Largo o celular sobre a mesa, ainda tentando processar tudo o que havia acontecido. Eu acabei de inventar um namorado para minha família, pois eu já estava farta de tantas cobranças. Porém, isso complicou tudo, pois não faço a menor ideia de onde irei arrumar um namorado em duas semanas.
Vai ser o pior mico da minha vida comparecer aquele casamento sozinha, sendo que todos esperam que eu esteja acompanhada, pela ligação pude perceber o quanto estavam felizes e comemorando na hipótese de conhecer o pretendente inexistente.
Deixo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto, quando chego a conclusão que será impossível comparecer ao casamento. Talvez eu invente que estou passando mal, de qualquer maneira, eu não queria comparecer ao casamento deles.Não quero reviver meu passado, enfrentar meus próprios sentimentos que estou há anos ignorando, acho que não sou forte o suficiente para lidar com isso. Entretanto, sei que não ir, não será uma opção, minha irmã não aceitará isso, estou sendo intimada a aparecer, não foi um simples convite.
Eu só consigo recordar da presença de Thales, quando sinto seus dedos enxugando minhas lágrimas. Dessa vez, não estava sentado a minha frente, agora permanecia sentado ao meu lado. Olho seu rosto, que demonstrava estar confuso, parecia estar decidindo se deveria perguntar o que tinha acontecido ou só me consolar.
- Eu fui convidada para o casamento da minha irmã. - Falo fungando, o fazendo franzir mais ainda a testa.
- Por que está chorando? Isso não é motivo de celebração? - Disse me encarando como se eu fosse louca, afinal quem chora por causa disso.
- Eu disse que levaria meu namorado.
- Você namora? - Perguntou surpreso, tirando a mão de mim e se afastou o máximo que pôde, fazendo eu rir da reação exagerada dele.
- Não, eu não namoro. - Agora tenho certeza que me acha louca. Thales me encarou com uma expressão engraçada que não sou capaz de decifrar, porém ele relaxou, voltando a tocar meu rosto, tirando os resquícios de lágrimas que ainda restavam. - Eu inventei um namorado de mentira. A minha irmã vai se casar daqui há duas semanas, não tenho ninguém para ir comigo, minha família me critica o tempo todo por eu está sozinha, estão todos ansiosos para conhecer meu namorado falso. Agora você percebe porquê estou assim? Eu consegui complicar minha vida de um jeito que não faço a menor ideia de como vou resolver isso.
- É só não ir ao casamento. - Ele deu de ombros. Como se fosse a coisa mais fácil do mundo, até seria, se não fosse minha família.
- Você não está entendendo, não conhece minha família, pois se conhecesse saberia que não ir ao casamento não é uma opção.
- Isso parece tão bobo. - Falou fazendo eu o fuzilar com os olhos, ele levantou as mãos em forma de rendição. - Desculpa, eu não quis dizer isso, é só que pelo menos você tem uma família te que ama, todos estão bem e saudáveis.
- Isso é verdade. - Digo conseguindo compreender o que Thales queria dizer, que apesar do problema de namorado de mentira, tenho uma família bem e saudável, enquanto a sobrinha dele está prestes a morrer. Céus, isso parece algo tão banal comparado a isso, que me sinto ridícula na frente dele. - Desculpa, meus problemas parecem insignificantes comparados ao seus.
- Mesmo que seja menos pesado que os meus problemas, não deixam de serem importantes, tenho certeza que você vai conseguir resolver isso, ainda tem duas semanas.
- Obrigada. - Falo agradecida, recebendo um sorriso lindo dele.
Só espero que eu consiga resolver isso o quanto antes, preciso encontrar um namorado de mentira, se não, eu não vou conseguir encarar mais minha família, estou nervosa, mas depois da conversa com Thales, estou com esperanças que vou sair dessa.
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Uma semana havia passado, nada de interessante aconteceu, minha vida se resume a trabalho. Thales continua deprimido pelo caso da sobrinha dele que continua estável. Eu continuo sem pretendentes para o cargo de namorado de mentira, é difícil arranjar alguém assim.
Estou sentada no sofá, comendo uma colherada generosa de brigadeiro. Julia está andando de um lado a outro, quase fazendo um buraco no chão. Eu contei meu drama e ela prontamente está tentando me ajudar escolhendo algumas opções.
- Você pode levar meu primo Patrick.
- Seu primo esquisito, com espinhas na cara mesmo velho, óculos de fundos de garrafa, que vive enfurnado no quarto jogando videogames, não obrigada.
- Ele é o único homem solteiro da minha família.
- Por que será? - Pergunto sarcástica, levando outra colher a boca.
Fecho os olhos saboreando o doce. Por que chocolate é tão gostoso? Quem inventou o brigadeiro merece um beijo na boca.
