SIXTEEN

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Last Night

Minha cabeça doí.

E a última coisa que me lembro, é eu ter dado uma de maluco e ter bebido algo por causa dos meninos. Sabia que iria me arrepender, e eu estava totalmente certo. Estou arrependido.

Passo as mãos em meus olhos e me levanto da cama, mesmo contra a minha vontade. Dobro os cobertores e solto um longo bocejo. Parece que levei um soco na minha cabeça. Sinto tudo girando um pouco, meus olhos estão pesados e minhas costas doem. Devo ter dormido de mal jeito.

Beber com os amigos pode até ser bom, mas a ressaca de manhã no dia seguinte não é.

Abro a primeira gaveta da cabeceira do lado da minha cama, procurando por algum remédio para aliviar essa merda. Mas acabo pegando outra coisa. Uma coisa bem estranha e constrangedora. Essa coisa, é uma calcinha vermelha vinho.

Arregalo os olhos, não sentindo mais eles pesados. Coloco aquilo de volta na gaveta. A fecho rapidamente e tento apagar essa imagem da minha cabeça. E para a mimha infelicidade, não consigo.

Aposto que isso deve ter sido um dos meninos, alguma brincadeira idiota para comemorar minha entrada, sei lá!

Garotos não pensam direito, nem parece que temos estômago... ou é cérebro? Enfim, alguma coisa a gente não tem.

Olho para cima da cabeceira e franzo a testa. Pego o porta retrato e observo a foto. Há duas garotas nele, uma de cabelos escuros e a outra de cabelos longos ruivos. A de cabelos escuros olha para a câmera seriamente, enquanto a outra abraça seus ombros com um grande sorriso para a foto. A de cabelos escuros, eu reconheço de longe, assim como a outra. Essas são Rachel e a ruivinha, namorada ou ex do Dick.

Mas... o que esse retrato das duas está fazendo na minha cabeceira, no meu quarto?

Arregalo os olhos e olho ao meu redor. Posters de banda de rock, uma grande estante de livros, armário cheio de vestidos coloridos e vários bichos de pelúcia jogados pelo chão. Pelos céus, eu não estou no meu quarto. Estou no quarto da Rachel!

Escuto um barulho de água caindo e vejo que a porta do banheiro está fechada. Ela deve estar tomando banho, consigo sair sem que me veja. Corro até a porta e tento abri-la, mas a mesma está trancada. Faço um pouco de força tentando abri-la, mas apenas faço ainda mais barulho com isso.

Então, o barulho da água para de repente. Solto um xingamento baixinho. Pelos céus, ela vai me ver aqui e me matar! O que eu faço?!

A porta do banheiro se abre lentamente, e um grande vapor quente sai dele. Então, ela aparece. Porém, somente com uma toalha em volta do corpo. Acho que estou vendo um anjo...

- Shiu! Pare de fazer barulho! - disse ela se aproximando.

- Eu... eu não... - tento dizer, mas ela é mais rápida e cobre minha boca com suas mãos. Ela está tão perto, com apenas uma toalha. E se eu... Não! Pare de pensar essas coisas Garfield, é nojento!

Respiro fundo tentando não encarar seus olhos, que observam algo pelas minhas costas. Lembre-se do motivo de estar fazendo tudo isso, se concentre Garfield!

Rachel pega minha mão e me leva até o banheiro que acabou de usar. Porém, ainda permanece com a outra mão na minha boca. Até parece que vou sair correndo e gritar, não sou burro a esse ponto!

Assim que entramos, ela fecha e tranca a porta. Em seguida se vira para mim furiosa, coisa que não entendo. Era para eu ser a pessoa com raiva aqui, não ela! Nem sei como vim parar aqui!

Aposto que foi sequestro, ela deve ter finalmente percebido que não consegui mais viver sem essa... maravilha que sou.

- Você não pode ficar fazendo tanto barulho! Vai acordar Kory!

Ah! Então é esse o nome da famosa ruivinha! Sabia que era algo assim.

- Não ligo pra isso, só quero saber como e porque estou aqui. - digo calmamente, guardando a teoria do sequestro apenas para mim. Por que se eu disser isso a ela, nunca mais verei a luz do dia.

Rachel franze a testa.

- Como assim? Não se lembra de nada da noite passada?

Ah, claro que eu lembro! Só estava querendo testar a sua memória! Sequestradora de homens maravilhosos!

Pelos céus, de manhã eu sou insuportável! Respiro fundo e tento respondê-la de uma maneira menos... rude.

- A última coisa que me lembro é de ter bebido alguma coisa com os meninos do time. - digo sendo sincero. Ela suspira.

- Bom, não sei o que houve com seus amigos. Você apenas me encontrou completamente bêbado. O levei até seu quarto, mas não havia ninguém. Eu queria ter te largado no meio da escola para você se virar, porém, sabia que no final sobraria para mim. Então te trouxe para cá. - explicou Rachel dando de ombros. Mas algo passou pela minha cabeça, fazendo minhas bochechas corarem.

- Quer dizer que eu... que nós dois dormimos... - digo apontando para nós dois. Percebendo o que eu estava tentando dizer, as bochechas dela também ficam vermelhas.

Quem diria que Rachel Roth sente vergonha, ela é mesmo uma caixinha cheia de surpresas.

- O que?! Claro que não! Eu e você... nós nunca... eca! Você dormiu no chão!

Solto um grande ar que nem sabia que estava segurando, me sinto até mais leve. Se Rachel tivesse me dito que dormimos juntos, na mesma cama, pertinho um do outro. Acho que eu teria desmaiado.

Mas ainda sim, me pergunto como parei em sua cama quando acordei. As vezes, na vida, temos perguntas que é melhor nunca sabermos a resposta. E essa situação, se encaixa perfeitamente nisso.

Balanço a cabeça tentando não pensar nisso.

- Bom... pelo menos isso explica minha dor nas costas.

- Pois é.

Então, ficamos em silêncio. Um silêncio constrangedor, mais ao mesmo tempo tranquilo.

Eu não sabia o que dizer. Estava em dúvida entre dizer algo estúpido para irrita-la ou pedir para que destrancasse as portas para mim poder ir embora. Ainda preciso de um remédio para essa merda de ressaca, e de um longo banho para tirar esse cheiro de suor e bebida de mim. Para minha sorte, ela é a primeira a começar a falar.

- Acho melhor você ir, sabe... as aulas vão começar em breve... - disse Rachel com receio. Ela quer tanto assim se livrar de mim? Magoou.

- Certo, eu irei. Mas se lembre, RaeRae. Jamais conseguirá fugir de mim por tanto tempo. - digo com meu famoso sorriso, apenas para irrita-la. E funciona um pouco, já que a mesma revira os olhos.

Ela destranca o banheiro e me acompanha até a porta. Aposto que é apenas para garantir que eu não faça mais barulho. Quando estou prestes a sair, sua voz soa atrás de mim em um tom divertido.

- Veremos se não conseguirei, Gar.

Dizendo isto, ela fecha a porta na minha cara. Sem nem ao menos esperar alguma resposta. Mas é apenas alguns segundos depois, que percebo o que ela disse. E acabo arregalando os olhos com isso.

Rachel Roth, a garota que diz que meus apelidos são ridículos, acabou de me dar um?!

BROKEN HEARTOnde histórias criam vida. Descubra agora