Capítulo 15 - Aquele da inauguração da obra do prédio - Pt 2

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Emma ainda estava atônita pela repentina abordagem de uma moça ruiva, de olhos gentis e sorriso franco, que se colocou no campo de visão da alpha.

— Eu te conheço da AlphaVerse e, às vezes, te vejo almoçando naquele diner no outro quarteirão — a moça era bem comunicativa e seguia falando enquanto Emma tentava se concentrar no rosto dela para evitar olhar para o outro lado da sala. — A propósito, parabéns pela indicação ao Lupitzer, tenho certeza que foi merecida. Acho que posso me considerar uma das maiores fãs do seu trabalho. Sempre fico ansiosa, esperando a publicação de um novo artigo seu — a jovem enfatizou num tom admirado.

Emma sentiu suas bochechas corarem e abriu um sorriso mais caloroso. Ela não estava acostumada a receber elogios assim, de pessoas desconhecidas.

— Fico lisonjeada, senhorita... — sentiu-se mal por não saber ainda o nome da moça.

— Rose. Aurora Rose — porém a jovem ômega não pareceu se chatear — Pode me chamar de Aurora, se preferir. Não tem motivos para sermos tão formais, não é?

— Claro — óbvio que Emma percebeu o flerte da ômega e ficou meio sem graça. Outra coisa com a qual não estava acostumada a lidar.

— Você ainda não disse se aceita dançar comigo — Aurora lembrou, mostrando uma carinha ansiosa.

— Oh, sinto muito — Emma ficou envergonhada — Mas não sei se é uma boa ideia... Sou uma péssima dançarina e você corre sérios riscos de ter os pés esmagados por mim. — deixou escapar um sorriso meio brincalhão, meio nervoso.

— Tudo bem, eu adoro dançar e, sem modéstia, faço isso perfeitamente. Não me importaria em lhe dar algumas lições. — Aurora disse num tom sugestivo, dando uma piscadela em seguida para Emma.

A atitude deixou a jornalista boquiaberta.

— Ahh... Ok — ela entreabriu os lábios, murmurando apenas essas palavras e quando deu por si, Aurora já estava segurando a sua mão e levando-a para a pista de dança improvisada perto da banda.

Os músicos tocavam uma balada mais suave e Aurora fez Emma envolver as mãos na cintura dela, passando os braços ao redor dos ombros e mantendo as mãos espalmadas no pescoço da alpha.

— Está vendo? Não é tão assustador dançar... Basta apenas seguir o ritmo — Aurora murmurou, olhando para a loira.

Emma relaxou um pouco e acenou com a cabeça, sem saber o que falar.

— Você é sempre tão calada? — a ômega perguntou, franzindo o cenho.

— Na maioria das vezes — Emma respondeu, imaginando que a moça deveria estar decepcionada por conhecer a jornalista que aparentemente tanto admirava.

Certamente, até esta noite, Aurora tinha uma imagem completamente diferente dela.

"Provavelmente ela pensou que eu seria uma alpha confiante e eloquente, dada a facilidade que tenho para me comunicar nos textos escritos."

— Eu gosto desse seu jeito reservado — Aurora pontuou, surpreendendo a outra — Aumenta o seu charme!

Emma esboçou uma reação divertida diante do jeito nada acanhado da moça. Olhando para frente, ela encontrou Tiana e Killian mostrando sorrisos bobos, de orelha a orelha, enquanto a assistiam dançar com Aurora.

No outro lado da pista, Ruby estava com as mãos enlaçadas nos ombros de um moreno alto, mas também dedicou à Emma a mesma expressão dos outros dois amigos.

A alpha controlou a vontade de revirar os olhos para o comportamento alcoviteiro dos três.

Quando a banda começou a tocar uma nova música, Emma sentiu gotas de suor escorrer por entre os dedos das mãos, que permaneciam apoiadas na cintura de Aurora. Uma repentina onda de calor também a percorreu e ela pensou que talvez fosse melhor interromper a dança e ir se refrescar um pouco no banheiro, porque a sensação já a incomodava.

— Você realmente dança muito bem e eu fiquei lisonjeada com o seu convite...

—Não, vamos pelo menos terminar essa música — Aurora choramingou com olhos de gato de botas — Não falta muito.

