SEVENTEEN

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Science Classe


Estou enlouquecendo.

Está é a única explicação que consigo pensar do porque chamei Garfield por aquele apelido bobo. Não gosto de apelidos, os odeio, para ser mais exata. Apenas a loucura me faria dar um apelido à alguém. Nem mesmo Kory possui um. Porque ele, um idiota sem noção, merece? Isso não faz sentido!

Não sei o motivo de eu tê-lo chamado daquele jeito, apenas saiu. Uma grande parte minha se arrepende disso, mas a outra não. Pelo fato, de que após dizer o apelido, Garfield após processar a informação ficou tão feliz ao ponto de sair do dormitório das meninas saltitando. Porém, acabou tropeçando em seus próprios pés, derrubando não só seu corpo, mas também um vaso de planta que estava ao seu lado.

E eu ri. Ri tanto, até sentir dores em meu estômago. De acordo com Kory, meu rosto todo ficou avermelhado. Por causa disso, a mesma não para de me chamar de "tomatinho".

Já disse que odeio apelidos?

 – Sra. Roth, está atrasada para minha aula novamente! Se isso se repetir, terei que conversar a diretora. - disse o professor Otto ao me ver entrar na sala.

Assim como seus olhos agitados, devida a tanta cafeína que ingere de manhã, seu olhar junto com os outros alunos esta sobre mim. Tento apenas ignora-los e reviro os olhos.

– Isso não será necessário.

– Espero que esteja certa. Agora, vá se sentar ao lado de... Victor! - diz ele apontando para algum aluno.

Sigo seu olhar e vejo Stone. Sentado em uma mesa com uma cadeira vaga ao seu lado. O mesmo franzi a testa confuso e então, olha para mim. Ele me olha dos pés a cabeça, depois dá de ombros e volta a se concentrar em seu caderno. Reviro os olhos e caminho até sua mesa, que agora, será nossa mesa.

Pelo visto, o universo esta contra mim. Hoje e todos os dias. Quando penso que terei um pouco de paz após o acontecimento mais cedo, ele vem e me coloca mais uma bomba entre minhas mãos. Obrigada universo, por ser um completa babaca!

Ignoro meus pensamentos ao ver o professor colocar um titulo no quadro branco, com sua caneta azul barulhenta. "Trabalho em dupla". Quase desmaio ao ler. 

Não possuo nada contra este professor, até admiro como suas provas são difíceis. Mas há apenas uma coisa que não gosto nele, que é o modo de fazer seus trabalhos. Eles sempre são no laboratório, temos que usar jalecos, luvas e óculos especiais para utilizar os produtos químicos. No final, a sala esta toda suja graças aos produtos, e somos obrigados a limpa-la. E por fim, não podemos escolher com quem podemos trabalhar. 

Temos que fazer o trabalho junto com nosso colega de mesa, que no meu caso, é Victor. Só desejo, que ele não seja tão irritante quanto seu melhor amigo.

Após explicar nos mínimos detalhes como devemos fazer o trabalho deste bimestre, vamos até o laboratório. Colocamos todos os nossos equipamentos de segurança, então começamos.

Pego meu caderno que esta com todas as anotações que precisaremos e entrego para Victor. O mesmo o pega confuso.

– Fique com as anotações, prefiro ficar com as misturas. – explico para ele, que apenas concorda. 

Começo separando o que vamos usar, enquanto Victor lia minhas anotações. Então, ele começa a me dizer os produtos e vou colocando tudo em um recipiente para misturar no final. E tudo estava indo bem, até ele começar a puxar assunto.

– Pensei que esse trabalho fosse ser mais difícil. – franzo a testa. Ele é tão péssimo puxando assunto quanto Garfield.

– Por causa dos detalhes que o professor disse ou por minha causa? – pergunto olhando para ele pelo canto dos olhos.

– Não leve para o lado pessoal, mas do jeito que  Garfield fala de você, pensei que fosse jogar todo o trabalho para mim.

