Ele me Ama?

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Zero me afastou de seu abraço e me encarou friamente, parecia querer me dizer alguma coisa, mas tinha medo de qualquer atitude que pudesse tomar ao ver no que eu havia me tornado. Então, deixando escapar mais uma única lágrima, ele sorriu de canto, aproximou-se e encostou seu rosto em meu ombro, lamentando o fato de eu ser, agora, o que ele mais odiava na vida. Ele apertou meu braço, dizendo que se vingaria de Kaname, secou suas lágrimas e subiu as escadas depressa.

Ao entrar no quarto, viu meu irmão verdadeiro à beira da janela, ele nos observava, enquanto estávamos lá fora. Zero, então, puxou sua arma, Bloody Rose, e apontou para ele.

- O que você fez, Kuran?! - disse ele, cheio de fúria.

- Eu não lhe devo explicação alguma! - retrucou Kaname, com indiferença.

A rivalidade entre esses dois já era coisa antiga e era eu quem parava Zero, quando estava prestes a fazer algo contra o senpai. Só eu conseguia acalmá-lo.

Subi ao quarto a tempo de ver Zero ir pra cima de Kaname, que o segurou pelo pescoço, empurrando-o contra a parede. Eles não me viram chegando.

- Eu vou matá-lo! Aqui e agora! Me solte! - disse Zero, tentando respirar.

- Não me faça rir, Kiryuu-kun! Yuuki agora está sob meus cuidados e você não intervirá em nossa relação! EU sou o verdadeiro irmão mais velho, sou EU quem ela amou e sempre amará, é COMIGO que ela passará a eternidade. Você pôde protegê-la enquanto eu deixava, quando eu precisava, mas agora não preciso mais. Eu a protegerei e a levarei comigo! E você?! Terá sorte de eu não matá-lo antes de deixar este lugar.

Zero se contorcia nas mãos de Kaname. Eu não conseguia acreditar no que meus olhos viam. Aquele não era o Kaname-senpai que eu conhecia, eu nunca o havia visto agir daquela forma ou mesmo falar daquela maneira. Ele sempre fora doce e gentil, foi por causa dele que eu consegui viver bem e sem medo durante tanto tempo. O que estaria acontecendo?

- Eu o deixei amá-la e protegê-la, pois era conveniente para mim e cheguei a sentir certa inveja de você, porque era com você que ela ficava o tempo todo e cuidava. Ela inclusive alimentava você e isso me deixava furioso. Mas você não se declarou a ela, não é mesmo? - despertei de meus pensamentos ao ouvir essas palavras de Kaname. Zero me amava?

- ISSO NÃO LHE INTERESSA! - gritou Zero, num disparo ao ombro de Kaname.

- SEU BASTARDO! EU VOU...

- NII-SAN! NÃO!! - interrompi, antes que acontecesse o pior. Kaname estava prestes a matar Zero e eu jamais o perdoaria por tal ato.

Os dois me olharam, então Zero saiu do quarto, jurando voltar e acertar as contas com Kaname. Seu olhar era gélido e muito assustador, mas ele passou por mim, como se eu nem estivesse ali. Me senti mal por um instante. Olhei para o senpai, que curava seu ferimento do ombro, ele parecia calmo, como se nada estivesse acontecido, mas seus olhos eram frios. Aproximei-me dele e perguntei o que havia acontecido entre eles, como se eu não estivesse escutado tudo, mas ele fugiu da resposta, como sempre. Eu odiava quando ele fazia isso, mas era frequente.

Já era tarde da noite e Kaname estava preso em seu quarto. Eu gostaria de saber o que ele estava fazendo lá tanto tempo, mas algo me incomodava mais, então, logo após um banho, saí do dormitório da Lua, rumo ao dormitório do Sol. Meu destino era o quarto de Zero. Eu precisava saber o que era aquela conversa que eu ouvi. Como ele poderia me amar e eu não saber? Por que nunca disse nada? Talvez eu estivesse tão presa aos olhos do senpai, enfeitiçada por ele, que nunca consegui ver o que estava bem a minha frente. E o pior de tudo era que Zero sabia que eu era apaixonada por Kaname-senpai, eu não fazia questão nenhuma de esconder. E se fosse verdade que ele me amava, ele estava sofrendo, me vendo amar outra pessoa.

Eu andava devagar, presa em meus pensamentos. A cada batida do meu coração, eu era torturada. A lembrança dos olhos tristes de Zero vinha a minha mente e eu me sentia um monstro. Ao chegar ao dormitório, subi as escadas com cuidado, não queria que ninguém me visse. Fui ao quarto de Zero e colei meu ouvido na porta, mas a única coisa que eu consegui foi o silêncio total, então abri a porta e entrei. Zero estava no banho. Já dentro do quarto, pude ouvir o chuveiro ligado e ver a fumaça da água quente passar por debaixo da porta. Deitei na cama e fiquei esperando que saísse do banheiro. Fiquei olhando o quarto e vi, em cima da escrivaninha, uma foto de nós dois, que foi tirada pelo diretor, num almoço de ação de graças. Ele estava sério e com uma cara emburrada, talvez porque odiasse tirar fotos, mas eu estava muito feliz e demonstrava isso, adorava passar o dia com eles.

- O que está fazendo aqui? - Zero apareceu, me despertando de minhas lembranças. Ele entrou no quarto e eu nem havia percebido.

Olhei para ele de cima a baixo, corando, ao ver que ele estava só com uma toalha envolto da cintura, cobrindo suas partes baixas.

- Precisamos conversar... - eu disse, baixando os olhos. Estava realmente envergonhada por vê-lo daquele jeito.

- Então diga! Estou cansado, quero me deitar. - ele disse, mantendo o tom de voz.

- Eu... Eu.. Eu ouvi sua conversa com Kaname-senpai - reparei que ele me olhou surpreso, mas desviou o assunto.

- Não sei do que está falando.

- Claro que sabe! - fui direta - É verdade que você me ama?

Zero me olhou fixo, ficou espantado com a minha pergunta, eu pude ver. Então ele andou em minha direção, devagar. Percebi, naquele momento, o quanto ele era lindo, seus cabelos acinzentados estavam molhados e caídos sobre o rosto, ele tinha o corpo definido, belos músculos, piercings que sempre lhe caíram muito bem e olhos claros e profundos, coisa de deixar qualquer mulher louca só de olhá-los. Ele se aproximou, juntou meus braços em uma única mão, pressionando-os na cama, acariciou meu rosto com a outra mão, me olhando nos olhos.

- E se for verdade?

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