Hospital

447 42 46
                                    

                         Thales

Eu consigo chegar no hospital em tempo recorde. Vejo minha irmã sentada na cadeira de visitas, seus olhos azuis iguais aos meus estão vermelhos, as lágrimas escorriam livremente pelo o rosto dela. Fazendo meu coração apertar, era doloroso ver ela desse jeito, ela está destruída e não posso fazer nada para ajudar.

Quando ela me avista, sai correndo na minha direção. A abraço fortemente, tentando passar algum conforto, ela chorou mais desabando nos meus braços, fazendo eu acompanhar sendo impossível segurar minhas lágrimas, eu queria ser forte para ajudá-la, mas não consigo mais, tudo é horrível, sufocante demais, eu não aguento mais.

- Minha filha está em coma, a vi em vários aparelhos, como eu queria estar no lugar dela, Thales. - Desabafou molhando mais minha camisa com suas lágrimas.

- A Jéssica é forte, ela vai superar tudo isso, nós vamos superar isso. - Falo a abraçando mais apertado ainda, nós ficamos assim por vários segundos.

Porém, eu resolvi me afastar, quando vejo um homem de jaleco se aproximando. A expressão dele não era nada boa, fazendo meu nervosismo aumentar.

- O estado da Jéssica está se agravou, a doença chegou nas terminações nervosas dela, a fazendo ter várias convulsões, por conta disso fomos obrigados a fazer um coma induzido, nós conseguimos a estabilizar, isso é bom, mas não temos outra opção a não ser fazer uma cirurgia de transplante de medulas, isso a fará se curar completamente da doença.

- Então porquê não fez isso logo? - Pergunto o encarando tristemente.

- Porque medulas são extremamente caras, difícil de conseguir e o tratamento custa caro. Geralmente é a última opção que sugerimos, lamento, mas sem isso ela não conseguirá sobreviver. - Falou fazendo minha irmã chorar mais alto de soluçar.

Sinto meu coração se partiu, enquanto minha irmã quase caiu no chão, as pernas dela fraquejaram, porém consigo impedir sua queda, a segurando pela cintura, ela me abraçou novamente mais arrasada que nunca.

- De quanto está falando? - Pergunto sentindo um nó na garganta, sinto um pavor me dominar, estou com medo de não termos condições de pagar.

- Cem mil reais. - Disse me deixando desiludido, era impossível conseguir essa quantia mesmo se pedirmos um empréstimo bancário.

- Não! - Minha irmã exclamou, praticamente desabando, eu não consigo a impedir, já que também estou sem forças, ela sentou no chão do hospital, diante dos meus pés, eu não consigo me mexer, estou chocado demais, triste, dessa vez eu deixei as lágrimas escorrendo mesmo não chorando normalmente, era impossível segurar as lágrimas, a sensação de perda já estava grande, era o fim para nós, nós a perdemos.

- Eu sinto muito. - O médico falou com pena e foi embora.

Eu acabei sentando ao lado dela, pouco me importando com as bactérias do hospital, isso sequer me incomoda, nada mais importa para mim. Abraço minha irmã, ficamos assim no chão, chorando nos braços um do outro.

~~~

Depois de muita insistência, consigo convencer minha irmã a ir para casa, pelo menos tentar dormir um pouco.
Eu deveria comer alguma coisa, mas não sinto fome, sequer conseguiria empurrar alguma coisa mesmo se tentasse, o nó que formou na minha garganta está me fazendo ter dificuldade de sequer engolir a minha própria saliva.

Namorado de aluguelOnde histórias criam vida. Descubra agora