Os dois irmãos correram para fora da loja, mas não conseguiram ver a mulher misteriosa que tinha comprado os saltos. Apenas havia demasiadas pessoas no shopping, e estavam bastantes entre o caminho dos irmãos e da mulher, pelo que seria impossível encontrá-la ali. Nem sequer sabiam como é que a mulher era! Ao pensar nisto, Filipe voltou para dentro da loja e dirigiu-se para a menina da caixa:
- A senhora que comprou os saltos... Descreva-ma.
- Bem, ela tinha 35 anos. O seu cabelo era ondulado, preto (mas mesmo preto) como carvão e comprido. Dava-lhe mais ou menos por aqui. - disse ela, indicando a barriga.
- Matava para ter esse cabelo. - disse a menina da caixa ao lado. Os dois irmãos olharam para ela como quem diz "Perdeste um grande momento para estares calada". - Ok, já me calei. - respondeu a segunda menina ao nosso olhar.
- Continuando... Tinha 1,85 metros (por aí). Tinha também uma boca, um nariz e uns olhos pequenos.
- Não tinha nenhuma particularidade? Tatuagens, cicatrizes, qualquer coisa que limite a nossa busca? - perguntou Paula.
- Bem, ela tinha uma cicatriz muito pequena na mão, mas suponho que isso quase não se repare. Sem ser a cicatriz lembro-me de três coisas: ela tinha uma tatuagem na parte de trás do pescoço...
- Com que desenho? - perguntou o polícia.
- Um dragão se calhar. Não sei muito bem. - disse a menina, tentando-se lembrar.
- Ok. Qual era a segunda coisa?
- Ela era, provavelmente, Sagitário. - referiu ela. - Tinha um pin com o símbolo do sagitário pregado na blusa cor-de-rosa. Lembro-me porque comentei com ela esse facto. Também sou sagitário.
- E a terceira?
- Bem, eu acho que ela tinha uma doença qualquer porque os seus olhos tinham cores diferentes.
- Heterocromia... Ok. Obrigado foi-nos muito útil. - agradeceu Filipe.
- Posso perguntar-vos qual é o interesse?
- Infelizmente, não lhe posso responder. Desculpe lá. Assuntos da polícia. - respondeu o irmão, saindo da loja. - Para onde é que achas que ela foi?
- Não sei muito bem. Este shopping tem imensas lojas das quais uma mulher normal iria gostar...
- Ter heterocromia não é bem ser normal... - sussurrou o irmão.
- Pois, mas também não faz que ela não seja uma típica mulher em termos de personalidade.
- Ok, já me calei. Mas a sério, onde é que achas que ela está?
- Sei lá... Eu já disse que existem imensas lojas, e não estava a fazer publicidade ao shopping. - afirmou Paula.
- Deixa-me reformular... Se fosses tu que tivesses comprado os sapatos, onde é que irias a seguir?
- Bem, há duas possibilidades... A primeira era ir ao carro para pousar os sapatos, para ninguém os roubar. A segunda era ir à casa de banho para calçar os sapatos.
- Ok, vamos fazer assim: eu vou pedir ao segurança para me deixar ver as câmaras de segurança. Assim, conseguimos apanhar a senhora que comprou os sapatos e identificá-la. - combinou Filipe. - Mal isso aconteça, eu vejo que carro é que ela conduz e tu vais ao parque de estacionamento tentar encontrar o carro. Entretanto, eu estarei ainda com o segurança para ver se consigo ver onde ela está naquele momento e vou tentar intercetá-la. Pode ser?
- Sim, claro. Só há um problema: a bomba explode daqui a 5 minutos, de acordo com o temporizador. E no meio de tanta gente, a probabilidade de a encontrar deve ser de 1 em 60.
- Eu não quero saber de estatísticas. Temos que tentar na mesma. Lembras-te daquele caso da menina de 2 anos raptada? As hipóteses estavam sempre contra nós, mas conseguimos salvá-la. Temos ao menos que tentar. Ok?
- Sim. Eu vou já para o estacionamento. - disse Paula, começando a correr. Os dois irmãos começaram a correr em direções opostas. Passados 13 segundos, já o telemóvel de Filipe tocava devido a uma chamada da sua irmã.
- Acabei de chegar agora. Vou pedir agora ao segurança que me deixe ver. - Ficou tudo num silêncio durante trinta segundos, até que Paula perguntou:
- Então?
- 'Tou a ver agora. A descrição corresponde. O segurança vai passar agora o software de identificação. - Voltou tudo ao mesmo silêncio incomodativo, até que Paulo começou a falar outra vez. - Leonor Freitas. Conduz um Volvo cinzento com a matrícula 26 - LA - 97.
- Ok. Espera um bocado. - pediu a irmã, começando a procurar. - Olha, estão demasiados carros aqui. Não vamos conseguir encontrá... Espera. Já encontrei. E tu, sabes onde ela está? - Do outro lado da linha ouviu-se um bip bip, que indicava que a mulher tinha sido encontrada.
- Ela está a ir em direção à casa de banho das mulheres do rés do chão.
- Já estou a ir. - disse a irmã, começando a correr outra vez.
- Também eu.
Os dois chegaram à beira da mulher e Paula disse:
- Desculpa, vamos precisar desses sapatos.
- Porquê? - perguntou a mulher.
- Não há tempo para explicar. Esses sapatos estão a pô-la em perigo de vida.
- Eu acredito mesmo nisso. - disse a mulher, dirigindo-se a Paula. - Da próxima vez, se os quiser comprar, vá à loja an... - O discurso da mulher foi interrompido por uma explosão súbita.
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Sapatos de Salto Mortal (#Wattys2015)
Mystery / ThrillerUma explosão com origem num sapato de salto alto matou várias pessoas num shopping. Conseguirão a dona da loja e o seu irmão resolver o caso, onde assaltos, raptos, e outro homicídio estão envolvidos?