EIGHTEEN

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Cleaning


Corro o mais rápido que consigo.

Tento não atropelar as pessoas que estão no meu caminho, mas poxa! São elas que estão no meu caminho! E por causa disso, acabo esbarrando em algumas. Derrubei até mesmo alguns livros que estavam nos braços de um garoto nerd. Antes que me julguem, eu pedi desculpas. Só não sei se falei alto suficiente para ele me ouvir. Então, se ele ouviu ou não, é um mistério.

Sinto minhas pernas começarem a doer e meu corpo todo suar. Porque essa escola tem que ser tão grande? Temos que ficar andando de um lado para o outro se quisermos chegar nas salas, isso é muito cansativo!

Vou abandonar a academia. Para que ir até ela todos os dias, se andar aqui já é um exercício?

Quando chego finalmente na sala, todo o que fiz para chegar até aqui e estar aqui, parecem ter valido a pena.

A observo se aproximar das enormes janelas de vidro, olhando para o céu azul impaciente. Seus olhos brilham com a luz do sol, deixando aquela galáxia mais reluzente. E seus lábios rachados, ficam rosados. Como se tivesse acabado de tomar uma xícara de chá, para aquecer o corpo. 

Mas porque raios estou reparando isso?! 

Antes que eu pudesse parar de observa-la, de um jeito estranho. Ela se vira para mim e logo fica confusa. Ah é, quem deveria estar aqui era Victor, e não eu. Infelizmente. 

– O que faz aqui? Onde está Victor? – pergunta Rachel. Não estava certo?

– Uma pergunta de cada vez. – digo tirando o suor da minha testa. Precisarei de um bom banho depois daqui. Ela revira os olhos.

– Primeiro, estou aqui para ajuda-la à arrumar a bagunça que vocês dois fizeram na aula de química. Segundo, ele não vai vir. Teve alguns contra tempos com o treinador, por isso estou aqui.

Não gosto de mentir para as pessoas, mas o que eu diria para ela? Ei! Victor não está aqui porque tranquei ele no banheiro do nosso quarto, só para poder ficar sozinho com você. Mesmo que seja apenas por algumas horas e limpando essa gosma estranha que não faço a mínima ideia do que seja?

Rachel com certeza me daria um soco e me chamaria de louco. Isso se não fizesse algo bem pior. Algo que eu nem gostaria de pensar no que pode ser.

Ela suspira e massageia as têmporas.

– Não acredito que terei que suporta-lo. – resmunga Rachel baixo. Aposto que não queria que eu escutasse, por isso falou baixo. Mas eu escutei.

– O que disse? 

– Nada! Apenas pegue aquelas esponjas e limpe as mesas. – diz ela apontando na direção dos objetos.

Estressada, não precisava falar assim. Me aproximo e pego as esponjas. Aproveito que estou perto dela e decido irrita-la um pouco, só um pouco.

– Acredite, também não estou feliz em ter que atura-la. – digo sorrindo. O sorriso é o toque final para irrita-la. Rachel fecha a cara na hora, consegui!

– Vá e faça logo o que eu disse!

– Tá bom! Eu irei fazer, RaeRae.

Eita! Eu falei o apelido que ela tanto odeia, acabei de sentenciar minha morte. Mas como diria Simba, "Eu rio na cara do perigo!". Essa frase literalmente me define quando vou irritar Rachel. 

No mesmo instante em que digo isso, Rachel avança em minha direção. E no mesmo instante em que ela avança, eu corro. 

Corro por toda a sala, enquanto Rachel está atrás de mim fervendo de raiva. Quando passo entre as mesas, empurro a maioria de cadeiras que consigo em sua direção. Afim de tentar atrapalha-la. Mas nada acontece, ela apenas as empurra para os lado com tanta força, que me pergunto o que ela pode fazer comigo. E cheguei a seguinte conclusão, pode me matar. 

