos transando.
Thales me colocou na cama, depois deitou em cima de mim, porém apoiou um dos braços no colchão para evitar colocar todo o seu peso em mim.
Voltou a me beijar mais apaixonadamente, porém eu não conseguia mais relaxar, eu sinto meu corpo tensionar, acho que ele percebeu, já que parou os beijos e me olhou confuso.
- Você não quer? Eu acabei interpretando errado? Me desculpa. - Falou se afastando de mim, parecendo culpado.
- Você quer transar comigo porque quer ou porquê eu te paguei? - Falo sem conseguir discernir minhas palavras a tempo.
- Eu não sou um garoto de programa para ser pago para fazer sexo. - Thales falou ofendido, fazendo eu ficar arrependida assim que aquelas asneiras saiu da minha boca. - Eu só queria...você é linda, eu pensei...- Ele estava bastante ofendido, não estava sabendo sequer fazer uma frase coerente. - Quer saber esquece. - Falou entrando no banheiro, batendo a porta com força.
Eu comecei a chorar, pois percebi que eu tinha o magoado. Estou me sentindo péssima, pois eu tinha estragado tudo.
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Namorado de aluguel
RomansaGabrielle está farta de ser a única solteira da família, especialmente no casamento da irmã. Para escapar do olhar crítico dos parentes, ela decide contratar Thales como seu "namorado de aluguel". No entanto, conforme a festa se aproxima, Gabrielle...