FOURTEEN

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Celebrian



Me sinto tão leve!

Desde que o treinador disse que eu seria o mais novo jogador do time, sinto que tirei um grande peso das minhas costas. Victor e Dick estavam contando comigo, e me sinto aliviado em saber que não os decepcionei.

Quando contei a novidade aos meus pais, eles não pararam de me elogiar e de dizer o quão orgulhosos estão. Amo os meus pais, eles são tudo para mim. Me resgataram quando eu era apenas um garotinho indefeso e assustado, me criando como se tivesse seu próprio sangue. E sim, sou adotado. Poucas pessoas sabem disso, não porque não gosto de dizer. Mas porque não vejo a necessidade de sair contando para todos que sou adotado.

Acho que uma certa parte de mim só não gosta de lembrar disso. Pois antes de ser achado por Steve e Rita, minha vida era bem complicada. Digamos, que desde pequeno, nunca tive muita sorte. Não gosto de me lembrar muito dessa parte da minha vida, que apenas me trouxe tristeza.

Vejo Vic e Dick entrarem no nosso quarto animados, parecendo duas crianças depois de ganharem doce. Pauso a música que estava tocando em meu fone e me viro para eles confuso.

– Então... qual o motivo dessa animação toda? – pergunto me sentando na minha cama.

– Estamos animados porque o time todo vai sair junto, e sabe porque...? – disse Vic me olhando com expectativa, mas não faço ideia do que ele esta falando.

– Porque...?

– Porque querem comemorar a entrada do nosso novo jogador no time. – diz o passarinho bagunçando meu cabelo.

– Mas é meio de semana, não podemos sair da escola.  Esqueceram?

– Bom, não  podíamos , no verbo passado. O treinador conversou com a diretora e ela abriu uma pequena exceção para comemorarmos. Mas em troca, vamos ter que limpar toda a louça do almoço de amanhã. 

Estremeço na mesma hora. Há tantos alunos nesta escola, imagina a quantidade de louça que deve ficar depois das refeições? Principalmente no almoço e no jantar.

 – O lado bom, é que o treinador não vai poder ir. Ou seja, nós escolhemos para onde vamos.

– E nós vamos para a balada, baby!

Minha alma sai do meu corpo assim que a palavra "balada" sai de sua boca. Ah não, todo lugar menos uma balada!

– Hum, não sei se vocês lembram. Mas da última vez que fomos para uma balada, as coisas não acabaram nada bem para nós.

– Você! – digo apontando para Dick e continuo.

– O seu namoro está ferrado porque você fez alguma besteira lá dentro e não consegui se lembrar. Agora, aquela ruivinha lá, não quer ver você na frente dela nem pintado de ouro. E você!  – termino de falar apontando para Victor, mas as palavras fogem da minha boca.

– Você continua sendo o mesmo merda de sempre! – digo sem pensar, mas ele nem ligou pro fato de eu ter, tecnicamente, xingado ele.

– Falou o brócolis ambulante, que está com medo de ir a uma balada só porque virou um meme.

– Não estou com medo!

– Então prove! Vá conosco para a balada e vamos nos divertir com o time! – diz o passarinho me olhando com um olhar desafiador.

Eu realmente não quero ir a lugar algum, seja uma balada ou não. Queria apenas ver algum filme e esperar dar a hora do jantar. Mas não vou mostrar para eles que sou um medroso!

– Eu vou! – digo confiante. Victor e Dick comemoram e correm para o banheiro para ver quem tomaria banho primeiro. E é claro que Dick ganha.

Enquanto Vic bate na porta com raiva, exigindo que o passarinho saísse de lá. Coloco meus fones de ouvidos novamente e ponho outra música para tocar, tentando distrair minha mente. Para que ela não perceba a enorme burrice que acabei de fazer. Mas agora já esta feito, e não voltarei atrás para ser chamado de medroso.

Assim que meus dois amigos tomam seus banhos, depois de muita confusão. Tomo o meu e me arrumo rapidamente, já que os ansiosos não sabem esperar e ficaram me apressando! 

Pegamos carona com um dos meninos e fomos para a balada. 

Confesso que não estou sentindo mais tanta confiança como antes. O nervosismo está tomando conta de mim. Quando entramos, fiz questão de passar longe do bar e arrasto Victor e Dick comigo. Os levo para a única mesa vazia, que fica ao lado dos banheiros. Não é o melhor lugar para ficar, mas dá para aguentar. Me sento e olho para os meninos, que me encaram entediados.

– O que foi? Porque estão me olhando assim? – pergunto os encarando de volta. Vic olhou para Dick e suspirou.

– Cara, é sério que você quer ficar sentado aí? Do lado dos banheiros?

– Onde todo mundo vai para vomitar e fazer certas coisas? – completa o passarinho olhando agora para as portas do banheiro com nojo.

Não queria ter entendido o que ele falou. Reviro os olhos.

– Eu já estou aqui, então vou ficar quietinho na minha. Vendo todos vocês passarem vergonha bêbados! – digo apontando para os dois.

Antes que pudessem me responder, um grupo de garotos se aproxima de nós. E pelo jeito que estão cambaleando tentando andar, suponho que já devem ter bebido mais do que deviam.

– Grayson! Stone! E o astro desta noite, Logan! – exclamou um dos garotos tomando a frente e abraçando meus amigos. Apenas o reconheço, quando pude vê-lo de mais perto. E sentir o forte cheiro de álcool que está impregnado em sua roupa. Faço uma pequena careta.

– Wally! Pelo visto já chegou bebendo em. – digo rindo um pouco de sua situação.

– E você não?! Isso aqui é uma comemoração, cara! Comemorações não são nada sem bebida! – diz ele se sentando ao meu lado. Pelos céus, o cheiro é pior ainda de perto.

– Nem adianta dizer isso para ele West, o garoto aí só quer saber de refrigerante hoje. – disse Dick sorrindo para mim. Agora estou ferrado.

– O que?! Ah, mas isso não vai ficar assim! Jason! Trás a bebida mais forte pro campeão aqui!

No mesmo instante, Jason corre para o bar e volta alguns minutos depois com a bebida em mãos. As coisas não estão saindo nada como pensei. O que eu faço?!

– Agora beba tudo! Ou vai amarelar na frente do time todo?

Sinceramente, prefiro sair correndo e dar o fora daqui. Olho para os garotos, que me olham com esperança e animação. Sinto toda leveza que estava em mim algumas horas atrás indo embora. Não tem como as coisas piorarem.

– Tudo bem, passa ela pra cá.

Todos gritam animados. Pego a bebida com as mãos tremulas e a bebo. Sinto o álcool descendo como fogo pela minha garganta. Mas por incrível que pareça, ela deixa um pequeno gosto doce no final. Achei que fosse ser pior.

Com o álcool agora correndo em minhas veias, dou um grande sorriso e jogo o copo no chão. Ele se parte em milhões de pedaços e quando olho para frente, os garotos me olham surpresos e assustados ao mesmo tempo.

– ESSA NOITE SERÁ A MELHOR DE TODAS! – grito para eles com todas as minhas forças, e como resposta, eles gritam e comemoram.

Não faço ideia do que estou fazendo. Mas quem liga?! Não estou na escola, posso fazer o que quiser. As coisas já estão uma merda mesmo, não tem como piorar!

BROKEN HEARTOnde histórias criam vida. Descubra agora