Capítulo 10 - Aquele de um momento casual

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Levou algum tempo para que o nó de Emma se desmanchasse e, nesse tempo, as duas mulheres caíram no sono, descansando por horas, depois de quase um dia fodendo praticamente sem intervalo.

Emma acordou primeiro. Ela percebeu que o nó havia se soltado e ficou por um instante apenas observando Regina dormir, admirando os traços perfeitos da ômega.

Depois, se lembrou que elas mal se alimentaram desde a noite anterior, então levantou do carpete e esticou-se um pouco, sentindo o corpo dolorido, embora a sensação gostosa de torpor ainda prevalecesse.

Com um sorriso discreto nos lábios, a jornalista pegou a camisa jogada no chão do quarto, logo encontrando a cueca também. Foi até o banheiro e descartou os preservativos usados na lixeira, junto com o que ainda usava.

Limpou-se um pouco e vestiu as peças recolhidas, para poder ir até a cozinha e procurar alguma comida para as duas.

Mesmo a cobertura sendo grande, não foi difícil para Emma se orientar e achar o que procurava. Ela logo verificou a geladeira e pegou ingredientes para fazer sanduíches. Havia muita variedade de alimentos ali, o que deixou Emma satisfeita, porque a alpha simplesmente apreciava comer bastante.

Como já tinha a prática, ela rapidamente preparou uns sanduíches frios, organizando-os numa bandeja que encontrou dentro de um dos armários. Cortou algumas frutas e jogou dentro de dois potinhos, cobrindo-as com mel.

Depois de encher copos com suco, ela pegou a bandeja e voltou pelo mesmo caminho.

Quando entrou no quarto, franziu o cenho ao não encontrar a ômega deitada no mesmo lugar de antes. Deixou a bandeja numa mesinha perto da sacada e se virou, logo vislumbrando Regina parada na porta do banheiro.

— Pensei que você tivesse ido embora — a ômega comentou, olhando surpresa para a alpha.

Emma ficou meio sem jeito.

— Não... fui apenas preparar algo para comermos — ficou em silêncio um instante enquanto um pensamento inoportuno passava por sua mente — Você quer que eu vá embora? — verbalizou o que pensou, não disfarçando o desapontamento na voz.

Regina sacudiu a cabeça.

— Evidente que não! — retrucou de pronto — Mas quando acordei, vi que você não estava...— parou de falar e suspirou — De qualquer maneira, meu cio vai ficar menos intenso, agora que você me amarrou. Então pensei que tinha partido, porque imaginou que eu não precisaria mais de sua ajuda.

Emma ruborizou, meneando a cabeça compreensivamente.

— Entendo, mas você pensou errado — pontuou — Mesmo que, por alguma razão, eu precisasse sair e você estivesse ainda dormindo, pelo menos deixaria um bilhete me explicando. Do contrário, seria muita grosseria da minha parte, ir embora sem me despedir.

Um sorriso bem-humorado surgiu no rosto da engenheira. Ela não estava pronta para admitir em voz alta, mas ficava cada vez mais atraída por esse jeito muito sério e sensível da jornalista.

— Peço desculpas então por tê-la julgado tão mal, senhora — brincou, aproximando-se de onde Emma estava e passando o olhar na bandeja repleta de comida saborosa que a alpha preparou. — Vejo que você já se familiarizou com a minha cozinha.

— Quando acordei, achei que deveria preparar algo para comermos. Espero que você não se importe por eu ter invadido sua privacidade. — Emma explicou em tom de desculpas.

Regina olhou para a alpha e, sem aviso, levantou a mão para acariciar o rosto lindo dela.

— Você é muito gentil — sorriu com carinho — E estou feliz que tenha ficado comigo. — admitiu sem rodeios.

Mais uma vez, Emma reagiu com surpresa, corando o rosto.

— Também me sinto bem por ter ficado — murmurou timidamente.

— Sente aqui — Regina apontou uma das cadeiras, sentando na outra. — Vamos conversar um pouco enquanto comemos.

Emma assentiu e fez o que a outra pediu.

