TWENTY NINE

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Back To Hell


Estou feliz.

Poucas coisas me dão a sensação de felicidade. Como dias chuvosos, assistir filmes de terror comendo guloseimas, conversar com Kory, devorar livros durante madrugadas e escutar músicas. São essas pequenas coisas que me permitem enxergar que continuo sendo eu mesma, e não o que as pessoas falam ou pensam que sou.

Mas nestes dois dias em que estive ao lado de Garfield e sua família, não era eu Rachel Roth de dezessete anos que estava ali, mas a antiga Rachel Roth de cinco anos. Uma criança que ainda conseguia sorrir e rir das coisas ao seu redor. Uma garota que se sentia feliz.

Nunca admitirei para ninguém, mas estes dias, foram os melhores dias da minha vida. Pois me senti acolhida e feliz, como não sentia verdadeiramente por um longo tempo. Claro que sinto isso tudo ao lado de Kory, mas foi diferente. Não sei como explicar, apenas sei que estou feliz pelas coisas que aconteceram nestes dias.

Por isso, estou com um pequeno sorriso. Caminhando em direção ao meu quarto, apenas desejando um longo banho quente e minha cama arrumada para dormir. Porque, infelizmente, minhas "férias" acabaram. E amanhã, terei que enfrentar minha triste e sofrida vida.

E não terei Garfield e nem sua família para me salvar deste inferno.

Abro a porta do meu quarto, suspirando aliviada ao sentir o aroma de lavanda de uma das minhas velas favoritas. Ponho a mochila que se encontrava em meus ombros no chão, ao lado da porta e ascendo as luzes.

Mas meu pequeno sorriso se desfaz, ao ver o diabo em pessoa sentada na cama da minha melhor amiga, me encarando com fúria.

– Onde estava? – perguntou seriamente, sem mover um músculo. Apenas entro em meu quarto e desamarro os cadarços do meu All Star preto. Ela não está preocupada com você, nunca esteve, repito para mim mesma.

– Porque o interesse? – pergunto após retirar os sapatos dos meus pés e calçar minha pantufa. Ela olha para meus pés e revira os olhos.

Então, digita algo em seu telefone, o virando para mim logo em seguida. Um vídeo meu e de Garfield dançando Just Dance é reproduzido em sua tela, me deixando surpresa. Porque as pessoas adoram gravar o que faço com Garfield? Primeiro, o banho de cerveja e agora isso?! Já estou cansada disso!

– Porque não quero que este vídeo fique na internet. O que acha que as pessoas estão pensando de você, Rachel? Imagina o que este tipo de vídeo pode causar na sua imagem!

– Eu não ligo! Não ligo para o vídeo, para a minha imagem, para nada disso. Essa tarefa pertence a você, não a mim.

– Faz apenas uma semana que este garoto está aqui e já foi o suficiente para colocar estas bobagens em sua mente. Garfield Logan não é uma boa companhia para você!

Respiro fundo, tentando manter a pouca paciência que ainda me resta. Me viro em direção a porta, pronta para sair. Pois não sou obrigada a escuta-la dizer coisas tão absurdas assim.

– Ele é como seu pai, Rachel! – gritou ela, me paralisando.

– Todo homem é assim. Eles são encantadores no início, mas quando menos esperamos, eles nos destroem de todas as maneiras possíveis. Nos fazem sofrer cada vez mais. O que antes eram apenas risadas e caricias, se tornam gritos de angústia.

Me viro para ela e pela primeira vez, não sinto vontade de chorar quando a palavra "pai" saiu de sua boca. Mas dou um sorriso, me lembrando de como Garfield realmente é.

– Está enganada, mamãe. Ele não é como meu pai, nem todos os homens são assim. – digo as últimas palavras com tristeza, me recordando de um velho amigo.

BROKEN HEARTOnde histórias criam vida. Descubra agora