16 Nanami

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Quanto tempo uma pessoa adulta consegue sobreviver sem comida e bebendo o mínimo de água?

4 dias

Mas isso é com 0 de água, não é um caso tão extremo aqui.

"Calcula-se que, em média, o corpo humano consiga sobreviver semanas sem comida, mas a maioria das pessoas só permanece viva de 2 a 4 dias sem água." Gojo leu em voz alta assim que ouviu Kento pensando alto.

Faziam 8 dias desde que S/n voltou para casa, logo após mais de dois meses hospitalizada, esse período não foi nada fácil mas ao menos existiam tubos ligados a ela que a forneciam os nutrientes necessários para se manter viva. Ela nunca esteve tão magra. Os olhos fundos e a pele sem vida, não que alguém fosse exigir boa aparência depois do que sofreu nas últimas semanas.

Os últimos dias estavam sendo passados trancada no quarto que outrora seria de seu filho. Não havia mais filho para ocupar aquele cômodo no entanto. Não viu ou falou com Kento, ela também não queria falar ou vê-lo no hospital mas não havia muito o que fazer quando estava presa a uma cama. O único contato que tinham eram quando ele deixava sua refeição ao pé da porta e os minutos que passavam tentando convencê-la a comer um pouco depois que voltava horas depois e encontrava tudo praticamente intacto.

— Meu bem, senti sua falta hoje também — diz ele contra a madeira que dividia os dois.

S/n sentia falta dele também, mas não conseguia olha-lo, não sem sentir um pedaço dela se quebrar. Não era culpa dele, ela sabia, jamais o culparia por algo assim, afinal, foi o corpo dela que decidiu que expulsar o filho deles antes da hora era uma boa coisa. Toda a dor que sentiu no parto, a sensação de ser rasgada e queimada de dentro pra fora, nada se compara a dor e a vergonha que sentiu ou vê-lo na manhã que acordou.

Nada foi preciso ser dito, assim que seus olhos encontraram os dele.. ela viu. Faltava algo nele, era claro como água que Nanami tinha perdido algo aquele dia, mesmo quando seus olhos vermelhos e inchados brilharam minimamente ao encontrar os dela, ela podia ver o buraco em sua alma. Tudo que ele conseguiu fazer aquele dia foi a segurar enquanto S/n desmoronava, sussurrando lamentações e agradecimentos pela perda que tiveram e por não a ter perdido também. Ela nunca mais queria ver o desamparo nos olhos dele novamente, não aguentaria.

Kento também não estava em sua melhores condições, não estava mais indo a jujutsu high, o diretor sabia de sua situação e por mais insensível que esse mundo fosse ele não o faria trabalhar naquele momento, Nanami sabia que uns olhos azuis celestes tinham envolvimento nisso mas não importava, ele podia ficar em casa.

Ele envelheceu uns cinco anos em quase três meses, pelo menos era isso que a cara de Gojo parecia dizer toda vez que entrava pela porta daquela casa. Ele estava acabado. S/n o odiava, tinha certeza, racionalmente ele sabia que não existiam motivos lógicos para ela o culpar pelo ocorrido, nenhum dos dois tinham culpa do que aconteceu. Seu corpo doía, mal dormia, a preocupação por S/n aumentava a cada dia. Ele sabia que teria que fazer uma intervenção cedo ou tarde, não teria como ela ficar mais dias trancada com seja lá quais seres as emoções dela criaram naquele quarto, ele podia ver o lodo escorrendo por baixo da porta.

— A gente precisa tira-la de lá — diz ele.

— Quais explicações você teria pra gente arrombando aquela porta? — Gojo tem sido a pessoa mais presente em sua vida desde que tudo aconteceu.

— Não muitas — suspira enquanto seus dedos apertam a ponte do nariz comprido — e se trouxermos as crianças? talvez elas a convençam a sair.

S/n sempre pareceu mais apegada ao itadori, por mais que gostasse de Nabora ou achasse megumi encantador, era Yuuji quem retinha a maior parte do afeto da garota.

Imagine, Nanami!Onde histórias criam vida. Descubra agora