Amor

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– Eles já estão de saída, mas deixem-me apresentá-los a vocês. – ela os chamou pra mais perto – Esses são meus filhos: Yoru Kiryuu e Sora Kiryuu. – ela disse Kiryuu? Não acredito! Até onde eu sabia, o único Kiryuu ainda vivo era Zero, então quer dizer que...

Kaname ficou tão boquiaberto quanto eu. Não conseguimos esconder a surpresa do sobrenome dos gêmeos. Olhando melhor, até que eles se pareciam um pouco com Zero, os cabelos bem claros, obviamente uma mistura do loiro da mãe com o prateado do pai.

No momento em que caiu a minha ficha e eu lembrei que Kaien havia me dito que Zero se casara, o ar me faltou e eu pensei que fosse cair. Então Zero havia se casado com Ruka, e não era apenas isso, de bônus com essa notícia, vinha duas outras grandes surpresas: um casal de gêmeos albinos. Percebi que os dois já tinham se recomposto e eu ainda estava estática, então disfarcei e tentei levar a conversa adiante.

– Oh... S-seus filhos? – disse ainda meio desconcertada – São lindos! – sorri.

– Obrigada, Yuuki-sama.

– Então vocês são Kiryuus? – para minha surpresa, Kaname perguntou, se dirigindo às crianças.

– Sim. – o garoto falou.

– Então são filhos de Zero. – Kaname afirmou.

– Conhece meu pai. – não foi uma pergunta e pelo olhar do rapaz, ele examinava Kaname com cautela.

– Seu pai foi criado junto com minha esposa. – disse ele apontando para mim. O garoto desviou o olhar para mim e me olhou de cima a baixo e depois voltou a olhar para Kaname.

– Sim, ele havia dito que tinha uma irmã por aí. – "uma irmã por aí"? Como assim? Eu sou muito mais do que apenas uma irmã, eu fui amiga, eu fui confidente, fui... fui... Argh! Queria que ele estivesse ali para bater nele.

– E vocês também são caçadores? – perguntei curiosa.

– Por que, você é a próxima da nossa lista? – dessa vez foi a garota que falou. Ao ouvir a voz dela, eu estremeci. Sua voz era rouca, mas autoritária, muito diferente da voz do rapaz, que era calma e doce.

– Yoru! – Ruka a repreendeu – Você sabe quem eles são?! Você não aprendeu nada com seu avô? Onde estão seus modos? – vi como ela olhava feio para a filha, que logo se conteve e virou o rosto. – Desculpem minha filha, – disse ela virando-se para nós – ela é um pouco rebelde. Não sei mais o que fazer com ela.

"Igual ao pai.", pensei. – N-Não se preocupe. – falei – Crianças são assim mesmo. – quando eu disse a palavra "Crianças" recebi um olhar mortal da adolescente que a mãe acabara de repreender.

– Podemos voltar para casa agora? – disse a menina ainda evitando olhar para a mãe.

– Certamente. – ela disse delicada, mas logo sua voz ficou severa – E quando eu chegar em casa, teremos uma conversa sobre o comportamento de vocês. E nada de brigas. – ela acrescentou, antes que eles pudessem sumir de vista.

Quando os dois adolescentes desapareceram porta afora, voltamos a conversar por alguns minutos, antes que um senhor viesse tirar Ruka para dançar, questionando o paradeiro de seu marido, que vive para o trabalho. Obviamente todos conheciam Zero e sabiam que ele era casado com ela, mas fico pensando em como reagiram ao saber que Zero é um caçador de vampiros renomado, mesmo sendo um também. E mais: ele era um ex-humano. Imagino que não deveria ter sido fácil para os dois em vista que até os gêmeos eram associados à Associação Hunter, mesmo ainda tão jovens.

Depois do nosso tempo com a vampira, Kaname ficou meio calado, mas não quis questioná-lo. Certamente ele estava absorvendo a informação com mais intensidade. Ruka era uma amiga muito antiga e saber que ela estava casada e tinha dois filhos com seu rival deve ser muito estranho. Também fiquei um pouco desconfortável com a situação. Eu era casada com Kaname há muito tempo, eu o amava, mas meus sentimentos por Zero ainda estavam vivos dentro de mim. E descobrir que ele estava casado com Ruka, uma vampira tão linda e tão amável, não foi nada reconfortante, levando em conta que eu me lembrei daquela noite horrível em que eu fui seqüestrada por Rido e vi os dois juntos pela primeira vez. Será que eles já estavam juntos desde aquela época? Os filhos já são adolescentes, então isso significava que eles já estavam juntos há um bom tempo. Mas quanto? Ao pensar sobre isso, meu coração disparou, eu estava aborrecida, chateada. Isso era... ciúmes?

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