𝐶𝑎𝑝. 𝑉𝐼𝐼𝐼 - "𝐷𝑒𝑠𝑝𝑟𝑒𝑧𝑜..."

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A porta se abriu devagar com aquele rangido irritante, revelando Bill a minha frente.
Ele era a única pessoa que eu aceitaria ver agora, por mais que ele tivesse participado de tudo, ele é o único que pode me entender nessa situação.
Ele sempre entendia.

"Bia." O mesmo quebrou o silêncio com o olhar de pena direcionado a mim.

Eu não queria que ele sentisse isso, pena de mim, é o que eu mais odeio.
O olhar de pena das pessoas sempre foi presente na minha vida, por ter perdido meus pais e ter crescido no orfanato sem meu irmão. Era um agrado aqui, um agrado ali, tentando me fazer esquecer que eu era somente uma criança quando me separaram da única família que eu ainda tinha, tentavam me fazer esquecer que os culpados por isso eram eles mesmos.

O mesmo se aproximou de mim e se sentou ao meu lado, ele não tinha coragem de me olhar nos olhos naquele momento, o Bill que sempre me apoiou não queria me ver naquele estado, mas a única coisa que eu queria era que ele me olhasse como se eu fosse normal, não com piedade, e sim, ao menos um pouco de carinho.

O mesmo suspirou e olhou para trás, e ao ver que não tinha sinal do Tom ali, ele se aproximou delicadamente e me abraçou, dando um beijo na minha cabeça, e tudo que eu pude fazer foi chorar em seus braços.
Por quê eu tenho que estar aqui?
O quê o meu irmão fez?
Por quê ninguém veio me procurar ainda?

E por que eu me deixei ser levada pelo desejo de estar com o Tom?...

Ele acariciava meus cabelos enquanto eu ainda desabava todas as minhas dores ali, minhas dúvidas, eu deixei as milhões de perguntas tomarem conta da minha cabeça e aquilo me deixou uma bagunça depois do que aconteceu com o Tom.

"Shh... " Ele tentava passar um ar de tranquilidade, ainda abraçado a mim, me fazendo cafuné.

As vezes, eu sinto que Bill também não queria que isso tudo acontecesse, não queria que fosse assim, não queria que eu fosse tirada dos braços da minha liberdade desse jeito, e que o irmão dele não tivesse feito isso por "vingança". Por isso ele tenta me agradar, me fazer se sentir um pouco mais confortável.

Os minutos pareciam não se passar, o tempo havia parado naquele momento, era só eu nos braços confortáveis dele.
Até esse momento acabar.

Tom bateu o punho na porta, causando um estrondo e fazendo Bill o olhar com temor, enquanto ele nos encarava com rejeição.

Bill me olhou pela última vez, e acariciou meu rosto, entendendo o recado de Tom e indo até ele, me deixando sozinha.
Continuei sentada e respirei fundo, tentando fazer as lágrimas se conterem, pensando simplesmente no "por quê"?

Passaram-se horas, eu andei pelo quarto, dormi, tentei distrair minha cabeça, mas tudo que se passava nela era no que ia acontecer se aquele dia não tivesse vindo a tona na minha cabeça.
Eu e Tom...
Não tem como imaginar, ele me sequestrou, ele me tirou do meu irmão.
Mas, ele também me defendeu da morte, ele matou por mim, e tentou ser mais gentil quando o Bill não estava.

O que é isso Beatricce? Ele te sequestrou.
Ele te fez chorar, te separou do seu irmão, ele só quer um brinquedo. Se não fosse ele, nada disso estaria acontecendo.
Ele não pode me querer, isso é impossível.
Aquele garoto não tem coração.

De repente, vejo Bill abrindo a porta e adentrando o quarto.

"Beatricce, dorme. Hoje você não vai poder sair. O Tom tá... Meio estressado." Ele falava com postura na frente da cama.

"Mas Bill, por favor, eu não aguento mais ficar aqui." Eu suplicava, mas ele continuava firme de cara fechada, não parecia o Bill que eu conhecia.

Depois de olhar para a porta, descobri o por quê dele estar assim. Tom estava nos observando, com aquela cara de ódio que ele tinha, aquela feição havia voltado.

A feição de parecer que ele não tem mais nenhum sentimento, além de raiva, ou ódio.

O olhei dos pés a cabeça tentando não deixar-lo ver meus olhos marejados de tanto chorar, para parecer firme em sua frente. Mas ele também parecia querer falar algo, ou queria que eu falasse algo.

Quando ele viu que eu não iria falar nada, o mesmo cerrou os dentes e olhou para Bill de forma repreensiva.

"Ela não sairá do quarto enquanto eu não estiver aqui."

Bill o olhou surpreso, e eu acompanhei a expressão, incrédula.

"Mas Tom, ela..." Bill ia questionar mas foi interrompido.

"Eu já falei e você obedece!" Tom gritou. "Ela não sai do quarto até eu chegar!"

A raiva subiu em minhas veias, me fazendo me levantar, ir até ele e esbofetear seu rosto.

"A culpa não é minha!" O repreendi, fazendo somente o mesmo voltar o olhar para mim com raiva. "A culpa não é minha se eu não pude continuar!"

"Beatricce não grita." Bill adivertia vindo até mim, sendo ignorado.

Continuei a falar tudo que eu queria, ele não tinha o direito de me trancar por conta de que eu não pude continuar! Ele ocasionou tudo isso, e queria ser amado como se ele fosse meu príncipe encantado?

"Por sua culpa eu tô aqui!" Eu gritava dentre lágrimas. "Por sua culpa! Aquele homem ia abusar de mim!"

Eu cuspia palavras da minha boca, incessantemente, com todo o ódio que eu tinha ali.

"Isso tudo é culpa sua! Você queria ser amado? Queria que a gente continuasse?! A gente não vai! Você é meu sequestrador!" Eu gritava batendo no seu peito, como se aquilo fosse afetar ele em algo. "E por isso eu tenho ódio de você! Você me deixa trancada aqui! E por isso eu te odeio! Então não haja como se você fosse um anjo ou uma pessoa normal! Por quê você não é!"

Ele segurou minhas mãos, o impedindo de bater nele, enquanto me olhava com desgosto.

"Terminou?" Ele falou sem emoção na voz, me encarando.

Fiquei sem respostas, eu apenas o olhava com ódio em meu rosto junto com as marcas das lágrimas que haviam escorrido.

"Ótimo." Ele me soltou e saiu fechando a porta, fazendo Bill ir atrás dele.

"Que merda você tem na cabeça Beatricce?" Ele gritou bravo, correndo atrás do irmão, me fazendo ver, que eu mesma virei a única pessoa que estava ao meu lado contra mim.

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Lembrem da ⭐!!

Gente, era pra rolar tudo e rolou nada, só ódio
Também amo vocêsssss😘😘😘😘😘

(Não me matem, ainda vai ter mais desse casal lindo lá pra frentee)

𝐴 𝑝𝑟𝑖𝑠𝑖𝑜𝑛𝑒𝑖𝑟𝑎 𝑑𝑜𝑠 𝑖𝑟𝑚𝑎𝑜𝑠 𝐾𝑎𝑢𝑙𝑖𝑡𝑧. Onde histórias criam vida. Descubra agora