- Você não está em condições de ser exigente, pois seu prazo está acabando.
- Não vou aparecer com seu primo nerd e esquisito para a minha família. - Falo a fazendo cruzar os braços.
Ela parecia irritada pelo o meu comentário, mas depois estalou os dedos indicando que teve outra ideia.
- Um garoto de programa. Você pode alugar algum para um final de semana, pode sair caro, mas você tem bastante dinheiro.
- Correção meu pai tem bastante dinheiro. - Digo a fazendo revirar os olhos. - Não vou alugar garotos de programa.
- Pode ser um acompanhante de luxo? Eles estão mais famiarizado em comparecer à eventos, casamentos, festas, não são somente para sexo, embora o preço que eles cobram você possa se divertir também, mas é só mais uma das opções.
- Até que poderia ser, mas não consigo confiar nessas pessoas, já vi vários casos que fingem transar, dar boa noite cinderela e roubam as pessoas. Também deve ser impossível contar nos dedos quantas pessoas tiveram relações, podem ter contraído alguma doença.
- É só fingir ser namorado, você não precisa fazer sexo com o cara, se acha que pode ter doenças, você pode exigir um teste de DSTs.
- A minha resposta ainda é não. - Digo raspando o potinho que continha o chocolate, deixo o pote em cima da mesa e encaro minha amiga que parecia derrotada. - Não vou me sentir confortável com um desconhecido, não vou parecer natural, não quero trazer qualquer um para a casa da minha família. Se for um louco? O que poderia acontecer com meus pais? A minha avó? Hoje em dia é difícil confiar até na própria sombra. Quero alguém que eu já conheça ou que tenha algum tipo de confiança. - Falo explicando meu ponto de vista, fazendo seu rosto chateado suavizar.
- Então não resta muitas opções. - Disse abrindo um sorriso genuíno, como se tivesse encontrado a solução perfeita. - Você pode chamar o Thales? Vocês são bastante próximos, até diria que estão virando amigos, o cara é lindo, se dar bem com você, provavelmente, tem confiança entre vocês dois, afinal a essa altura você já deve ter percebido que o cara não é nenhum psicopata, ele também terá férias do trabalho e nada o impede de comparecer.
- Não acho que ele vá aceitar, já virou para mim dizendo que o meu problema é bobo, você tem razão quando disse que estamos construindo uma amizade, ele não me enxerga dessa maneira, também não quero perder meu novo amigo. Imagina o quando isso terminar? O quanto vai ser estranho trabalharmos juntos e sem falar da amizade que pode acabar depois disso.
- Mas imagina se vocês dois se apaixonarem? Você vai ter um namorado lindo e gostoso. Ainda poderá esfregar ele na cara da sua família, o homem deve ser bem melhor que o noivo da sua irmã.
- Nem se compara a beleza dele do Bernardo, Thales é mil vezes mais lindo.
- Então? Sobre o relacionamento de amizade, pode se fortalecer, vocês vão viajar juntos, ele vai conhecer sua família, vão passar mais tempo juntos. Vocês são adultos com certeza saberão separar as coisas para não estragar a amizade, você não tem outra opção Gabi, seu tempo já está se esgotando.
- Eu sei, mas como vou convencer Thales a fazer isso?
- Você me contou que ele está com problemas financeiros, você tem uma conta bancária recheada apesar de não usar nada do dinheiro.
- Eu quero sobreviver com meu próprio dinheiro, eu não preciso de luxo. - Explico pela milésima vez, a fazendo revirar os olhos.
- Nunca vou conseguir entender isso, mas tudo bem, o que estou tentando dizer é que você pode fazer a proposta dele ser seu namorando de mentira por um final de semana e em troca você paga a cirurgia da sobrinha dele e todos os gastos do hospital. Assim todos iram se beneficiar, você terá um namorado lindo para apresentar a sua família e vai salvar uma vida.
- Isso é uma ótima ideia. - Digo convencida, a fazendo dar um sorriso vitorioso. - O problema da sobrinha dele vem o afetando muito, será quase um milagre para ele essa proposta.
Porém, a grande pergunta é, será que ele vai aceitar? E como será nossa relação daqui a diante?(Oi, tudo bem? Vocês estão gostando? Deixe votos e comentários. Até um "continua" faz o meu dia ficar melhor. Estou desanimada por causa das visualizações, acho que nunca fiquei flopada desse jeito. A história está ruim?
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Namorado de aluguel
RomanceGabrielle está farta de ser a única solteira da família, especialmente no casamento da irmã. Para escapar do olhar crítico dos parentes, ela decide contratar Thales como seu "namorado de aluguel". No entanto, conforme a festa se aproxima, Gabrielle...