16 -A dupla face do roubo

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- Como é que ele soube do assalto?

- Eles davam um pouco nas vistas. - respondeu Hugo.

- Como assim?

- Bem, eles falavam muito alto e sempre que passava lá alguém, eles levantavam-se, como se não quisessem que as pessoas vissem o que eles estavam a fazer. Aí, o diretor do casino, começou a ficar alarmado e foi ver, discretamente, o que é que eles estavam a fazer, já que não estavam a jogar ou a beber. Quando viu os planos do assalto, ficou preocupado e...

- Como é que sabe disto tudo? É o biógrafo dele? - indagou Filipe.

- Dava para perceber só ao ver... De qualquer maneira, ele começou a ficar alarmado e mandou os seguranças arruinarem o plano. Um deles "deixou cair" café em cima dos planos, outros tentavam ouvir os planos para tentarem contrariar as ações no shopping, enfim...

- Uma macacada total...

- Sim. - disse Hugo, rindo-se. - Mas isso não resultou e, então, acho que José Zagalo (é o nome do senhor) decidiu tomar medidas extremas. Ameaçou matar um deles por dinheiro. Mas eu, por acaso, acho que ele só disse aquilo para eles pararem com as ideias do assalto. Porém, se isto não resultou....

- Ok. Eu vou retirar todas as acusações. Muito obrigado. - disse Filipe, saindo da sala de interrogatório, ao mesmo tempo que Paula libertava Deolina Machado (a senhora que impediu a entrada de Paula no compartimento da casa de banho.

Os dois irmãos já iam entrar noutra sala para interrogar outras pessoas quando, de repente, o mesmo técnico forense os interrompeu:

- Oi. Primeiro de tudo, eu estive a ver as balas e o cartucho e não tive sorte. Nem impressões digitais nem ADN.

- Se calhar o assassino estava com luvas quando meteu a bala, e essas luvas podem ter sido utilizadas para outra coisa qualquer. Tente ver substâncias que passaram da luva para o cartucho ou para as balas.

- Ok. Outra coisa, eu estive a investigar o shopping, para tentar perceber quanto dinheiro é que ia ser roubado, e vi que as contas do shopping estão todas erradas. Eles estão, provavelmente, a desviar dinheiro.

- Hm. - pensou Filipe. - Se calhar os dois ladrões saibam algo. Obrigado. - O técnico forense afastou-se e deixou os dois irmãos à conversa, começando Paula:

- Como é que queres fazer agora?

- Eu vou interrogar os ladrões, tu tratas do segurança e depois, mais tardes, questionamos o diretor do shopping. Depois, vamos todos para casa e, de manhã, interrogamos um novo suspeito que sabia do assalto e pode ter tentado matar Guilherme: José Zagalo.

- Que raio de nome que... Já sei, depende da perspetiva.

- Vai apenas interrogar o segurança. - mandou Filipe, dirigindo-se às celas.

Agora, meus queridos leitores, nós vamos apresentar primeiro o interrogatório dos ladrões e depois o do segurança, apesar dos dois terem ocorrido ao memso tempo.

- Então, ladrões, eu tenho que, primeiro de tudo, vos perguntar qual era o segurança que iam matar...

- Bem, mais vale dizermos agora do que em tribunal. Nós íamos matar o segurança do cofre, mas depois decidimos que era mais fácil suborná-lo. - respondeu Bruno.

- Ok. Em segundo lugar, é verdade que foram ameaçados pelo diretor do casino?

- Que casino? - perguntaram os dois ladrões.

- O casino onde planearam o assalto...

- Ah. Sim, mas eu não acredito que ele tenha feito alguma coisa. - respondeu Carlos. - Ele é demasiado dócil, e não deve ter feito nada.

- Terceiro e provavelmente último ponto (sim, este interrogatório vai ser pequeno), porque é que decidiram assaltar aquele shopping? Há outros edifícios nestes locais com menos segurança e mais dinheiro... - perguntou Filipe.

- Nós, ao início, até nem íamos assaltar nada. Mas decidimos fazer uma pequena vingança.

