Capítulo 17

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Narração de Dominick

Domingo, 22 de março.

Acordo de manhã, sentindo-me determinada a sair do apartamento que Jason me deu. Saí do hospital na tarde do dia anterior, mas sinto como se nada tivesse acontecido.

Eu me sento na cama e passo as mãos pelos cabelos enquanto dou um breve bocejo. Olho para o meu lado e me assusto ao ver que Adam já está acordado. Mal ouvi a respiração dele quando acordei que até pensei que ele não estava mais na cama. Noto que ele mal pisca e me observa com os olhos inexpressivos, mais com muita atenção.

- Bom dia? - arqueio uma sobrancelha. Ele está presente de corpo, mas seus pensamentos parecem estar fora da Via Láctea.

- Bom dia - ele murmura, me olhando da mesma forma.

- Você está bem? - pergunto. - Está tão quieto...

- Pensativo - Adam suspira. - Você não dormiu essa noite.

- Como assim? - interesso-me. Como ele pode saber?

- Você não roncou nesta noite - Adam em fim se move de verdade, pegando minha mão -, como na noite passada. Pensando na sua mãe, acertei?

Suspiro. Acho que ele sabe mais sobre mim do que eu imaginei. E o pior é que ele está certo. O fato de que minha mãe me ofereceu como garantia a agiotas ainda me deixa abalada, mas a entendo. Ela devia estar desesperada e... como era louca, dá pra dar um desconto, mas ainda não posso acreditar. Fora o fato de eu ter sido abusada quando tinha sete anos... Queria tanto que Jason estivesse apenas mentindo mais uma vez, mas seu semblante estava sério de mais.

- É - respiro fundo e me deito novamente, olhando para o teto. - Nem cheguei a saber se ela ainda está viva e... falando sério? Nem quero saber.

- Eu te entendo - ele aperta a minha mão -, mas... tenta entender o lado dela. Poxa... ela é sua mãe, sabe que ela nunca faria nada que te prejudicasse e se ela te usou como garantia, é porque ela tinha certeza que ia pagar a dívida como fez, mas as coisas apenas fugiram do controle dela. Ela não queria que isso acontecesse contigo.

- Espero que sim - digo.

- Tenho uma ideia pra dar uma ocupada na sua cabeça - diz Adam.

- O quê? Qualquer coisa pra me ocupar agora vai ser ótimo - digo.

- Que tal irmos arrumar a sua casa? - sugere Adam.

- Ah... eu acordei pensando nisso - murmuro. - Quero sair daqui logo. Nada nesse apartamento fui eu quem comprou então... acho que é só arranjarmos o endereço e irmos.

- Peça para as suas amigas - Adam coloca a mão em minhas costas e me puxa de encontro ao seu corpo, e me beija levemente. - Elas disseram que podiam te passar.

- Boa ideia.

...

- Bem, é aqui - digo, desviando meu olhar do pequeno papel com o endereço para a casa do endereço. É bonita e branca. Uma construção de dois andares, não muito grande, mas também não tão pequena. Familiar. Sinto uma breve conexão com ela.

- Reconhece? - pergunta Adam.

- Um pouco - murmuro, observando um pouco mais a casa. Há algo forte nela. A neve, com o fim do inverno, já começa a derreter, mas quase consigo me ver em uma noite, entrando com Jason nela. Ele carregando algumas sacolas. - Dejavi...

- O quê? - pergunta Adam.

- Não sei - murmuro, franzindo a testa -, acho que acabei de ter um dejavi. É noite e eu me vi entrando com Jason lá dentro, mas vamos logo, tenho que ir à academia ainda hoje.

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