- Quem é a Lucinda? - inquiriu Paula.
- Eu estive a pesquisar para não vir para aqui com mãos a abanar... Lucinda é a filha de Guilherme, e (de acordo com a mulher) ela foi raptada há alguns dias. Ninguém pediu resgate à mulher, mas acho que eles tentaram falar com o pai, e não com a mãe.
- E já conseguiu determinar quem a raptou? - questionou Filipe.
- Ainda não, mas pela manhã de amanhã devo ter os resultados, mas só se ficar aqui a noite toda...
- Jesus, não tem vida pessoal? - perguntou Paula, sarcasticamente.
- Tenho, mas ela anda a extinguir-se em termos de planos...
- Ok, então até amanhã. - despediram-se os dois irmãos.
Paula e Filipe saíram pela porta da frente da esquadra, e começaram a fazer planos para o dia seguinte:
- Amanhã eu vou à tua casa buscar-te e seguimos para o casino. Vamos interrogar o dono, para ver se ele nos pode dizer alguma coisa do roubo, para determinarmos a causa das ameaças e para, provavelmente, prendê-lo por chantagem. A seguir vamos à casa da mulher da vítima ver se ela sabe de alguém que possa ter raptado a sua filha.
- Ok. - concordou Paula.
Com este "Ok", a conversa dos dois irmãos tinha acabado, pelo menos por aquele dia. Os dois foram para as suas casas.
Paula, como não tinha filhos para cuidar (ela tinha pedido para a sua mãe cuidar dos netos), sentou-se à frente da televisão, a ver o telejornal. A investigação já estava em todos os canais que apresentavam notícias e, em todos eles, aparecia também Filipe e Paula. Ao ver isto, Paula desligou a televisão e foi dormir, sem ter comido nada.
Por outro lado, o seu irmão ainda teve um bom bocado acordado. Este fazia sempre quadros com as investigações, e estava a atualizar as informações, para ver se não lhe estava a faltar nada. Aparentemente, não estava. Depois de Filipe estar parado a olhar para o quadro cheio de imagens e relatórios durante meia hora, tirou do frigorífico espinafres e rebentos de bambu. Fez uma omelete com ovos, os espinnafres e os rebentos de bambu, que pôs dentro de um pão. Comeu tudo num estante, lavou os dentes e foi dormir.
De manhã, os dois irmãos fizeram exatamente o mesmo. Acordaram, foram à casa de banho, tomaram o pequeno-almoço e lavaram os dentes. Filipe pegou no carro e foi até à casa de Paula. Os dois irmãos seguiram para o casino. A viagem foi calma. Nenhum deles falou porque estavam os dois cheios de sono. "Acordaram" finalmente no casino, onde, antes deste abrir, conseguiram interrogar o dono do casino.
- José Zagalo? - perguntou Filipe, mostrando o distintivo. José acenou a cabeça e Filipe voltou a falar: - Polícia de São Cosme, precisamos de falar consigo acerca de um roubo que, provavelmente, levou a um rapto e, posteriormente, um homicídio.
- Perguntem lá à vontade...
- Primeiro de tudo, é verdade que o assalto foi planeado no seu casino? - perguntou Filipe.
- Infelizmente, sim. Eu bem tentei afastá-lo do meu casino, mas nenhum dos meus seguranças foi eficaz.
- Segundo, é verdade que fez chantagem?
- Sim. Provavelmente já ouviram a história, mas não sabem a minha versão. Eu, com a expressão "algo de muito mau vai acontecer", queria tentar evitar o assalto. - respondeu José. - Não ia magoar ninguém, e no "magoar" está incluido matar.
- É engraçado. É exatamente isso que os culpados dizem... - comentou Paula.
- Sabem o que é que é mesmo engraçado? - José mudou logo de cara. - O engraçado é que eu não digo mais nada sem o meu advogado.
- As únicas pessoas que chamam o advogado são as culpadas. José Zagalo, está preso por chantagem e por obstrução à lei. Tenho o direito de ficar em silêncio. Tudo o que disser pode, e vai ser utilizado contra si no tribunal. Se não tiver dinheiro para pagar a um advogado, ser-lhe-á atribuido um pelo tribunal.
Filipe pôs as algemas em José e foi para a esquadra. Pôs-lo na cela ao lado dos ladrões e já ia sair para interrogar a mulher da vítima, quando o técnico foi chamá-lo.
- O que foi desta vez? - perguntou Paula.
- Eu estive a ver os locais que Lucinda Sinde costumava estar e estive a analisar as câmaras de vigilância. Consegui ver o rapto e tenho o nome da pessoa que raptou Lucinda: Deolinda Machado.
- A senhora que não me deixou entrar na casa de banho?
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Sapatos de Salto Mortal (#Wattys2015)
Mystery / ThrillerUma explosão com origem num sapato de salto alto matou várias pessoas num shopping. Conseguirão a dona da loja e o seu irmão resolver o caso, onde assaltos, raptos, e outro homicídio estão envolvidos?