TWENTY THREE

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Jealous Boy

Minha paciência está se esgotando.

Gostaria de ter ficado na mansão, ou até mesmo no colégio. Montando ainda mais estratégias para um grande jogo que se aproxima. Onde enfrentaremos o time de basquete do nosso colégio rival, os Bears. E odeio admitir, mas são grandes oponentes.

O treinador está prestes a surtar, sem saber o que fazer. Como capitão do time, é minha responsabilidade garantir que os treinos saiam perfeitos. Para termos, pelo menos, uma chance de ganhar.

Mas não é apenas isso que vem me trazendo dores de cabeça. Ainda tem ela, a garota de cabelos ruivos que ocupa a maioria dos meus pensamentos.

Admito que foi um péssimo namorado para ela. Priorizando meu posto como capitão, mas deixando de lado minha responsabilidade como namorado. Eu a magoei, e não sei o que fazer para as coisas voltarem a ser como eram antes.

As palavras que Kory disse, no meio do corredor, ainda martelam minha cabeça. Não me permitindo me concentrar em mais nada, sem ser elas.

"Mude algumas atitudes suas, me prove que pode ter minha confiança de volta. E então conversamos."

Mudar algumas atitudes, mas quais?!

– Pequeno Mestre, está tudo bem?

Olho para o meu lado, onde Alfred me encara seriamente. Mas é através de seus olhos, que vejo sua preocupação comigo. Balanço a cabeça, tentando afastar os pensamentos. E consigo, mesmo sabendo que uma hora ou outra eles iram voltar para me atormentarem. Eles sempre voltam.

Limpo a garganta, tentando encontrar as palavras certas para responde-lo. 

– Estou bem, Alfred. Apenas distraído com alguns pensamentos. – assim que termino de falar, lhe dou um pequeno sorrio. Algo que o tranquiliza um pouco, pois seus ombros se relaxam.

 – Bem, estava pesando que poderíamos comer algo. Já que não fui gentil em arrasta-lo para várias reuniões entediantes. – responde o mais velho, enquanto saímos de um escritório . Logo após fechar mais um contrato em nome de Bruce Wayne.

– Tudo bem, isso é apenas mais uma coisa para se ter no lado negativo de ser o herdeiro do legado de Bruce. – digo dando de ombros, já acostumado com esse tipo de "passeio".

– Tudo na vida possui um lado bom e um lado ruim. Mas um lado positivo em ser o grande herdeiro Wayne, é ter minha companhia para as refeições.

Alfred diz isso para tentar me alegrar um pouco, e agradeço lhe dando mais um sorriso. Mas sua fala machucou um pouco meu pequeno eu interior.

Quando era criança, odiava o horário em que fazíamos as refeições. Pois era nessas horas, em que eu mais me sentia sozinho, esquecido. Me sentava em uma grande mesa, com um grande banquete delicioso na frente.

Mas tudo o que eu sentia era esperança, aguardando ansioso Bruce aparecer e comer comigo. E quando ele não aparecia, eu me sentia triste e solitário. Observando o banquete, que já estava frio quando começava a comer.

Era sempre assim, o esperava, ele nunca vinha e eu tinha comer tudo aquilo já frio. Implorava com lágrimas nos olhos para que Alfred se juntasse a mim, para amenizar um pouco o sentimento de solidão.

Mesmo querendo, o mesmo não aceitava, pois Bruce nunca aprovaria. Até que no aniversário da morte de meus pais, ele se sentou comigo pela primeira vez. Deste então, sempre fazemos as refeições juntos, mesmo sendo contra as regras.

Desde aquele dia, comecei a ver Alfred como o pai que Wayne nunca foi para mim. E acredito, que nunca será.

– Eu adoraria comer alguma coisa, mas se estiver falando daqueles restaurantes chiques que sempre sou obrigado a ir, terei que mentir e dizer que não estou com fome. – digo o lembrando de que detesto a comida desses restaurantes, algo que só percebi quando a família de Garfield me fez experimentar pizza pela primeira vez.

BROKEN HEARTOnde histórias criam vida. Descubra agora