THIRTEEN

109 12 18
                                    

Book Club

Porque ainda estou aqui?

Esta é a pergunta que mais está na minha mente neste momento. Estudo nesta escola desde pequena, pois há um prédio para o ensino médio e outro para o ensino fundamental. E desde então, fundei este clube nos dois ensinos. Precisei de um pouco de ajuda, pois criar um clube desde o início não é fácil. Porém, foi eu quem cuidou de tudo e pensou nos mínimos detalhes.

E mesmo sendo a fundadora e líder deste clube, não entendo porque continuo nele.

Amo ler, esse foi um dos principais motivos que criei o clube do livro. No começo, tudo era perfeito, pois as crianças estavam interessadas nos livros e dispostas a conversarem sobre a história. Mas agora, os adolescentes só querem saber de pegação e ficar nas redes sociais. Para eles, um livro são apenas vários pedaços de papeis juntos. Por isso que sempre digo, odeio adolescentes. Com exceção de Kory, de todos, ela é a única que consigo aguentar.

Olho para os quatro únicos membros que estão aqui na biblioteca e suspiro.

– Então, o que acharam do livro "To Kill a Mockingbird"? – pergunto dando início a reunião. Mas ninguém tem sua atenção em mim, e sim no aparelho eletrônico que esta em suas mãos. Se um dia, a tecnologia se virar contra nós, terei o prazer de dizer "Eu avisei".

– Verônica, qual a sua opinião sobre o livro? – pergunto para a menina de cabelos loiros que esta sentada na minha frente. Ela tira os olhos de seu celular e olha para mim em pânico. Sorrio com isso.

– Eu gostei como... abordaram as redes sociais neste... livro. – disse ela nervosa. A mesma tenta me encarar, mas falha miseravelmente. Então, encara o chão envergonhada.

Esta geração esta perdida.

– O livro aborda o racismo e a injustiça, nos Estados Unidos na década de 30. – digo irritada. Será que ao menos eles pesquisaram sobre o livro?!

Pelo visto, não. Respiro fundo e tento fazer algo que Kory sempre me diz que tenho que fazer, ver o lado positivo da situação. E o lado positivo desta situação insuportável, é que Garfield não está aqui para pior as coisas.

De repente, a porta da biblioteca e aberta com brutalidade. Fazendo a bibliotecária, que antes estava com seus olhos em nós, reclamar com quem entrou. Ele pede desculpas e se senta na cadeira vazia ao meu lado. Fecho os olhos cansada. Pensei cedo de mais.

– Oi, Rae. Não sabia que estava no clube do livro, mas até que isso é bem a sua cara. – diz Garfield com sua voz irritante.

– O que pensa que está fazendo aqui? – digo baixo para que apenas ele escutasse.

– Estou aqui para ler. Não é isso que vocês fazem em um clube do livro? – pergunta Garfield se divertindo. Ah se agressão não fosse crime...

– Pelo visto, seu cérebro do tamanho de um voz ainda funciona. Impressionante!

– Você sabe ser engraçada?! Por essa, eu realmente não esperava, Rae Rae.

– Será que dá para você parar com esses apelidos ridículos?!

Ele olha para mim tentando não rir. Olho ao meu redor e justo agora, os membros do clube tiraram seus olhos de seus celulares e me encaram com os olhos arregalados. Até mesmo a bibliotecário me encara irritada. E agora me dou conta, que falei um pouco alto de mais. 

BROKEN HEARTOnde histórias criam vida. Descubra agora