9 - A casa certa

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- Achas que foi por causa do roubo que ele foi morto? - perguntou Paula.

- Bem, não dá para perceber muito bem... - respondeu Filipe. - A razão da sua morte tanto pode ser o roubo como a informação que ele me ia dar, e ainda não progredimos na investigação de modo a percebermos qual dos motivos resultou no seu falecimento. Por aquilo que sabemos, até pode ser outro motivo! Não dá para perceber nada nesta investigação. Até agora todos os nossos suspeitos podiam-na ter matado.

- O que é que achas que estas letras significam?

- Não sei, deve ser um código qualquer. Depois pomos o técnico a investigar.

- Pois... Então o que é que fazemos agora? - inquiriu Paula.

- Não sei. O que é que tu queres fazer?

- Eu já não sou polícia, Filipe, e tu sabes isso muito bem. Quem deve e vai liderar esta investigação és tu, e não eu. - afirmou Paula. - Pode ter passado pouco tempo, mas olha que eu já me esqueci bastante de como é que se investiga um crime, ou mesmo a ordem dos passos numa investigação.

- Tens razão, mas não sei o que iremos fazer a seguir. Podemos esperar pelos resultados das investigações às vidas de Luísa Sinde... - Este era o nome da menina da caixa. - ...e do seu irmão, mas se calhar era melhor vermos se encontramos aqui qualquer coisa.

- Pode ser. - respondeu a irmã.

Os dois irmãos procuraram pela bagunça que reinava a casa toda outras pistas, que pudessem levar a investigação para um outro rumo. A casa estava muito desarrumada, mas mesmo assim conseguiu-se descobrir algumas coisas. A carteira e o telemóvel estavam em cima da mesa de vidro da sala de estar que, como Filipe pensava, quando não havia jantares, ficava com bastantes objetos em cima dela. Filipe ia levar o telemóvel e a carteira para a esquadra para a analisar quando, de repente, outro homem entrou na casa, perguntando a Filipe:

- O que é que está a fazer aqui?

- Correção... O que é que nós estamos a fazer aqui? - disse Paula, aparecendo de repente, a pensar que Filipe é que lhe estava a perguntar o que estavam os dois a fazer ali, pensando Paula que Filipe estava impaciente por não encontrar nada. - Quem é você? - inquiriu Paula, quando percebeu que havia a presença de uma terceira pessoa na cena.

- Só respondo a essa pergunta quando perceber quem vocês são...

- Detetive Filipe Costa do Departamento da Polícia de São Cosme. - disse Filipe.

- Eu sou Paula Costa... Apenas São Cosme.

- E o que estão aqui a fazer? - perguntou o homem.

- Bem, achávamos que esta casa pertencia a Guilherme Sinde. Parece que nos enganamos.

- Não, não se enganaram. - disse o homem, mudando de tom. - Estão na casa certa. Esta é a casa dele, mas também é a minha. Eu sou o companheiro de casa dele. Carlos Batista.

- Ah. Ok... Então pode explicar porque é que parece que passou aqui um tornado... - sussurrou Paula, sarcasticamente.

- Bem, nós quando utilizamos as coisas não costumamos pô-las no sítio outra vez.

- Você tem uma boa audição... - disse Paula.

- Até a pode ter, mas tem que vir connosco para a esquadra para perguntarmos mais umas coisas.

- Ok. - disse o homem.

Todos saíram pela porta da frente. Entraram no carro e, mais uma vez, a viagem foi silenciosa. Nenhuma preocupação, até que chegaram à esquadra, com os olhares dos colegas de Filipe a provocarem arrepios em Paula. Até parecia que ia morrer. Porém, Filipe conseguiu colocá-los numa sala antes de algo de grave acontecer e só saiu para entregar as provas a um técnico forense, para estas serem analisadas. Depois voltou a entrar, dizendo:

- Então, Carlos, sabes do teu amigo Guilherme?

- É por causa disso que estou aqui? Por causa dele, provavelmente, se ter metido em algum sarilho? - perguntou Carlos.

- Bem, provavelmente sim, para ter morrido. - respondeu Paula.

- Ele está morto?

- Sim. - respondeu Filipe, pensando que Carlos estava a mentir. - E nós queríamos saber se conhece alguém que o seu amigo Guilherme tenha irritado.

- Bem, toda a gente o odiava por alguma razão ou por todas. Amor, inveja, dinheiro, entre outras... Por exemplo, eu não gostava dele porque ele ia-me expulsar daquela casa.

- A sério? - perguntou Paula. - Isso parece-me motivo para homicídio.

- Por muito que não gostasse dele, não o matei, apesar dele merecer. E a razão para qual o não matei é muito simples. Provavelmente vão-me prender por causa disto, mas nós os dois íamos assaltar o shopping de São Cosme.

Sapatos de Salto Mortal (#Wattys2015)Onde histórias criam vida. Descubra agora