EIGHT

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Lovers

Algumas horas antes...

Adoro aprender coisas novas, foi assim que aprendi outro idioma além da minha língua de origem. Mas todos esses... números e letras, são tão confusos. Entendo que deve ser muito cansativo dar aulas para adolescentes o dia todo, todo dia. Mas a professora poderia se dedicar um pouco mais quando for explicar a matéria. Querendo ou não, isso acaba interferindo nosso aprendizado. Muitas das vezes, de maneira negativa.

Sou um ótimo exemplo, sempre fui ótima em matemática. Então, as vezes me pergunto "será que fiz algo para ela não querer explicar a matéria direito?" Pois não tenho ideia.

Minha cabeça começa a latejar e levanto o braço direito para chamar a atenção da professora. Felizmente, consigo concluir meu objetivo.

Ela olha para mim de cima a baixo, como se estivesse me analisando, sem paciência alguma. Por um momento, me sinto péssima em tirar sua paciência, mas minha cabeça não para de doer.

– O houve dessa vez, senhorita Anders?

– Perdão por interromper sua aula, mas minha cabeça está doendo e...

– Sim, sim, pode ir a enfermaria. Agora, continuando...

A professora voltou a falar com a turma. Para não causar confusão, me levanto com cuidado da carteira, tentado não fazer muito barulho e saio da sala de aula. Me deparando com o corredor vazio. Ao contrário do que estava na hora do intervalo.

Olho para o relógio em meu pulso.

A amiga Rachel deve estar na aula de educação física a essa hora. Eu poderia ir vê-la, tenho certeza de que isso animaria sua aula!  Já que é a aula que mais odeia. Porém, eu havia dito que iria apenas  para a enfermaria. E seria errado se ao em vez de ter ido para lá eu ter ido para a quadra. Até porque, o professor poderia pensar que estivesse matando aula. Acho melhor não.

Tenho certeza de que amiga Rachel ficará bem. Ela é muito forte! Entro na enfermaria e sorrio para a enfermeira Lee.

– Bom dia senhora Lee! – a comprimento, pois meus pais sempre me ensinaram a cumprimentar os outros, principalmente os mais velhos.

– Bom dia meu docinho! O que a trás aqui? – perguntou ela vindo até mim, achei muito fofo como me chamou.

– Só um pouco de dor de cabeça.

– Fique tranquila, tome este remédio e volte para a sala. E se não melhorar,  diga que a liberei mais cedo. – diz ela piscando seu olho direito para mim.

A enfermeira Lee me entrega um pequeno comprimido junto com um copo de água. Sem questionar, engulo o remédio com a ajuda da água. Mas ele deixa minha boca com um gosto amargo, eca!

Faço uma pequena careta, senhora Lee ri um pouco.

– Aqui, fique para você. Por sempre ser uma garota gentil.

A enfermeira Lee me dá um pequeno pirulito de morango em formato de coração, meu favorito! Para demonstrar minha gratidão, abraço ela bem apertado e saio de lá com o doce em minha boca e um grande sorriso. Até que escuto alguém chamar pelo meu nome no meio do corredor. Me viro para trás e meu sorriso se desfaz.

Quem me chama é Richard Grayson, meu "namorado".

 Dick e eu nos conhecemos na escola, quando éramos pequenos. Eu havia acabado de chegar nos Estados Unidos e ele foi a única criança gentil comigo. Até me ajudou a aprender sua língua e nunca se importou com o fato de eu ser estrangeira.

Mamãe e papai tinham partido, eu só tinha minha irmã. Nos mudamos para Jump City para que minha irmã pudesse trabalhar melhor para nos sustentar. Mas acabou que não tinha muito tempo para mim, então, fiz amizade com Dick e logo depois com a amiga Rachel. E no Ensino Médio, nos apaixonamos e começamos a namorar. Mas eu não sabia, que ter um namorado daria tanto trabalho assim.

Há muitas garotas nessa escola e fora que gostam dele como eu gosto. Tenho medo de um dia perdê-lo como perdi minha família, meu país... Quando o vi com Barb aqui, neste mesmo corredor, aceitei que ele não era mais meu. Mesmo que doesse tanto.

Não gosto de ignorar as pessoas, pois é falta de educação. Mas não queria que meu coração doesse mais, então o ignoro.

– Kory, espera por favor!

Mesmo querendo parar e olhar para seus olhos azuis, continuo andando para longe dele. Porém, o mesmo me alcança e fica bem na minha frente. Porque doí?

– Kory, vamos conversar... sei que fiz mais besteira ainda naquela balada, mas não consigo me lembrar.

Dick pega minhas mãos, deixando meu coração mais acelerado. Me lembrando de quando dávamos as mãos e passeavamos pelo parque. Felizes é sem nenhuma preocupação. Sentia que finalmente estava em casa. Eu costumava ficar sempre assim ao lado dele...

– Porque não se lembra? – pergunto, pois é a única coisa que consigo dizer.

– Acabei bebendo muito tentando te esquecer, mas eu não quero te esquecer.

Franzo a testa.

– Então, porque bebeu para me esquecer se não queria me esquecer? – pergunto confusa, ele ri, mas logo fica sério novamente.

– Me desculpa Kory, por aquela situação com a Barb. Ela só estava me perguntando algo, não foi nada de mais. Eu juro.

– Você sempre diz isso Dick! – exclamo me soltando dele e me distanciando, tento segurar o choro.

– E isso não é só sobre a Barb! Tenho muito orgulho do capitão de basquete incrível que você é, mas você acabou se concentrando tanto naquilo, que se esqueceu de mim! Você passava mais tempo com aqueles garotos imaturos do que comigo!

– Me desculpa eu...

– Sei que senti muito e te perdoo apesar de ter me magoado mais de uma vez.

– Mas não sei se consigo ficar ao seu lado do mesmo jeito que antes.

Ficamos em silencio por um longo tempo. Nós dois encarando o chão. Amo muito Dick, mais do que qualquer outra pessoa que já amei. Mas já estou cansada, sempre é a mesma história! Se repetindo várias e várias vezes. Como vou saber se dessa vez as coisas vão ser diferentes? Suspiro.

– Não queria te magoar Kory, você é a coisa mais importante que tenho.

– Sei que não queria, mas aconteceu...

– O que posso fazer para melhorar as coisas?

– Sinceramente? Mude algumas atitudes suas, me prove que pode ter minha confiança de volta. E então conversamos.

Me viro para outra direção e corro apressada de volta para a sala. Torcendo para que a professora não brigasse comigo por causa da minha demora.

As coisas com Dick sempre foram complicadas, mas nunca pensei que chegaria ao ponto de pedir um tempo. Não terminei com ele, só preciso de um tempo para mim, um tempo para pensar.

Só torço para que essa aula não demore tanto, pois quero muito conversar com a amiga Rachel. Conversar com ela me distrai, e fico muito feliz em conversar com ela. A professora começa a escrever um texto no quadro, então abro meu caderno e pego uma caneta começando a copiar.

Quando era pequena, sempre dizia ao meu pai que encontraria um príncipe encantado. Me casaria com ele e seriamos felizes para sempre. E acredito que já tenha encontrado o meu tão sonhado príncipe. Só não sabia, que esse "felizes para sempre" não fosse ser tão feliz assim.

BROKEN HEARTOnde histórias criam vida. Descubra agora