AGORA

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Helena kuster

Dez anos depois.

Estou sentada em frente ao concelho, observando todos discutirem sobre uma nova aliança, na verdade um novo casamento, e só de ouvir essa palavra meu sangue ferve. Levanto batendo forte contra a mesa.

- Calem a porra da boca! - Ganho a atenção de todos. - Eu sou a Dom de vocês, eu decido o que eu quero pra minha vida e ninguém aqui vai me dizer o que devo ou não fazer! Eu mando nessa merda e vocês estão aqui pra cumprir minhas ordens - Falo por fim, fazendo questão de encarar um a um.

- Eu disse que uma mulher no comando seria assim, agora só falta ela mandar nossas mulheres sentar aqui no concelho enquanto nós limpamos e cozinhamos em casa - O sarcasmos era explícito na fala de Lúcio.

Lúcio é um capo arrogante que eu tive o prazer de dar uma boa surra, afinal ele precisava sentir o mesmo que a sua mulher sentia todas as vezes que ele levantava a mão pra ela. Juntando todo o ódio e repulsa que sinto por ele, não tardei em sacar minha arma e atirar contra sua perna esquerda, fazendo todos se calarem mais uma vez.

- O próximo vai ser no meio da sua testa - Aviso ainda com a arma apontada em sua direção. - Ou de qualquer um aqui que ousar me desafiar ou não acatar minhas ordens - Minha voz era fria o suficiente para nenhum alí duvidar da minha capacidade. - ENTÃO CALEM A PORRA DA BOCA AGORA!

Vejo um a um se sentar em seus devidos lugares, menos Lúcio que pressionava uma mão contra seu ferimento.

- Como desejar, senhora - Senta em seguida, contorcendo o rosto em uma careta de dor.

- Bom, se desde o começo me deixassem falar, saberiam que sim, irei me casar - Me sentei novamente, a unha do dedo indicador batendo contra a mesa. - Mas EU irei escolher meu futuro marido, e começarei ainda hoje a procurar por alguém que seja digno para estar ao meu lado - Após minha fala, novos burburinhos ecoaram no local, alguns aliviados enquanto outros analisando a ideia de oferecerem seus filhos. Mas Lúcio se manteve quieto, seu olhar atento sobre mim.

Discutimos mais alguns assuntos da nossa máfia, como descarregamentos de armas e drogas.

Saí de lá e fui em direção do meu escritório, entrando no prédio espelhado, pressionando o trigésimo sétimo andar assim que adentro o elevador. Assim que entro na sala, coloco minha pasta sobre a mesa e vou em direção as bebidas, me servindo com vodka, entorno tudo de uma vez. Escuto algumas batidas na porta e autorizo a entrada.

- Pode falar, Sofia - É minha secretária, ela parecia inquieta.

- Senhora, tem uma reunião às treze horas com investidores do México - Assinto e ela olha para a agenda em suas mãos. - E seu irmão ligou pra confirmar a sua presença na festa do próximo sábado.

- Retornarei pra ele assim que possível, mas por hora, peça meu almoço, o de sempre - Ela anotava rápido, até parar e focar seu olhar em mim outra vez, novamente parecendo inquieta. - Mais alguma coisa? - Decido perguntar.

- Hm - Se remexe. - É verdade que a senhora irá se casar?

Sofia está comigo desde que assumi os negócios de Richard, ela me ajuda bastante e com isso, foi impossível não criar uma certa aproximação. É a coisa mais próxima que eu tenho de uma amizade, e mesmo sabendo que pode deixar as formalidades de lado, ao menos aqui no ambiente de trabalho, ela prefere manter o devido respeito.

- Sim, Sofia - Suspiro. - Daqui a pouco vou fazer vinte e nove anos, com isso cada vez mais me cobram um herdeiro - Nego com a cabeça. - Mas até aí tudo bem, o maior problema é que eu não acho ninguém à minha altura, com competência para estar do meu lado ou abaixo de mim, até porque eu jamais daria meu lugar a outra pessoa, por isso tenho que escolher bem.

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