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Eu e Rindou viemos para o mercado fazer a compra do mês. Toda vez que envolve mercado somos nós dois que vamos, se deixarmos isso na mão de um dos outros meninos eu sei que eles gastariam com tudo que não fosse necessário.

Rindou estacionou o carro mas não desceu, ele me encarou de uma maneira questionadora. Quando ele me lança um olhar assim é porque tem algo o incomodando.

— O que? — Pergunto.

— Você tá legal?

— Sim, por que não estaria?

— Não sei, você está bem quieta nesses últimos dias.

— Coisa da sua cabeça — Tento abrir a porta para sair mas ele a trava — É sério isso?

— Vai, me fala o que está acontecendo.

— Não tem nada acontecendo — A impaciência já está começando a tomar conta.

— Sim, tem.

— Não Rindou, não tem porcaria nenhuma — Digo irritada — Agora, dá para abrir a merda dessa porta que a gente tem mais o que fazer do que ficar aqui discutindo se tem ou não algo acontecendo comigo? — No meio das falas o meu tom de voz aumenta ligeiramente.

— Não — Respiro fundo tentando me conter. Essa semana foi puxada e eu só passei estresse e tenho que aguentar isso agora?

— Ótimo! Então vamos ficar aqui um olhando para a cara do outro.

Viro meu rosto para a frente vendo carros saindo e entrando do estacionamento. Quando Rindou invoca com essas coisas é quase impossível fazê-lo esquecer o assunto.

— Eu sei que tem algo errado — O garoto diz sem ter desviado seu olhar de mim por um segundo — Desde dois dias atrás, quarta você chegou mais cedo do trabalho, o que é estranho já que você estava cobrindo a mina lá — Rindou estreita os olhos. Eu mantenho minha atenção na movimentação do estacionamento — Ai quinta e hoje você não foi trabalhar, não explicou nada, nem deu desculpas, simplesmente... parou de ir ao trabalho — Ele me analisa uma última vez antes de dizer seu palpite — Você foi demitida.

— Uau. Meus parabéns Sherlock! Que tal descansar essa sua cabeça genial agora? Deve ter te esgotado pensar tanto... — O olho de cara amarrada — Já que não é o seu forte — Falo desdenhosa mas ele não se abala.

— Você não foi demitida. Pediu demissão — Eu paraliso — Mas por qual motivo? Você gostava do emprego e ganhava bem, o que quero saber é porque pediu sua demissão.

— Não te interessa, Haitani.

— Ah mas interessa sim — E mais uma vez esse infeliz estreita seus olhos para mim. Que irritante — Seu uniforme, eu não vi ele desde quarta, você chegou, e ao invés de colocá-lo no cesto de roupas você o lavou mesmo fora do dia; e assim que foi limpo ele não foi estendido e te vi jogar algo no lixo antes de levar para a rua e o dia do lixeiro tinha sido na terça...

— Para — Pedi já com meus olhos desviados dos seus, nervosa.

— Não faz o menor sentido ter feito isso se não tivesse acontecido alguma coisa.

— Para.

— E depois disso eu subi para meu quarto e te escutei chorar.

— Rindou, para.

— Você tomou sete banhos naquela noite, um em seguida do outro.

— Para...

— Quando Sanzu tentou encostar no seu ombro você desviou.

Doors | Ran HaitaniOnde histórias criam vida. Descubra agora