Ω

Enquanto faziam a refeição, Emma falou um pouco sobre sua vida para Regina, comentando superficialmente sobre as experiências nos lares temporários por onde passou e omitindo, principalmente, os detalhes mais cruéis de sua vivência como criança adotiva. Além de não querer pesar o clima, que estava tão agradável, também queria evitar as reações de pena que sempre se seguiam depois que Emma contava como foi a sua infância e adolescência.

Durante o tempo que falava, a alpha lançava olhares na direção da ômega, percebendo como ela estava concentrada, ouvindo tudo com atenção. Se Regina sentiu pena pela situação do passado de Emma, soube disfarçar muito bem, e isso deixou a alpha mais confortável.

Depois, foi a vez de Regina falar um pouco sobre si mesma. Ela confidenciou a Emma os motivos que a levaram a fingir ser uma alpha desde muito jovem e que, mesmo não se sentindo bem em ocultar seu real status, com o tempo se conformou com a falsa identidade, principalmente no trabalho, pois na Gold-Enterprise - uma das empresas mais renomadas de todo o país e o lugar onde Regina trabalhava -, existia uma política muito restrita (ou melhor, discriminatória) sobre os cargos que ômegas poderiam ocupar.

Como uma das principais executivas da corporação, posto que só conseguiu alcançar justamente porque todos acreditavam que ela era uma alpha, Regina sentia medo só de pensar na possibilidade de todos na empresa descobrirem seu verdadeiro status. Não só ela seria demitida sem nenhum acordo, como sua carreira certamente estaria acabada.

— Sinto muito por ter te enganado e feito você assinar o termo de confidencialidade — a ômega se desculpou — Mas toda minha vida profissional se baseia nesta farsa e eu preciso sustentá-la por muito tempo ainda — sua expressão ficou momentaneamente triste — Talvez pelo resto da minha vida — sorriu sem humor, brincando com a colher dentro do potinho quase vazio de salada.

Emma olhou de um jeito cuidadoso para Regina, buscando disfarçar o sentimento de compaixão que estava nutrindo por essa ômega decididamente tão orgulhosa. A alpha também reprimiu o impulso de se levantar e abraçar aquela mulher poderosa, mas que agora mostrava uma fragilidade tão cativante.

— Fiquei meio brava com a sua mentira, não posso negar — Emma esboçou um sorriso leve — Mas depois percebi que era uma bobagem me sentir assim, porque apesar de toda essa farsa, você ainda preservava a característica principal que fez com que eu me sentisse atraída desde a primeira vez que te vi — Emma calou de repente, percebendo que falara demais.

A expressão de Regina mudou e ela meneou a cabeça, olhando para a alpha com muita atenção.

— Sério? — o sorriso nos lábios de Regina aumentou ao perceber o vermelho colorindo as faces de Emma — Posso saber que característica seria essa?

Emma mordeu o lábio, desviando o olhar para as próprias mãos.

— Bem, — olhou disfarçadamente para a ômega, criando coragem — quando aceitei o termo e vim para o seu apartamento, eu esperava encontrar uma alpha dominadora — gaguejou, empurrando as pontas dos dedos pelo nariz, mas se dando conta que continuava sem os óculos.

— Estava esperando que eu te dominasse na cama, Srta. Swan? — Regina incentivou, curvando-se na direção da mesa e cada vez mais interessada naquela conversa.

Emma engoliu a própria saliva, concordando com um aceno rápido de cabeça.

De repente, Regina ficou séria, mas Emma podia perceber um brilho quente envolvendo as íris escuras de cio da ômega.

A engenheira se ergueu e contornou sensualmente a mesa, invadindo o espaço pessoal da loira. Ela pegou Emma pelo queixo e olhou-a como se fosse uma predadora, ao passo que a alpha a encarava com o olhar admirado, não ocultando seus desejos.

— Eu fui tão má ao mentir para você, Srta. Swan — a engenheira murmurou quase ofegante, deslizando os dedos para abrir o primeiro botão da camisa da jornalista — Talvez eu devesse ser boa agora e recompensar minha doce alpha.... Deixe eu te dar o que, a princípio, você veio procurar aqui.

Inverso [SwanQueen - Universo ABO]Onde histórias criam vida. Descubra agora