Dor e Sequestro

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– Yuuki! Yuuki! – Kaname entrou no quarto, eufórico. Eu o olhei surpresa – Eu o encontrei!

–Encontrou quem? – perguntei fraca.

– Rido Kuran. Um dos meus homens teve uma pista importante de onde ele possa estar. Irei para lá imediatamente e poderei pegá-lo de surpresa. – ele me olhou com cautela – Mas a cidade onde ele pode estar fica a algumas horas daqui. Importa-se de ficar sozinha por um tempo? Odeio a idéia de deixá-la nesse estado, mas precisamos resolver isso de uma vez, não quero que nada mais aconteça a você.

– Tudo bem, Kaname. – eu pousei a mão em seu ombro – Pode ir. Ficarei bem aqui, não que eu possa ir a algum lugar nessa situação. Se for para ficarmos em paz, prefiro mesmo que vá. Gostaria de ajudar, mas não estou em condições. – eu tossi um pouco ao tentar me levantar e deitei novamente. Estava tão fraca. Kaname, vendo meu estado, segurou meu rosto, carinhosamente. – Não precisa se preocupar comigo, aqui tem pessoas que cuidarão de mim, pode ir em paz.

– Okay. Partirei esta noite, mas por via das dúvidas, vou reforçar a segurança da mansão com meus melhores vampiros de elite e assim que o doutor chegar com os exames, ligue-me imediatamente. Precisamos saber o que você tem e ficaria louco sem notícias.

– Pode deixar. – sorri.


A noite chegou depressa e eu não saí do quarto o dia todo. Algumas empregadas vieram me servir, mas eu não tinha nenhuma fome. Tinha muitas dores abdominais e mal conseguia levantar de fraqueza. Logo Kaname sairia em busca de Rido e eu poderia ver-me livre desse sofrimento. Esperava sinceramente que ele o encontrasse e o fizesse parar de me perseguir, não estava agüentando mais ficar de cama, eu estava até emagrecendo. Mal me reconhecia no espelho.

Então a hora chegou e Kaname entrou no quarto, preocupado.

– Yuuki... – ele caminhou até mim – Estou indo. Tem certeza de que ficará bem aqui sozinha? Mesmo sendo uma chance em um milhão, posso desistir e ficar aqui com você. Podemos procurar por Rido outra hora, mesmo sabendo que será difícil encontrá-lo.

– Tudo bem, Kaname. – eu o tranqüilizei – Pode ir. Eu ficarei bem. Pode até ser que eu já esteja melhor quando voltar e não teremos mais ninguém para nos importunar.

– Já que você está dizendo. – ele sorriu – Farei o possível para encontrá-lo e destruí-lo o quanto antes para que possamos viver bem e não precisarmos nos preocupar com mais nada.

Dito isso, Kaname me deu um beijo suave e saiu do quarto me deixando só. Ainda deitada na cama, observei o luar que se erguia ao longe e senti saudades do ar puro, de sair da cama e poder caminhar sem sentir que eu pudesse cair a qualquer momento. Suspirei longamente e uma lágrima teimosa rolou pela minha face.


Ouvi um barulho no saguão. Parecia uma briga. Tentei me levantar, mas foi em vão. Não sabia o que estava acontecendo e meu coração acelerou. Os barulhos persistiam e parecia que mais pessoas apareciam. A madrugada silenciosa se tornou um mar de gritos e grunhidos. Então num estrondo repente, toda a barulheira cessou. Tentei ouvir qualquer outra coisa, mas nada chegava aos meus ouvidos. Por poucos minutos, me senti perdida e sozinha, então senti uma presença diferente de todas que eu já havia sentido e comecei a ouvir passos. Os passos eram lentos e firmes. Quem quer que fosse que estivesse caminhando pela mansão, era muito confiante. Um arrepio subiu pela minha espinha e senti medo. Tentei novamente me levantar e com muito custo, finalmente consegui. Minha cabeça pareceu rodar e eu me apoiei na cama. Fechei os olhos, respirei fundo e dei um passo, a fim de caminhar até o banheiro e me esconder. Algo que eu achava parecer meio inútil, mas eu não tinha escolha. Dei mais dois passos e o último vacilou, me levando ao chão. Eu não comia a dias, não tinha forças para nada. Eu suava frio e minha barriga doía. Levantei a cabeça a tempo de ver a porta do quarto se abrindo e uma figura desconhecida passando por ela. O olhei de baixo a cima e quando os meus olhos encontraram os dele, eu estremeci. "Esses olhos." eu pensei. Eu conhecia aqueles olhos e tinha todos os motivos para temê-los.

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