- Como assim? - perguntou Filipe, ao que Carlos respondeu:

- Bem, aquele shopping tem aquelas barracas para doar dinheiro para a luta contra o cancro. Tudo muito bonito, tirando que é uma fraude. O dinheiro vai para o dono que fica rico, enquanto que, pelo mundo inteiro, há pessoas a morrerem.

- Então decidiram ser os justiceiros...

- Uns chamam-lhe crime, outros salvação. O crime pode ser visto de duas maneiras. - disse Bruno.

- Pois... É só uma pena que seja difícil ser justiceiro na prisão. - Com esta frase, Filipe começou a sair das celas, acabando o interrogatório.

Agora, como já tinha dito, temos o interrogatório do segurança do shopping:

- Então, Sr. Segurança, sabe uma coisa fantástica que eu vi com os meus próprios olhos? Eu vi um assalto ao shopping! - exclamou Paula.

- Nesse caso não era suposto você ser a interrogada e eu o interrogador?

- Não necessariamente, visto que não é esse o motivo da conversa. O motivo desta conversa é o assassinato de Guilherme Sinde... - referiu Paula.

- E o que é que eu tenho a ver com isso? - perguntou o segurança, imitando o tom de voz de Paula.

- Bem, eles iam assaltar o shopping, como eu já referi e, em relação a isso, há um problema. O plano eles conseguiria funcionar com apenas duas pessoas, mas nem toda a gente sabia. Assim, a nossa teoria é que alguém o matou para tentar, sem sucesso, impedir o assalto.

- Continuo a não perceber o papel que eu tenho aqui... - repetiu o segurança.

- Bem, eu diria que o assassino poderia ser você. Esse é, possivelmente, o seu papel: assassino.

- Quando é que o homicídio aconteceu?

- 15:30. - respondeu Paula.

- Não o poderia ter matado. Estava em casa com a minha família, ainda a almoçar. Se quiser pode verificar.

- Acredite, eu vou verificar.

- Posso ir embora?

- Por agora, sim. - respondeu Paula.

Paula saiu da sala e foi falar com o seu irmão, que estava a sair do seu interrogatório (agora já está tudo no sítio [sem interrogatórios a ocorrem ao mesmo tempo e a serem relatados em tempos diferentes]). Filipe começou a referir as suas descobertas:

- O motivo do assalto foi uma fraude que consistia no desvio de dinheiro. Eu ainda não consegui verificar nada, mas talvez o diretor do shopping possa dar-nos respostas. - Os dois irmãos entraram na sala de interrogatório, e começaram a bombardear o senhor com perguntas. Paula foi a primeira:

- Então, Sr. Ricardo Xisto, um pequenino passarinho contou-me que o seu shopping estava a fazer fraude, desviando dinheiro. É ve...

- Não vamos andar com rodeios, senhores. Somos todos pessoas muito ocupadas. Sim, eu estava a fazer fraude. Se me quiserem prender, podem-me prender à vontade.

- Uau, quem me dera que toda a gente fosse assim: verdadeiros como o senhor. - admitiu Filipe, mudando de tom logo de seguida. - Então, o que aconteceu? Guilherme descobrir a fraude e o senhor matou-o?

- Senhores, eu sou um homem de negócios! Se o matasse, o shopping ia abaixo e todos os outros negócios também, visto que ninguém conseguiria mantê-los em linha como eu faço.

- Se não o matou, onde estava? - perguntou Paula.

- Estive com o meu mecânico a tarde toda... O meu carro avariou e eu fui levá-lo à oficina para este ficar arranjado. - respondeu Ricardo.

- Muito obrigado. - disseram Filipe e Paula ao mesmo tempo. Todos saíram pela porta e Paula e Filipe já iam sair, quando, de repente, o técnico forense foi outra vez interrompê-los:

- Desculpem lá estar a impedir-vos de ir para casa, mas eu tenho novidades bombásticas! Estive a ver a carteira da vítima e encontrei um papel que dizia "Venha, dia 17/06/2015, ao armazém abandonado na esquina da Rua João Roby e a Rua Central de Vales. Se trouxer alguém para além de si próprio ou alarmar a Polícia, a Lucina morre."

Sapatos de Salto Mortal (#Wattys2015)Onde histórias criam vida. Descubra agora