Capítulo 21 - A Aparição do Regicida

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O salão real de Valen era vasto e imponente, as suas paredes eram adornadas com tapeçarias antigas que demonstravam seriedade. Elas pareciam absorver a fraca luz das tochas, que lançavam sombras dançantes por todo o espaço.

A corte se reunia em silêncio, as suas vestes elegantes contrastando com a atmosfera tensa. Os olhares furtivos e suspiros abafados, pairavam no ar como uma neblina sombria.

No trono, o rei Beneris Janger estava sentado, sua figura alta, austera e intransigente, como uma estátua de macabra que clamava autoridade. Diante dele, um homem ajoelhado implorava por clemência, sua voz tremendo de medo e desespero. O olhar do rei era cruel e impiedoso, um reflexo da atmosfera opressiva do local.

Com um gesto rápido e gélido, o rei ordenou que o seu guarda cumprisse a sentença. A espada do guarda real dançou no ar. O som agudo do metal cortando carne ecoou pelo salão, um eco sinistro que parecia ressoar nas paredes, cortando os laços de vida com uma precisão fria e impiedosa. Levando a um último suspiro o aprisionado.

Vendo a vida do prisioneiro dissipada como uma vela apagada pelo vento. Um sentimento de agonia tomou conta do ambiente, criando um momento de pavor quase palpável. O olhar do rei permanecia fixo, sem emoção, enquanto a vida se esvaía do homem diante dele.

A nobreza presente observava com uma mistura de fascínio mórbido e prazer mórbido. "Quanto sangue não foi derramado neste salão ao longo dos anos", murmurou um nobre para outro, um sorriso sádico curvando os seus lábios. Era como se a violência e a crueldade estivessem impregnadas nas paredes, alimentando a aura de poder do rei.

Enquanto o corpo era rapidamente removido, o ar ainda parecia carregado com o peso da brutalidade. Nesse instante, um eunuco entrou apressado, as suas vestes silenciosas contrastando com o clima tenso. Ele curvou-se respeitosamente diante do rei e entregou um pergaminho selado. Beneris pegou o pergaminho com impaciência, quebrando o selo com um gesto rápido.

A carta escrita pelo embaixador Renard em Arendel, trazia notícias chocantes. Um jovem alegava ser o filho de Orgest e Dorren, os antigos monarcas de Valen. O embaixador havia feito uma pesquisa preliminar, a idade do jovem era compatível, os traços físicos eram semelhantes a Orgest e ele era acompanhado pelas duas figuras que, há muito tempo, eram caçadas por Valen, Agolli Kodra e Gazmir Zane.

A incredulidade e a raiva dominaram Beneris, o seu rosto vermelho em fúria. A sensação de desafio que a carta trazia era uma afronta pessoal a ele. Seus olhos faiscavam com intensidade enquanto ele lia as palavras ousadas na carta.

Os seus sentimentos eram um turbilhão, mas ele mantinha a fachada de frieza. Com um gesto de fúria, ele dispensou a corte, assistindo os nobres partirem em alívio evidente. Beneris permaneceu no trono através do poder e do medo. Ninguém ousava provoca-lo.

Os seus olhos fixos na carta como se pudesse queimá-la com o seu olhar. Ele a muito suspeitava que Dorren estava grávida e que tivera um filho em segredo. Por causa dela, os seus planos quase foram frustrados.

Beneris sabia que precisava agir rapidamente diante da ameaça que se apresentava. Com um gesto enérgico, ele chamou um dos seus guardas e ordenou que trouxesse o seu time de inteligência ao seu aposento.

Pouco tempo depois, um homem entrou na sala, a suas cicatrizes marcando a sua pele como um testemunho de batalhas travadas. Seus olhos eram frios e calculistas, contrastando com o semblante endurecido. "Senhor, você chamou-me?" disse ele, a sua voz áspera carregando um tom de respeito.

"Sim, Eamon. Temos uma situação delicada em mãos", disse Beneris, os seus olhos fixos no homem chamado Eamon. "Parece que um jovem alega ser o herdeiro da família Valeran."

