Após cinco anos longe, Madison retorna a Duskville, uma cidade marcada por lembranças que ela gostaria de apagar.No passado, ela foi a testemunha que colocou seu namorado, Damon, atrás das grades, uma decisão que a atormentou desde então.Agora, com...
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Você pode partir meu coração em dois Mas, quando se cura, bate por você Sei que é direto, mas é verdade Quero te abraçar quando não devo Quando estou deitada com outra pessoa Você está na minha cabeça E eu não consigo te tirar Se eu pudesse fazer tudo de novo Voltaria pra você BACK TO YOU- -SELENA GOMEZ
MADISON PIPER
Quando eu tinha dezessete anos, testemunhei em um tribunal. Foi a coisa mais difícil que já fiz na vida. Todos os olhares estavam fixos em mim enquanto eu começava a falar, sentindo o peso do mundo sobre meus ombros. Naquele instante, acreditava que estava fazendo o bem, que minha verdade poderia trazer alguma forma de justiça. Os policiais me convenceram de que era a coisa certa a se fazer. Mas no dia 9 de setembro de 2019, eu perdi tudo. O vazio profundo que me preencheu ao ouvir a sentença do juiz — dez anos de reclusão, sem chance de liberdade até cumprir toda a pena — foi um golpe que me deixou sem ar.
Lembro do grito desesperado de Bárbara; meu pai a segurava firme, mas ela se debatia, gritando até seu corpo ceder e ela desabar de joelhos no chão. O que realmente me destruiu foi o olhar dele ao ver a mãe naquele estado. Seus pulsos estavam envolvidos por algemas prateadas, e eu podia ver a vermelhidão e o roxo ao redor. Seu olho direito mal se abria, cortado. Durante aquelas quatro horas de julgamento, ele manteve a cabeça baixa, enquanto os familiares de Arthur Capel o chamavam de monstro, como se sua vida inteira fosse resumida a isso. Meu testemunho contra sua inocência não o abalou como a angústia de sua mãe.
Depois de sair daquela sala fria, uma parte de mim ficou perdida para sempre. Isso é um fato. Assim que o mandado de transferência da prisão saiu, mudei-me para Londres, um oceano de distância do lugar onde ele estava encarcerado. Mas eu não sabia que meus demônios e medos viriam junto. Eles me perseguem há cinco anos, todos os dias.
Solto uma lufada de ar, inflo as narinas e encaro o quadro da rodoviária velha e empoeirada. A imagem mostra uma mulher e sua família abraçados em frente à praça, com um enorme "BEM-VINDOS À CIDADE DOS SONHOS, DUSKVILLE AGRADECE A SUA PRESENÇA" em letras vermelhas.
Com as mãos trêmulas, seguro o colar em meu pescoço e engulo em seco. Para mim, esta cidade está muito longe de qualquer sonho. Duskville, situada ao lado de Tucson, minha cidade natal, traz memórias que eu preferiria esquecer. Foram dez horas dentro de um avião e duas em um ônibus, e agora me arrependo amargamente de ter voltado. Mas a saudade de meus pais explode em meu peito, me empurrando em direção à saída da rodoviária.
Caminho lentamente pelas ruas, tentando afastar as lembranças dolorosas e focar apenas nas boas memórias: as tardes ensolaradas, o sabor do sorvete de baunilha da sorveteria da Senhora Mary, o parque de diversões colorido que era o coração da cidade, e a elegante fonte de água no centro. E, inevitavelmente, me lembro de Damon Blackwood.
