ENCONTRO

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Helena Kuster

A semana se passou rápido. Estou no meu jatinho indo para Moscou, meus olhos pesando pouco a pouco. Estava cansada com a turbulência dos últimos dias, os anúncios sobre meu casamento e os vários presentes inusitados enviados para mim.

Sorrio com a voz do piloto informando que vamos pousar, obviamente não é aqui que conseguirei descansar.

Desço do jato e entro no carro rumo a casa de Daniel. No caminho vou respondendo alguns emails, dando algumas ordens e analisando projetos de novos hoteis. Foi quando por reflexo procurei minha arma ao sentir o forte impacto contra meu carro.

- Senhora, tudo bem? - Meu motorista me olha atentamente e eu assinto ainda confusa. - Uma Lamborghini colidiu em nossa traseira - Vozes alteradas ecoam do lado de fora, apenas assinto para o pedido mudo do meu motorista para sair do carro.

- OLHA SÓ O QUE VOCÊ FEZ! SÓ PODE SER UMA ANTA MESMO! - Consigo ouvir a ofensa contra meu funcionário e decido também sair do veículo, uma mão ainda segurando a arma.

Me deparei com o dono da voz firme e grossa. Um homem alto e forte, cabelos negros enquanto seus olhos possui um tom de castanho claro extremamente raivosos, e eu devo admitir, tem uma beleza exuberante. Mas me limitei em apenas erguer uma sobrancelha e esconder minha surpresa em vê um ele era. Se ele acha que vou baixar minha cabeça com seu chilique de mulherzinha, está completamente enganado.

- E QUEM VOCÊ PENSA QUE É PARA FALAR ASSIM?! - Faço questão de lhe devolver no mesmo tom.

Vejo sua expressão mudar quase que instantaneamente e eu franzo o cenho com seu olhar curioso sobre mim.

- E eu peço desculpas, senhorita - Faz menção em se aproximar, mas eu logo me coloco na defensiva, parando seu ato. - Meu nome é Harry Scarborough, e sim, tenho consciência de que a culpa foi minha, afinal não é certo usar celular enquanto dirige - Balança o aparelho no ar. - E não se preocupe, farei questão de arcar com todos os prejuízos causados.

- Não me importo em quem você é ou deixa de ser, e muito menos vou querer que arque com algo meu - Seu sorriso de lado fez meu sangue ferver. - Agora se admite a culpa, não entendo o porque da ofensa desferida para meu motorista, já que a anta aqui é você - Dou as costas na intenção de acabar logo com isso.

- Ao menos me diga seu nome, linda donzela marrenta - Paro e respiro fundo, tentando manter a calma que eu não tenho.

- Não lhe interessa - Olho em seus olhos uma última vez. - E se aparecer na minha frente novamente, não pensarei duas vezes antes de atirar contra sua testa - Entro em um dos carros dos meus seguranças, deixando que alguns deles fique alí para providenciar qualquer procedimento.

Homem bipolar do caralho.

Decido não pensar muito nisso e sim continuar respondendo alguns emails até chegar a casa do meu irmão. Ele e Mariana, sua mulher, me esperavam do lado de fora, mais precisamente no jardim, consegui vê-los assim adentramos o portão.

- Finalmente você chegou - Daniel abre os braços assim que desço do carro. - Achei que estava perdida, eu já ia mandar alguns seguranças ao seu resgate - Sorrio enquanto nos abraçamos apertado.

- Ele não está brincando - Mariana chama a minha atenção. - Como foi de viagem, querida? - É atenciosa ao perguntar enquanto se aproxima para um breve abraço, logo me direcionando para dentro da mansão.

- Foi tudo tranquilo, tirando pelo o pequeno acidente que me envolvi no caminho pra cá - Vejo ela arregalar os olhos. - Não se preocupem, ninguém se machucou - Tranquilizo. - Mas e você? Está linda com esse barrigão aí - O sorriso em seu rosto se torna largo, posso até ver seus olhos brilharem com a menção.

- Obrigada. Apesar dos enjoos e o cansaço, está sendo um momento mágico para mim.

- Eu posso imaginar - Assinto com um pequeno sorriso.

- Daqui a um tempo, não vai ficar só na imaginação - Pisca um olho. - Mas agora vou deixar você subir e descansar, logo mais temos o baile e eu quero você animada para essa noite - Paramos na sala de estar. Olho de Marina para meu irmão que apenas assente com a cabeça, abraçando sua mulher por trás.

Subo as escadas e vou para meu antigo quarto, tomo um banho demorado e deito sobre cama, estava com saudades dela.

Demoro um pouco para adormecer já que minha mente traiçoeira faz questão de relembrar o incidente de mais cedo. Aquele homem despertou algo em mim, talvez seus traços marcantes, ou algo mais que eu ainda não consigo decifrar, mas ele era interessante.

E com esses pensamentos, acabo me entregando ao sono.

A PRIMEIRA DOM Onde histórias criam vida. Descubra agora