2̶0̶ Volta ao passado

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Ouvindo como o Soobin falava, foi como se um choque de realidade tivesse vindo a si, e ele percebeu, aquele garoto nunca mudaria.

O Soobin sempre acreditou que o Yeonjun precisava de mudança, mas, vendo o quanto já tinha se machucado e arriscado tudo pelo mais alto, o Yeonjun percebeu que era o próprio Soobin quem precisava disso.

Ele percebeu que aquele garoto sempre acabaria o machucando, mas não conseguia fazer nada pra impedir isso, o amava tanto que doía, doía mais que tudo.

— Tá bem, desculpa — desviou o olhar — Eu... Eu vou conseguir as coisas do divórcio rapidinho, eu prometo.

— Espero que sim.

O Yeonjun não sabia como a discussão tinha se revertido completamente, era ele quem tinha ido cobrar o Soobin sobre algo que o chateou, e acabou com ele pedindo desculpas, e se sentindo culpado sem nem saber pelo que.

Por algum motivo, seu coração doía, seus olhos estavam pesados de lágrimas, era como se o Soobin tivesse duas personalidades, e a que o machucava sempre voltava do nada.

De qualquer forma, o amava demais pra fazer algo.

O Yeonjun ficou tão assustado com a ideia de perder o Soobin de novo, que conseguiu fazer o Félix assinar os papéis do divórcio no mesmo dia, e então, foi a casa do Soobin.

E viu ele e o Hueningkai se beijando, de novo.

— Não é possível — sussurrou pra si mesmo, sentindo seus olhos marejarem.

Ele ficou parado ali, na frente da porta que estava aberta, sem conseguir se mover, até o Soobin notar sua presença.

— Yeonjun...

Pela primeira vez, o Yeonjun não conseguiu fingir ser forte, só desabou ali, na frente dos dois, aquilo era demais pra ele, seu coração estava em pedaços, mais uma vez, por causa do Soobin.

Ele chorava tão desesperadamente, que nem o próprio Soobin sabia o que fazer, muito menos o Hueningkai.

— Por que você faz isso comigo? — chorava — Por que você sempre me machuca tanto, Soobin? Por que mente pra mim?

— Calma, por favor — o mais alto tentava amenizar a situação.

— Eu nunca tinha dado uma chance pro amor, nunca tinha dado meu coração pra ninguém, e quando eu dei ele pra você, não era pra você quebrar — chorava sem parar.

Ele tremia, seu coração palpitava muito, estava tendo uma crise, precisava ir pra longe, precisava de silêncio.

Então, ele saiu dali o mais rápido que conseguiu, sendo seguido pelo Soobin.

— Yeonjun, por favor, para com isso.

— Soobin, agora sou eu que quero que você vá embora — a voz falhava — Por favor, me deixa em paz, eu só preciso de paz.

— Não diz isso — segurava o choro.

— Não foi por isso que eu me apaixonei, não foi — tremia sem parar — O Soobin que eu gostava não faria isso comigo.

— Foi só um beijo, não precisa disso tudo.

— Para de tratar meus sentimentos como se fossem pouca coisa, eu... — fechou os olhos tentando retomar o controle da sua respiração — Eu fiz tudo por você, Soobin.

Ele só disse isso, antes de sair andando rapidamente, e o Soobin perder ele de vista.

Talvez, fosse a hora do Yeonjun começar a enxergar que, talvez, não amasse o Soobin, e sim, o psiquiatra atencioso que conheceu.

Ali estava o Yeonjun, sentado sozinho, no mesmo trilho de trem de quando ele e o Soobin terminaram, aquele lugar ainda era reconfortante.

Por conta do Yeonjun ser alguém perigoso, todos acreditavam que ele era capaz de machucar o Soobin, que o mais alto acabaria saindo machucado disso.

Quem imaginaria que seria o psiquiatra atencioso seria que deixaria seu coração em pedaços?

Soobin dizia que o Yeonbin era ruim, mas, talvez ele fosse pior que o outro Choi, afinal, o machucava da pior forma possível: psicologicamente.

O Yeonjun não era mau, só tinha sérios problemas psicológicos, muitos traumas, e só queria um pouco de amor, era tudo que ele precisava.

Agora, ele se sentia profundamente arrependido por tudo, e perdido na vida, não sabia mais que rumo seguir, tudo estava se resumindo a uma profunda crise existencial.

Ele amava o Soobin a cada batida do seu coração, a cada respiração, e aquele amor era a forma mais dolorosa de assassinato que ele já tinha conhecido, estava matando lentamente a si mesmo, por não conseguir o esquecer.

— Maldito dia que eu te conheci, Soobin.

Em casa, Soobin tinha uma certeza: ele mesmo era o problema.

Tinha desejado tanto ter o Yeonjun de volta, e quando teve, jogou tudo pro ar, o machucou novamente, mais uma vez, não soube cuidar dele.

Foi naquele momento que o Soobin parou pra pensar que, sempre quis que o Yeonjun fosse feliz, mas o garoto nunca seria feliz com ele, aquilo era óbvio, simplesmente não funcionavam.

Se sentia um lixo lembrando da forma que o Yeonjun chorava, como seu coração estava em pedaços, em pedaços tão pequenos, que ele não seria mais capaz de concertar.

Daquela vez, mesmo sentindo saudade, ele não iria atrás do Yeonjun, queria deixar ele livre, pra encontrar alguém que realmente soubesse o amar.

Era disso que ele precisava, e era isso que o Soobin queria pra ele, já que sempre acabava o machucando.

Amor não era o suficiente pra dar certo, e o Yeonjun era quem mais sofria com isso, refém do seu primeiro e único amor, que não o deixava em paz.

— Eu sou um idiota.

Já fazia mais de uma hora que o Yeonjun estava ali, sozinho, pensando no que faria agora, tentando amenizar sozinho o caos que se encontrava.

Sempre foi sozinho, não precisava de ninguém, e sabia disso.

Mas, depois que conheceu o carinho, ficou tão difícil viver sozinho e sem amor, mal conseguia se convencer que podia viver sozinho, e isso era triste.

Até que, do nada, ele percebeu alguém sentando ao seu lado, como o Félix no dia do término, como se a história estivesse se repetindo.

Mas, se assustou ao ver quem era.

Cabelo até a altura do ombro, mechas brancas, uma cicatriz no pescoço, e um olhar indiferente.

Era o Beomgyu.

"Eu espero que você sinta o que senti
Quando você despedaçou a minha alma
Porque você foi cruel, e eu sou um bobo
Então, por favor, me deixe ir
Mas eu te amo tanto"

Criminal [Yeonbin +18]Onde histórias criam vida. Descubra agora