20 - O verdadeiro assassino

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- Isto quer dizer que ele é o assassino?

- Bem, não necessariamente... Há muitas maneiras de o produto ter ido lá parar que não envolvem Hugo Lima ser, na verdade, o assassino... As balas e a arma podem ter sido roubadas, pode haver outro suspeito com envolvimento a cofres... Enfim, milhões delas.

- Mas... - incitou Filipe.

- A mais provável é que o vosso assassino seja mesmo Hugo Lima.

- Isso é mais que suficiente para mim! Vamos prendê-lo. - disse Filipe, dirigindo-se para Paula. - Mas cuidado! Ele vai apresentar 1001 desculpas, por isso temos que manter o nosso bluff.

- Ok.

Os dois irmãos entraram no carro e foram em direção ao shopping, onde esperavam encontrar Hugo. A viagem foi silenciosa, e o único barulho que se ouvia era o rádio, onde passavam as músicas daquele tempo. Chegaram em 10 minutos e, foram diretos ao cofre, para falarem com o Sr. Lima.

- Precisam de mais informações? - perguntou Hugo.

- Por acaso... sim. - disse Filipe, devagar.

- Digam.

- Precisamos de saber se matou Guilherme Sinde...

- O quê? - perguntou Hugo. - Isso é ridículo. Qual seria o meu motivo?

- Pare de fingir. Sabemos que ameaçou matar Guilherme para receber o dinheiro do roubo e, quando ele não resistiu à chantagem, você matou-o. - inventou Paula.

- Isso não é verdade. Não foi por causa di... - disse Hugo, arrependendo-se logo.

- Então sempre o matou...

- Mais vale dizer agora do que em tribunal. Sim, eu matei-o.

- Porquê?

- Porque ele meteu-me ao barulho quando eu queria estar no silêncio.

- Ah. - riu-se Paula. - Desculpem.

- Isso foi uma metáfora. Como estava a dizer, ele meteu-me ao barulho. Primeiro, eu aceitei. Como já disse, precisava do dinheiro. E aceitou-o. Mas comecei a ficar com peso na consciência, e queria desistir. Falei com a equipa do assalto e nenhum deles me deixou sair de lá. Diziam que tinha que ficar até ao fim. Ameacei contar à polícia, mas eles disseram que diziam que ideia tinha sido toda minha... A chantagear o chantagista com chantagem.

- Ah. - riu-se Paula outra vez. Filipe virou-se para ela e disse:

- Aprende a controlar-te.

- Eu então tracei um plano. Pensei que conseguia impedir o assalto se matasse um deles e, quanto mais cedo fosse, melhor. Assim, eles não diriam nada sobre mim à Polícia e o assalto seria evitado, supostamente. Mas não. Eu até ia matar o médico, - confessou Hugo. - mas vocês interrogaram-me no momento em que ia fazer tudo...

- Isto tudo para evitar um assalto? - inquiriu Paula. - Porque é que não ia à Polícia? Alguém haveria de acreditar em si.

- Acham mesmo? Uma história maluca como esta?

- Eu sei que eu acreditaria. Mas isso não interessa. Hugo Lima, está preso por suborno, obstrução à justiça e pelo homicídio de Guilherme Sinde.

Depois da condenação de Hugo Lima, o caso tinha acabado. Passou apenas um dia para Paula sentir falta das investigações, e voltar à esquadra para falar com o seu irmão:

- Olá, Filipe.

- Paula! - cumprimentou Filipe, abraçando-a. - Não estava à tua espera! O que estás a fazer aqui?

- Vim-te perguntar se não tinhas mais nenhuma investigação na qual eu te poderia ajudar.

- É engraçado que perguntes isso, visto que está aqui alguém para falar contigo acerca desse tema... O Presidente da Câmara. - anunciou Filipe, olhando para trás de Paula. Paula virou-se e observou o Presidente da Câmara, que também olhava para Paula.

- O que é que ele está aqui a fazer? - sussurrou Paula.

- Prefiria que me tivesse perguntado isso na cara... - disse o Presidente. - Eu vim aqui propor-lhe um negócio...

- Eu não estou interessada. - disse Paula.

- Oh. Pensava que queria restaurar a sua carreira de detetive, mas acho que me enganei.

- Espere, o quê?

- Sim. Eu estou a oferecer-lhe uma carreira como detetive, e, para melhorar tudo, o seu parceiro será o seu irmão.

- Obrigada. Aceito. - Paula avançou na direção do Presidente da Câmara e deu-he um abraço, sussurrando mesmo na sua orelha: - A próxima vez que me despedir por fazer o meu trabalho da maneira correta, vai haver sangue espalhado pelo chão.

- Desculpem interromper, mas temos um novo caso, Paula.

E assim tudo voltou à normalidade. Eu sei que alguns de vocês se perguntam se isto é mesmo verdade... Eu sei que é, porque eu sou o Presidente da Câmara e monitorizei toda a investigação dos irmãos. E, a verdade, é que eu tomei a decisão certa... Os dois irmãos tiveram a maior taxa de casos resolvidos.

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