Família Kuran

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Quando os olhos de Amai cruzaram com os meus e os de Kaname, não tínhamos como esconder a surpresa em ver aquela cor. Obviamente ela não era filha de Kaname, mas de Zero. Ao pensar nele, por um momento, meu coração acelerou e eu senti uma dor forte. O que ele faria se soubesse que tinha uma filha? Fiquei calada, reprimindo uma desculpa que eu pudesse dar a Kaname, já que eu estava casada com ele e o bebê que pensávamos ser nosso, era apenas meu. Olhei para ele, assustada, pensando que ele pudesse, talvez, brigar comigo ou algo do tipo, mas ele estava com um olhar vago e um rosto sem expressão. Ao contrário do que eu pensava, ele pegou Amai nos braços e sorriu. Eu, definitivamente, não entendi nada.

– MINHA filha! – falou apenas, dando ênfase na palavra 'minha'.

– Mas Kaname... – antes que eu pudesse terminar a frase, ele levantou a mão em protesto, fechando os olhos.

– Essa criança será criada por mim, por nós, como uma legítima Kuran. EU serei o pai dela, irei educá-la ao lado da mulher que amo e seremos uma família mais do que feliz.

Eu sorri, assentindo, mas sei que ele estava muito decepcionado e triste, pois Amai não era uma sangue-puro. Não era filha dele.


Kaname estava cumprindo com o que havia dito, estava criando Amai, como se fosse sua herdeira. Ela era tudo pra ele, além de mim, é claro. Quando ela completou dois anos de idade, nós voltamos a morar em Londres, mas não ficamos muito tempo por lá, pois Kaname queria viajar pelo mundo e mostrar para nós, todas as maravilhas que ele continha. Minha pequena era muito apegada ao 'pai' e não largava dele para nada. Tentei, outras vezes, conversar com ele sobre o assunto da paternidade, mas ele sempre se desvencilhava.

Ele não queria que o nome de Zero fosse mencionado, nem que eu falasse qualquer coisa sobre ele não ser pai de Amai, já que pai é quem cria. Num dia qualquer, eu tentei abordá-lo sobre o assunto novamente, mas ele não quis levá-lo adiante, dizendo que nada sobre isso seria comentado, que Amai era nossa filha e que assim seria. Fiquei um pouco incomodada com o jeito que ele falou, mas não deixei transparecer e como ele sugeriu, esqueci a conversa e nunca mais falei sobre isso. Eu sei que ele queria que o assunto morresse, porque machucava saber que não era pai.


Aos quatro anos, Amai já era uma verdadeira dama. Portava-se como uma princesa e tinha uma educação de deixar muitas pessoas admiradas. Mesmo com a pouca idade, ela já lia e tinha conhecimentos que crianças normais, da idade dela nem mesmo imaginavam ter. Ela adorava livros e vivia conversando conosco sobre coisas novas que ela aprendia lendo. Eu e Kaname éramos os pais mais orgulhosos do mundo, pois nossa filha era perfeita para nós. Era tudo o que queríamos.

Como vivíamos viajando, Amai resolveu adotar um padrão de visitas e em todo lugar que íamos, tínhamos que comprar um livro e visitar pelo menos um museu. Ela também passou a colecionar selos postais dos lugares que visitávamos. Ficávamos admirados com as atitudes maduras que ela tomava em relação às coisas. E, como eu já havia dito antes, ela não desgrudava do pai. Kaname fazia de tudo por ela e ele era o mundo dela. Eu achava linda a relação dos dois e podia ficar horas babando nos dois, enquanto brincavam.


Quando Amai completou cinco anos, estávamos em Paris. Resolvemos comemorar em casa mesmo, apenas nós, com um jantar, nada extravagante. Kaname se atrasou um pouco para o jantar e façamos preocupadas, já que ele era sempre muito pontual. Tentei ligar para ele, mas não consegui. Por fim, ficamos esperando, até que ele apareceu com uma caixa lilás e fita vermelha. Amai pulou do sofá e saiu correndo em direção ao pai, berrando que ele lhe trouxera um presente. Não era nada de surpreendente ele aparecer com um presente, pois ele vivia presenteando a pequena, ainda mais em seu aniversário. Logo notamos que a caixa continha uns furos laterais e Amai, curiosa, se apressou em perguntar ao pai o que tinha na caixa, mas ele pediu que ela descobrisse sozinha, colocando a caixa no chão.

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