13 - Pedra no vidro

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- Espera, o meu médico?

- É ele, não é? - perguntou Filipe, mostrando uma imagem a Paula.

- Sim. - respondeu Paula.

- Eu vou ver se encontro qualquer coisa que prove que o médico, que se chama Bruno Estrela, é destro ou ambidestro. - disse o técnico.

- Ok, obrigado. - despediu-se Filipe, desligando o telemóvel. - Que nome estranho...

- Cala-te! - exclamou Paula na brincadeira. - Todos os nomes são estranhos, apenas depende da perspetiva.

- Pois, claro... Olha, já sabes que...

- Não posso deixar Carlos saber o quanto nós já sabemos. Já disseste isso, Filipe. E eu não sou tão burra como pareço.

- Ei, não foi por causa disso que eu te dei aquelas indicações. Foi só porque tu me disseste que já não sabias nem te lembravas de nada de investigações criminais. Eu estava a ajudar-te.

- Ok. - disse a irmã, com cara de desafio.

Os dois irmãos continuaram a viagem. Demoraram apenas mais 3 minutos para chegar à rua, onde se encontrava a casa de Carlos e Guilherme. Encostaram a 6 metros de distância, passaram o portão e bateram à porta, esperando que Carlos abrisse a porta.

- Carlos Batista? Detetive Filipe, do Departamento da Polícia de São Cosme. Falamos no outro dia. Tenho mais umas perguntas para lhe perguntar! - exclamou Filipe, já sacando da arma para o caso de algo acontecer. Logo a seguir, perguntou, noutro tom, a Paula se achava que Carlos estava a tentar fugir, ao que obteve a seguinte resposta:

- Não sei. Não dá para ouvir nada com a televisão.

- Passa-me aí a pedra da chave. - pediu Filipe. Paula bem procurou pela chave em todas as pedras, mas não a encontrou.

- Não está aqui nenhuma chave...

- Carlos deve-a ter tirado depois de ver que nós entramos utilizando essa chave. Mas não há problema. Passa-me a pedra na mesma. - Assim que Filipe pegou na pedra, atirou-a contra o vidro da janela.

- Estás maluco?

- Não sei.

- Tu sabes o que estás a fazer? - perguntou Paula, ao ver o seu irmão a tentar entrar a janela.

- Bem, sabemos sempre o que estamos a fazer. A pergunta é se o que estamos a fazer é adequado à situação... - disse Filipe, partindo os vidros para que, quando entrasse, não se cortasse em nenhum dos vidros. - Não vais entrar?

- Ok, mas isto fica por tua responsabilidade. - disse a irmã, voltando-se para Filipe, que já estava dentro da casa.

Quando os dois irmãos entraram, ficaram surpreendidos. A casa estava muito mais arrumada. Afinal, parece que todos os problemas de Guilherme eram provocados por Carlos, e, com este morto, tudo se resolveria. Isto era um grande motivo para matar, mas nem Filipe nem Paula acreditavam que Carlos tinha matado Guilherme, visto que este tinha dado um local para viver a Carlos.

Dentro da casa não parecia haver ninguém, e também não havia sinais de alguém ter fugido de repente. Até dava para dizer que a casa estava abandonada há pouco tempo, se não fosse a televisão ligada. Até parecia que alguém tinha deixado a televisão ligada para deixar as pessoas a pensar que alguém estava em casa.

- Bem, não está ninguém. É melhor deixar um bilhete e algum dinheiro para Carlos perdoar o facto de eu ter partido a janela. - Filipe pegou numa nota de 100 € (Filipe tinha algum dinheiro devido a uma herança [o testamento do melhor amigo {que tinha cancro} dizia que ele ganhava todo o dinheiro]) e e um bilhete a pedir desculpa.

Os dois irmãos saíram desta vez pela porta de frente (havia uma chave dentro de casa que utilizaram para sair), atiraram a chave suplente pela janela e voltaram para o carro. Iam seguir para o centro comercial mas primeiro parariam no hospital. Demoraram apenas 17 minutos desta vez. Assim que chegaram ao hospital, perguntaram à senhora da receção onde estava o médico, ao que obteram a seguinte resposta:

- Eu não sei... Ele saiu há pouco tempo. Suponho que tenha sido para almoçar. Mas o que se passa?

- Nada, eu tinha umas perguntas para lhe perguntar acerca da minha doença. - disse Filipe, inventando uma desculpa.

- Nós temos outros médicos aqui, para o caso de ser muito urgente.

- Não é preciso, obrigado. Ele acompanhava o estado da minha doença pessoalmente. - disse Filipe, virando-se de costas. Os dois irmãos entraram no elevador e começaram a comentar o facto de os dois elementos da equipa de assalto estarem ausentes dos seus "habitats" naturais. Paula começou o diálogo:

- Não pode ser coincidência que os dois homens da equipa de assalto estejam fora dos locais onde costumam estar.

- Concordo. Devem estar a planear o assalto. Não te preocupes. Nós vamos apan... - O telemóvel de Filipe começou a tocar e, surpresa das surpresas, era o técnico forense:

- Es...

- Não há tempo para cumprimentos, detetive! - exclamou o técnico. - Eu analisei os planos em microscópio e tinha um -3 em cima do 8.

- Como assim?

- O assalto não é às 18:30, mas sim às 15:30.

- Mas 15:30 é agora.

- Eu sei. O assalto está a decorrer agora.

Sapatos de Salto Mortal (#Wattys2015)Onde histórias criam vida. Descubra agora