Olho rapidamente para trás, afim de ver se ainda estava sendo perseguido. Para o meu azar, ainda estou. Mas agora, ela tem uma vassoura de madeira nas mãos. Como ela conseguiu uma vassoura?!

Antes que eu pudesse dizer ao menos alguma coisa, ela joga a vassoura em mim. Acertando em cheio minha cabeça. E cara, como isso doí!

Caio no chão igual uma banana madura. Rachel se aproxima com um grande sorriso. Da última vez que vi esse sorriso, achei sexy. Mas agora, tenho medo dele.

– Você tentou me matar! Com uma vassoura!

– Fique tranquilo, desta vez não será apenas uma tentativa. 

Ela avança contra mim, mais uma vez. Tenta por as mãos em meu pescoço, mas fico mexendo os braços sem parar. E isso deixa as coisas um pouco complicadas para ela. Em um movimento rápido, seguro seus pulsos a forçando parar. Não foi fácil, Rachel é muito forte.

Tenho que me lembrar de nunca brincar de luta de braço com ela. Será humilhante perder para uma garota que não aparente levantar um peso.

– Ei RaeRae, que tal se acalmar um pouco. Há câmeras nesta sala e aposto que não quer que ninguém veja que você assassinou alguém.

Rachel se vira para trás e vê a câmera na parede, apontando exatamente em nossa direção. Mesmo não querendo, ela se afasta de mim. Aproveito e me levanto apressado. Vai que essa bruxa voa em cima de mim de novo.

– Melhor me ajudar a limpar logo toda esta bagunça. Caso o contrário, não terei piedade na próxima vez.

Vou torcer está noite para que não tenha uma "próxima vez".

Pego as esponjas que eu tinha largado no chão para poder fugir e faço o que ela mandou. Vou para as mesas e esfrego tanto aquelas esponjas, que meus dedos começaram a doer. E depois de horas e horas, consegui deixar cada mesa brilhando. Quando minha mãe souber, ficará orgulhosa. Pelo menos, se ser veterinário não der certo, posso dar uma de Rachel e virar faxineiro.

Mas de escola, nem pensar! Imagina o tanto de chiclete de baixo de mesa que terei que tirar?!

– Até que você não é... tão ruim assim com faxinas. – disse Rachel se aproximando novamente um pouco mais calma.

Eu não falei?

– E até que você não é tão ruim como assassina. – digo segurando o riso. Em resposta, recebo um soco no braço direito, que graças aos céus não foi forte. Caso o contrário, teria o perdido.

Aproveito sua calma, que por um milagre ela tem, e lhe proponho algo que já havia bastante tempo que eu queria dizer.

– Bem... já que você tentou me matar... e está me devendo uma...

Rachel olha para mim já se arrependendo do que disse. Agora ela vai ter que me escutar.

– Que tal levantarmos a bandeira branca? – pergunto sorrindo. Ela me olha de cima a baixo me analisando. Então, revira os olhos.

Mas que garota difícil! Será que terei que me ajoelhar aos seus pés para ter uma pequena trégua? Poxa, só não quero me sentir tão próximo da morte outra vez!

Também perdendo minha paciência, reviro os olhos e vou caminhando para a saída da sala. Depois desse olhar, me desanimei até de pensar em virar faxineiro.

– Gar!

Paro no mesmo instante.

– Só porque concordei com isto, não significa que somos amigos.

Tento não sorrir, mas acabo não resistindo. Me viro para Rachel que continua com seu semblante sério, e lhe mostro meu sorriso debochado.

– Fique tranquila RaeRae, sei muito bem o que pensa de nós dois. – aponto para nós dois. Ela me olha curiosa.

Nós somos inimigos.

Dizendo isto, me viro e a deixo sozinha na sala. Finalmente Rachel concordou com algo que eu disse, e acredite, pensei que este momento nunca chegaria. Estou muito feliz. Não só porque não haverá uma "próxima vez", mas também porque meu plano finalmente está avançando.  

E ninguém, poderá me parar.

BROKEN HEARTOnde histórias criam vida. Descubra agora