Possua-me

Capítulo 11

Narração de Dominick

Segunda feira, 9 de março

Minha primeira noite sozinha no apartamento novo foi mais difícil do que eu pensei. Desde que acordei no hospital e fui para o apartamento de Jason, eu não dormi sozinha e de alguma forma, acabei me acostumando rapidamente com o calor do corpo dele. Deitei e rolei naquela grande cama vazia e só dormi depois de me convencer de que teria que acordar cedo para o meu primeiro dia de trabalho no HomeSteele.

O despertador me acorda às seis e cinquenta em ponto e meu corpo se arrasta para fora da cama ainda sonolento e vou para o banheiro, onde tomo um longo banho quente com direito à condensação de box. Quando saio, vestindo apenas um roupão de seda vermelha e roupa íntima, percebo que algo está diferente. Há um cheiro inebriante pairando no ar, um cheiro que sinto em todas as manhãs, mas não deveria sentir aqui.

Café.

Pego meu celular e disco o número de Jason enquanto caminho silenciosamente pelo corredor até a porta da cozinha. Meu coração está disparado e todos os meus instintos dizem para que eu corra para o mais longe que posso, mas minha teimosia é mais forte. Espio pela fresta entre a porta e o batente e o que vejo é um cara alto, de costas para a porta, mexendo em algo no balcão. O terno é preto assim como a calça, mas os cabelos o denunciam. É Jason, posso sentir sua presença marcante e que deixa todos os meus nervos à flor da pele.

Abro mais a porta e passo por ela na mesma hora em que se vira. Ele me observa por alguns segundos, seus olhos arregalados voltam ao normal aos poucos, então o canto direito dos seus lábios se curva um pouco para cima, de encontro a maçã do rosto num sorriso de culpa.

– Bom dia – ele murmura, deixando uma faca na pia do balcão central.

– Bom dia – cumprimento, franzindo a testa. – O que faz aqui a essa hora?

– Vim fazer o café pra você – Jason encolhe ligeiramente os ombros.

– Bem... Você me assustou – digo, dirigindo-me até ele.

– Desculpe – ele abraça a minha cintura. – Só queria fazer uma surpresa pra você.

– Tudo bem – dou um sorriso fraco, pousando minhas mãos em seu peito.

– Dormiu bem? – ele pergunta.

– Quase nada – murmuro –, estava muito ansiosa e... acho que me acostumei a dormir com você. Senti a sua falta.

– Vai voltar agora? – Jason arqueia uma sobrancelha.

– Não – sorrio –, ainda posso sobreviver.

Jason retribui o sorriso, seus olhos me fitando com um brilho que não consigo decifrar, mas já o vi antes. Seus lábios então tocam os meus e sinto o gosto de café neles, além do incrível e delicioso exclusivamente meu de Jason Steele.

– Café – murmuro, juntando nossas testas e sorrindo, com os lábios a alguns milímetros dos lábios dele. Posso sentir sua respiração.

– É – ele sorri.

– Café com Jason – corrijo –, é bom.

– Você é quem diz – ele murmura com um sorrisinho. Seus olhos estão me fitando, hora olhando os meus olhos, hora olhando para o meu rosto, principalmente meus lábios. Pra mim era impossível que alguém pudesse ter olhos de um tom tão profundo quase sobrenatural de azul, mas ele tem e seus olhos me atraem, levando-me a ter pensamentos de garota romântica ou sonhadora. Casamento. Casa própria. Filhos... uma família. Uau, quem diria? Casar e ter filhos com o todo poderoso Jason Steele é tirar a sorte grande, como ganhar na loteria, mas não uma loteria qualquer, e sim uma loteria bilionária que vem com um marido super lindo e maravilhoso de brinde. Lindo, inteligente, idiota, rico... É muito pra mim.