Um Refúgio e Uma Nova Surpresa

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Acordei com Ruka em meus braços. Ao vê-la dormindo tão serena, não tive coragem de acordá-la, então me levantei devagar, fazendo o máximo para não despertá-la, ela precisava descansar depois de tudo o que passamos. Fui até o banheiro, fiz minha higiene matinal e pedi um café da manhã pelo serviço de quarto, mas não comi nada quando este chegou. Rascunhei um bilhete num bloco de notas que estava sobre a escrivaninha e o deixei lá junto da caneta. Dei uma última olhada em Ruka, que ainda dormia tranquilamente e saí.

Segui pela rua do hotel, até chegar ao aeroporto e lá tentei lembrar-me do caminho que fizemos de carro no dia anterior, desde o edifício onde estivemos trancados. Forcei meus sentidos e pude visualizar todo o trajeto que o carro fizera. Mesmo estando um pouco abalado, lembro-me de olhar pela janela do carro de vez em quando, buscando respostas para perguntas retóricas. Peguei o primeiro táxi que encontrei e guiei o motorista pelas ruas, mas não o levei diretamente ao prédio. Tive o cuidado de ir com o táxi à dois quarteirões anteriores, depois disso segui a pé.

Eu precisava encontrar aquele homem novamente. Quem ele pensava que era para seqüestrar a mim e à Ruka e nos fazer obedecê-lo a todo custo? E mais, ele realmente pensara que faria o que quisesse conosco e se safaria numa boa? Óbvio que não. Eu não podia deixar barato, eu prometi à Ruka que o mataria assim que conseguíssemos sair daquele inferno. Andei cautelosamente pela a alameda que levava ao prédio, tinha certeza de qual era, não podia errar. Cheguei do outro lado da rua e observei o prédio por um tempo. Nada. Não havia ninguém e nenhuma presença. Resolvi entrar. Estava escuro e os corredores pareciam não ter fim. Andei por todos eles e não encontrei nada. Era certo de que eu entrara no prédio correto, pois cheguei à uma sala onde tinha uns ganchos e muito sangue e o cheiro do sangue da Yuuki percorria por todo o cômodo e à frente havia uma parede de vidro, onde eu reconhecera do outro lado a sala onde eu e Ruka transamos. Será que Yuuki havia visto tudo? Eu sabia que aquele cara era um lunático. Estavam assistindo enquanto Ruka e eu encenávamos um momento íntimo. Praguejei em voz baixa e continuei meu caminho. Cheguei até o quarto onde estávamos trancados e em outras salas. Vasculhei o prédio todo, mas foi em vão. Já não havia mais ninguém ali, Rido já havia ido embora e eu perdi a chance de pegá-lo.

Voltei para o hotel caminhando. Fiquei imaginando o que seria da minha vida sem Yuuki, já que agora ela estava casada com Kaname. Ele finalmente conseguiu, tirou-me a mulher que eu amo e passará a eternidade com ela. Mas se ela o escolheu, os sentimentos dela por mim, não eram tão fortes assim.

Quando entrei no quarto, Ruka já havia se levantado e estava no banho. Deitei em uma das camas e fiquei fitando o teto por um tempo. Ao ouvir a porta do banheiro se abrindo, olhei instintivamente e corei imediatamente ao ver que Ruka estava apenas enrolada na toalha. Ela mostrava um semblante preocupado.

– Zero? – ela começou – Onde esteve? Achei que havia me largado aqui e ido embora.

– R-Ruka!! – disse envergonhado, virando o rosto – Desculpe-me, fui atrás de Rido, mas quando cheguei ao prédio, ele já não estava mais lá.

– Por que foi atrás dele?

– Queria matá-lo!

– Simples assim? – ela disse num tom irônico – Você acha que é só chegar lá que ele estaria te esperando de braços abertos e um X no peito, dizendo "atire aqui"?

– Mais ou menos isso. – eu sorri.

– Já disse que se for por mim, não precisa ir atrás dele. O importante é que estamos bem. – incrível como ela parecia bem melhor hoje.

– Tudo bem, vamos deixar assim por enquanto, mas isso ainda não acabou. Vou encontrá-lo e acabar com ele. Agora... – olhei para ela, apontando-lhe o próprio corpo – vou lá embaixo fazer o check-out, enquanto você se veste. – ela corou assim que percebeu que ainda estava de toalha e tentou cobrir os braços com as mãos, em vão.

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