Escolhas

Chegando a Hora

Acordei pela manhã, revigorado. Deixei Ruka ainda deitada, fiz minha higiene matinal e desci até a cozinha. Ainda era bem cedo, então, provavelmente não teria ninguém acordo. Exceto Lucy. Assim que entrei na cozinha, fui recebido por ela.

- Oh! Que susto! - obviamente ela não esperava pela minha chegada - Ohayo, Kiryuu-sama. Deseja alguma coisa?

- Não se assuste, Lucy, não sou nenhum fantasma. - respondi pegando uma maçã e dando uma mordida - E não, obrigado. Não desejo nada. - joguei o resto de maçã no lixo e me voltei para Lucy, que lavava a louça distraidamente - Não diga às crianças que voltei ainda, - ela se virou e me olhou - quero fazer uma surpresa.

Ela assentiu e continuou a fazer o que fazia antes. Eu, por outro lado, peguei uma bandeja, umas frutas, suco, pão, geléia de uva e algumas outras coisas mais, juntei tudo e voltei ao quarto. Ruka ainda estava deitada, mas não dormia. Quando me viu entrando, sentou-se.

- Café da manhã na cama? - ela disse sorrindo - Meu marido voltou mesmo!

- E você ainda duvidava? - falei colocando a bandeja com a comida sobre suas pernas, dando um beijo em sua testa em seguida.

- Pensei que pudesse ser um sonho. - ela me olhou com ternura - Estava com tantas saudades.

- Eu também.

Enquanto comíamos, falávamos dos últimos acontecimentos do meu trabalho e da academia. Ela disse que nossos visitantes de puro sangue já haviam chegado e que estavam hospedados na mansão, como Kurosu havia implorado. Não me surpreendi, pois já esperava que eles estivessem por ali, mas era surpresa que Kaname Kuran houvesse aceitado o convite de hospedagem. Ruka também disse o quão eufórico estavam os gêmeos e o quanto estavam com saudades, reclamando da minha demora de voltar para casa. Ao que conversávamos, ouvimos um estrondo vindo do fim do corredor, então o barulho de alguém caindo da escada.

- Começaram cedo. - bufou Ruka cansada - Vá lá, Zero.

- Mas eu queria fazer-lhes uma surpresa.

- Será surpresa suficiente levar bronca do pai. - ela disse apontando a porta - Vá! Eu vou me arrumar e desço em seguida.

Levantei-me e fui ver o que estava acontecendo. Realmente seria surpresa levarem bronca de mim, pois eu, dificilmente, brigava com as crianças, mas quando fazia, eles lamentavam não terem conseguido evitar a bronca. Às vezes, eu conseguia ser tão severo quanto Ruka. Quando cheguei no alto da escada, vi, lá embaixo, duas cabeleiras esbranquiçadas e emaranhadas, seus donos se estapeavam ainda deitados no chão e gritavam um com o outro. Nem perceberam quando apareci.

- Estou interrompendo? - disse firme. Dois pares de olhos assustados se direcionaram a mim.

- P-pa-papai? - Yoru não escondia a surpresa.Imediatamente os dois se puseram de pé e se ajeitaram de qualquer forma, apenas para disfarçar a bagunça que estavam - Que bom que volt...

- O que pensam que estão fazendo?! - perguntei duro, fazendo-os engolir em seco.

- D-desculpe, pai, nós estávamos apenas...

- Apenas brigando? - semicerrei os olhos.

- Não! - Yoru exclamou, abanando as mãos. Ela sabia como eu odiava que os dois brigassem, mesmo sabendo que era normal isso acontecer, principalmente entre irmãos - Imagina, nós estávamos apenas... Nós só... Eu... Quer dizer... Desculpa, papai.

Ficaram em silêncio por uns momentos, mas não consegui prolongar mais repreensão, eu estava com saudades dos meus filhotes. Desci as escadas de braços cruzados e parei em frente à eles.