– Então, é por minha causa. Mas não se preocupe, posso ser ranzinza e brava. Porém, jamais faria isso com alguém.

– Fico feliz em ouvir isso, coloque um pouco do azul. – diz Victor apontando para o produto, faço o que ele disse.

– E não diga isso de você mesma. Posso não te conhecer tão bem, mas pelo pouco que estamos conversando, você parece ser alguém legal. As pessoas apenas te interpretam do jeito errado.

"Te interpretam do jeito errado". A minha vida toda, tenho tentado não ser o que as pessoas dizem a meu respeito, mas será que o problema esta nela? Na maneira como me... interpretam?

– Isso é bem... inteligente, na verdade. – digo pensativa. Victor apenas sorri levemente para mim, voltando em seguida a dizer os produtos que faltavam.

Após colocar tudo em um recipiente, o pego com minhas mãos e misturo os líquidos que estão dentro. Depois de misturados, todo se transforma em um líquido verde estranho. Lembrando bastante água de esgoto. Franzo a testa confusa.

Olho para o trabalho dos outros alunos, e a mistura da maioria estava na cor azul. Um azul bem bonito, não um verde de esgoto. Pego o caderno das mãos de Victor e repasso todos os produtos que coloquei, vendo se havia esquecido de algum. Mas não, esta tudo ali dentro. Olho para Victor.

– Acho que tem algo de errado. A mistura de todos esta azul, porque apenas a nossa esta desse jeito? 

Ele olha para o nosso trabalho, o analisando. Mas acaba dando de ombros e pega um liquido transparente.

– Não vejo nada de errado, o deles é que deve estar errado. Agora, vamos ativar esse troço!

– Espera Victor, não! – grito para ele, tentando impedir que ativasse a mistura. Mas não consigo. Stone coloca todo o liquido transparente na mistura, com um sorriso satisfeito.

Por um momento, tudo fica em um completo silêncio, até a mistura ativar e virar um grande vulcão. Jorrando a mistura verde esgoto para todos os lados. Deixando não apenas a mim e Victor, mas todos que estão nesta sala sujos com o líquido. 

Depois de parar de jorrar, o professor  vem até nós em passos duros. Limpando seus óculos para conseguir nos ver. Quando ele esta prestes a nos dar um grande sermão, Victor é mais rápido e começa a nos defender. Ou a me defender.

– Professor Otto, é tudo minha culpa. Pensei que não havia nada de errado com a nossa mistura então a ativei. Me desculpe, irei limpar tudo. Prometo!

Arregalo os olhos surpresa. Por que ele esta me defendendo? Admito que a culpa é dele, pois se tivesse me escutado, não estaríamos nesta situação. Mas porque esta sendo tão legal? Isso não esta certo!

O professor olho para nos dois, então, suspira derrotado.

– Não me importo de quem é a culpa, apenas limpem este lugar após o almoço. Os dois.

Dizendo isso, ele e os outros alunos saem da sala. Alguns resmungando o quão foi incrível a explosão e outros reclamando dela. Apenas eu e Victor permanecemos na sala, olhando para a enorme bagunça que fizemos.

– Não entendo, por que assumiu toda a culpa?

– Amigos fazem isso para não prejudicarem o outro. E porque eu queria uma desculpa para não ir ao treino.

Não digo nada, apenas reviro os olhos para a última parte.

Quem diria que Victor Stone, vice capitão do time de basquete, me considera como uma amiga. Assim que Kory souber, aposto que ficará tão surpresa quanto eu. Porque Garfield não pode aprender um pouco de bons modos com seu amigo? Ao contrário de Garfield, ele não precisou me perseguir para ter minha amizade.

Amizade. A que ponto cheguei para estar colocando qualquer um na zona da amizade? Estou realmente enlouquecendo. Só espero, não me decepcionar como da ultima vez.

BROKEN HEARTOnde histórias criam vida. Descubra agora