ELEVEN

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Breakfast

Não faço ideia do que aconteceu.

Não me lembro de muita coisa que aconteceu ontem de madrugada na biblioteca, a única coisa que me lembro, nos mínimos detalhes, era seu rosto tão perto do meu. Não me lembro das baboseiras que saíram de sua boca, mas lembro do seu hálito de hortelã. Do seu coração, que estava tão acelerado quanto o meu.

Me lembro perfeitamente de como foi ter meu corpo contra o seu. Foi algo estranho, é a palavra que me vem em mente sempre que penso no ocorrido. Estranheza.

Não contei nada a Kory. Sei que isso me trará consequências em breve, mas estava tão cansada e confusa ontem. Que apenas deitei em minha cama e dormi. Sem nem me preocupar em guardar meu livro, sem me preocupar em me cobrir com o cobertor. Me permiti apenas sonhar, depois de muito tempo.

Me pergunto como olharei para aquele garoto irritante novamente. Como disse antes, tentarei fugir dele, mesmo sabendo que podemos nos encontrar a qualquer momento. Pelo azar, como me livrarei dele depois de ontem?!

– Amiga Rachel! Acorde, se não chegaremos atrasadas para o café da manhã! – disse Kory se sentando em minha cama. Apenas a ignoro e finjo ainda estar dormindo.

– Vamos, sei que já esta acordada! – diz ela se deitando sobre mim. Tenho que fazer aulas de atuação, só espero ainda ser uma boa mentirosa.

– Porque não faltamos o café da manhã e as primeiras aulas?Ninguém sentirá nossa falta. – proponho abrindo meus olhos a encarando. Kory ri.

– Proposta tentadora, mas não seria certo. Então vá logo tomar um banho para acordar, sairemos logo depois.  

Mesmo não querendo, me levanto da cama e vou direto para o banheiro xingando esta escola que nós faz ter aulas o dia todo e ainda exige que acordemos cedo. Odeio essa escola. Ligo o chuveiro no modo gelado, na tentativa de acordar um pouco com a água gelada. E funciona um pouco, mas um café forte ajudaria muito mais.

Depois de me lavar e fazer minhas higienes pessoas, encaro meu reflexo no espelho. Analisando minha aparência deplorável. Minhas olheiras estão bem fortes, meus lábios rachados e meus olhos como sempre sem vida, sem animo. Tento ajeitar o cabelo para ajudar, mas não muda nada. Então, olho para as maquiagens de Kory no canto da pia.

Pego seu corretivo e passo um pouco em minhas olheiras, tento espalhar como Kory com sua esponjinha, mas não consigo. Então espalho com meus dedos mesmo. Pego um gloss dela também e paço um pouco. Encaro novamente meu reflexo e tento relaxar um pouco o rosto para parecer alguém... vivo.

Mas não vejo nada mais do que uma Rachel desesperada em tentar se sentir mais bonita. Mais que droga!

– Amiga Rachel, esta pronta? – pergunta Kory dando leves batidas na porta.

– Estou! – respondo retirando a maquiagem do meu rosto rapidamente com um pouco de papel. O jogo na lixeira e abro a porta. Ela sorri para mim.

– Então vamos, estou faminta!

Saímos de nosso quarto, o trancamos e seguimos em direção ao refeitório. E torço, para que algum milagre aconteça para que eu não tenha que encontrar Garfield lá.

Eu e Kory chegamos ao refeitório, vou direto para a mesa das bebidas e me enfio no meio dos adolescentes pegando apenas meu precioso café, que por sinal esta bem quente. Vou para a mesa em que Kory sempre comemos, a mesa fica no fundo do refeitório, do lado das janelas. Com uma vista perfeita do campo, onde descansamos e fazemos algumas aulas extras curriculares. 

Me sento no banco e pego um pouco do meu café. Agora sim, ficarei acordada pelo resto do dia. É então, que olho para frente e percebo que não terei meu milagre. Garfield caminha na direção da minha mesa, com aquele sorriso irritante, me olhando com diversão. Desvio meu olhar para a vista do campo tentando ignora-lo. O sol mal amanheceu e já esta sendo coberto pelas nuvens, deixando claro que o dia será nublado e chuvoso. Nem o tempo esta querendo se animar neste dia. 

Ele finalmente se senta na mesa, então, a tortura se dá início. 

– Achei que não viria para o café da manhã, pensei que iria tentar fugir de mim. – disse Garfield em um tom brincalhão. Suspiro fortemente.

– Também achei que não viria no café da manhã, você parece ser o tipo de cara que gosta de acordar tarde. – respondo entediada olhando para todos o lados, menos para ele. Onde esta Kory quando preciso dela?!

– E eu sou esse tipo de cara, mas me falaram tão bem da comida daqui. Que acabou não resistindo. Inclusive, isto é para você. – diz ele me entregando uma maçã. Pego a maçã confusa.

– Você precisa comer frutas, lembra? Me disseram que as frutas daqui não são boas, então comprei algumas maçãs para você de manhã e a tarde.

Ele esta se fazendo se santinho. Qual será sua próxima boa ação? Abrir a porta para mim quando sair do refeitório? Reviro os olhos.

– Não precisa fazer isso para mim, sei muito bem como cuidar de mim mesma.

– Tomando apenas café na parte da manhã? – pergunta Garfield convencido. Ele pega meu café e toma um gole, sem minha permissão. Isso é mania? Pegar o alimento e a bebida das pessoas sem sua permissão?

– Eca! Esta sem açúcar! Quer mandar a sua saúde pro ralo?! – disse ele tentando não vomitar, sorrio um pouco com isso. Mas que garoto abusado! Pega o meu café sem pedir e ainda reclama, que chato!

– Já falei para não se preocupar comigo! – digo irritada pegando meu café de volta. Aproveito e limpo com a manga do meu moletom a parte do copo em que ele bebeu. Pois não quero pegar seus germes.

Penso até em joga-lo fora, mas a mesa de bebidas esta maior ainda. E não estou em um pouco afim de enfrentar aquele tumulto de adolescentes.

– Não sei se percebeu, gatinha. Mas estou preocupado com a sua saúde, não com você! Sou um homem de palavra. Agora, coma logo essa maçã se não quiser parar em um hospital!

– Se eu comer, vai parar de falar?

Ele não me diz nada, apenas sorri e passa seu dedo indicador e seu polegar juntos sobre sua boca. Como se estivesse fechando um zíper. Era só o que faltava!

Não querendo escutar sua voz irritante, começo a comer a maçã. E enquanto como, não escuto nada. Absolutamente nada, e isso, é como estar nos céus! Quando termino, Garfield abre um grande sorriso. Olho para ele confusa, então, o mesmo me mostra sua mão esquerda. Onde seu dedo do meio esta curvado em seu indicador. Ah não, ele estava...

 – Eu estava de figas, ou seja, posso continuar falando com minha bela voz. Um vez eu...

Então, ele começou a contar mais uma de suas histórias. Pelo visto, esse garoto vai me dar mais trabalho de que eu imaginei. O pior, não são nem oito horas da manhã ainda e estou tento que escuta-lo falar em parar.

Por azar, o que foi que eu fiz para merecer isso?!

*Desculpem a demora, acabei esquecendo da fanfic. Mas vou tentar ñ deixar acontecer isso de novo ;)*

BROKEN HEARTOnde histórias criam vida. Descubra agora