Emma assentiu, porque não queria ser mais indelicada com a moça. Aurora parecia ser uma pessoa legal e era uma admiradora do trabalho dela. Não custava nada para a alpha, suportar um minuto a mais o desconforto repentino que a invadiu e terminar essa dança.

Então, no momento que a música pausou, elas se afastaram e Emma agradeceu educadamente pela dança, ouvindo da ômega a seguinte resposta:

— Imagina... Como eu disse, estava te observando de longe há um tempo e fiquei feliz por você ter aceitado meu convite, apesar da minha aproximação tão direta. Não me admiraria se pensasse que sou um tipo de perseguidora. — sorriu mais timidamente.

Emma sacudiu a cabeça.

— Sua abordagem realmente me surpreendeu, mas apenas porque eu não esperava e estava distraída, não acho que seja uma perseguidora — Emma explicou, lembrando da cena que observava antes de Aurora aparecer repentinamente.

Os minutos que passou na companhia da moça serviram para ajudá-la a esquecer por um momento da interação íntima entre Regina e o beta desconhecido.

Mas agora, ao pensar nisso novamente, Emma experimentou mais uma vez um arrepio quente percorrendo seu corpo até se alojar no peito.

Ela se despediu de Aurora e foi na direção do corredor do outro lado do salão, onde, mais cedo, Ruby mencionou que ficavam os banheiros.

Abriu a porta e respirou fundo, relaxando ao perceber que não tinha mais ninguém ali. Andou até a luxuosa bancada de mármore preto e ativou a torneira dourada, molhando as mãos e tentando refrear as emoções alphas que sentia ao pensar insistentemente em Regina com aquele cara.

Quando jogava água no rosto ouviu o som mais alto da música preenchendo brevemente o espaço do banheiro até voltar a ser somente um barulho abafado.

Certamente ela não estava mais sozinha ali e um cheiro requintado não demorou a tomar suas narinas, atraindo-a de maneira sedutora.

A nuca de Emma coçou e ela abriu os olhos, levantando a cabeça um pouco mais para encarar, pelo reflexo do espelho, a mulher que era dona dos seus pensamentos.

— Você parecia estar se entendendo bem com a srta. Rose na pista de dança — a voz da engenheira soou controlada, mas os olhos dela estavam frios, como duas pedras afiadas de gelo.

Emma sentiu o calor subir, quando a emoção forte e alpha que vinha reprimindo parecia prestes a escapar de seu controle, principalmente quando o tom passivo agressivo de Regina não lhe soou nada razoável.

Desligando a torneira, a alpha se virou rapidamente, desejando olhar a ômega de frente. Tinha certeza que havia um fogo, um instinto primitivo brilhando em seus olhos, antes mesmo que retrucasse de mau humor:

— Da mesma forma que você parecia estar bem à vontade na companhia daquele beta — rosnou por entre os dentes cerrados — Quem é ele? — cuspiu num tom irritado — O amante que você não precisa manter escondido porque ele tem o status correto?

Emma quase se arrependeu dessa última frase. Quase. Porque logo uma sombra de sorriso se formou nos lábios carnudos de Regina, provocando na alpha um novo sentimento de inadequação.

"Óbvio que o seu ciúme tão evidente soa ridículo, idiota!", o pensamento intrusivo se infiltrou na mente de Emma.

Por outro lado, Regina mordeu o lábio inferior, experimentando um calor nas entranhas. Ela sempre, sempre detestou o comportamento ciumento, possessivo e territorialista dos alphas. Nada disso jamais a atraiu. Até perceber como Emma ficava ainda mais linda e, por que não dizer, fofa, reagindo dessa maneira irracional e primitiva a sua interação despretensiosa com David.

Havia um fogo crepitando nos olhos, na respiração descompassada e no cheiro irritado e possessivo que Emma lançava feito uma névoa pungente no ar. Tudo isso estava afetando a ômega interior de Regina de uma maneira extraordinária.

Ela observou com indisfarçável prazer o volume aumentando nas calças da jornalista e, sem pensar em mais nada, avançou na direção da alpha e agarrou-a pelo pulso, puxando-a para a cabine mais reservada do banheiro, onde pretendia se colocar de joelhos e usar as próprias mãos para resolver parte dessa tensão entre as duas, antes de reverenciar Emma com a boca e fazê-la gozar bem no fundo de sua garganta.  

Inverso [SwanQueen - Universo ABO]Onde histórias criam vida. Descubra agora