Eamon manteve a sua postura firme, os seus olhos sondando o rei. "Entendo, majestade. O que deseja que façamos?"

Beneris inclinou a cabeça, seus pensamentos meticulosos. "Quero saber se essa afirmação tem alguma validade. Preciso que você investigue a fundo essa questão."

Eamon assentiu, sua expressão inabalável. "Compreendo. Vou montar uma equipe e começar a investigação imediatamente."

O rei ponderou por um momento, então direcionou o seu olhar para Eamon. "Certifique-se de que a investigação seja discreta. Não podemos permitir que essa informação se espalhe."

Eamon confirmou com um aceno solene. "Entendido, majestade. Agiremos com a maior cautela."

Beneris pareceu pensativo por um momento. "Além disso, quero que você tome medidas para garantir que essa ameaça seja eliminada. Se ele for ou não o herdeiro legítimo, não podemos correr o risco de uma rebelião."

Eamon manteve a sua postura rígida. "Compreendido, majestade. Tomaremos as providências necessárias."

Assim que Eamon saiu, Beneris sentiu um calafrio percorrer a sua espinha. Ele recordou brevemente o passado e pensou em Dorren, a mulher que deveria ter sido sua. A amargura tomou conta dele, transformando-se num desejo sombrio. "Se não posso tê-la, ninguém mais terá", murmurou ele para si mesmo. A determinação nos seus olhos era feroz, uma promessa silenciosa de que destruiria tudo o que fora importante para ela.

Os dias seguintes foram marcados por intensa atividade nos corredores do palácio. Enquanto o rei articulava planos nos bastidores, a corte seguia a sua rotina de intrigas e alianças. O ar estava carregado de tensão, e os sussurros nas sombras indicavam que algo grande estava se formando.

Numa noite escura e tempestuosa, Beneris sentou-se no seu aposento, cercado por mapas e documentos estratégicos. Seu olhar era pensativo, enquanto pensava nos rumos que as coisas tomaram. A tempestade lá fora parecia refletir a sua própria fúria interior.

Cerca de uma semana depois, numa manhã onde a corte real estava reunida novamente, os seus membros trajando as suas melhores vestes e ostentando os seus títulos e posições. O rei sentou-se no trono. Ele levantou a mão, silenciando a assembleia.

"Nobres de Valen, enfrentamos um momento de desafio e incerteza. No entanto, é nestes momentos que a nossa determinação é testada e o nosso reino se fortalece."

Os nobres escutavam atentamente, os seus olhares variando entre expectativa e inquietação. Beneris continuou, a suas palavras carregadas de poder.

"Uma ameaça surgiu, alegando ser o herdeiro da família Valeran. Devemos agir com cautela e resolução. Eamon, chefe da nossa inteligência, liderará a investigação para determinar a veracidade dessa afirmação."

Eamon assentiu, sua expressão impassível. "Majestade, garanto que agiremos com discrição e eficácia."

O rei dirigiu o seu olhar ao público, seus olhos frios e penetrantes. "Além disso, tenho conhecimento de um plano em andamento para eliminar o rei de Arendel. Esse plano quer nos acusar de assassinar o monarca e manchar o nome de Valen. Isso não será tolerado. Aqueles a tramar contra o nosso reino serão severamente punidos."

Os murmúrios ecoaram pela sala, os nobres trocando olhares preocupados. Beneris continuou, a sua voz ecoando com autoridade. "Nossos inimigos não prevalecerão. Valen permanecerá forte e unido, enfrentando qualquer desafio que se apresente."

A corte aplaudiu com fervor, a suas vozes ecoando pelo salão. Beneris ergueu a mão, pedindo silêncio. "Que os nossos esforços sejam guiados pela sabedoria e pelo desejo de proteger o nosso reino. Que Valen prevaleça!"

Enquanto as palavras do rei reverberavam, a corte se dispersou, cada nobre voltando às suas atividades e intrigas. Beneris observou-os partir, a sua mente trabalhando nos bastidores, preparando-se para os desafios que viriam pela frente. A tempestade da noite anterior havia passado, mas a tempestade política e os conflitos iminentes permaneciam. 

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