Capítulo 38 - Ventos de mudança - Parte 1

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O castelo de Lunaris, outrora uma morada majestosa e harmoniosa, agora parece estar envolto em sombras incertas. As paredes de pedra que haviam testemunhado séculos de história pareciam carregar o peso das incertezas do presente. No horizonte, nuvens escuras se erguiam como presságios sombrios, trazendo consigo a iminência de batalhas distantes e o medo de um futuro incerto.

Yoon Ji-soo, uma jovem garota de catorze anos, estava sentada no seu quarto, olhando pela janela. Ela estava prestes a completar mais um aniversário. Normalmente, essa seria uma ocasião de alegria e de celebração, mas em 444 da dinastia Goryeo, o reino da Lua Crescente enfrentava um grande perigo.

O clima no reino da Lua Crescente havia se tornado mais pesado, e a jovem não conseguia ignorar que o Império do Leão estava se expandindo com uma ferocidade impressionante, inclusive, o reino natal da sua mãe já havia caído e se tornado apenas uma província do império.

"Eu não deveria estar aqui, aprendendo as sete artes¹", ela pensou. "Eu deveria estar ajudando meu irmão a defender o reino."

Os corredores do castelo, uma vez vibrantes com várias atividades e comemorações, agora pareciam sussurrar preocupações e conspirações.

Ji-soo ouviu naquela manhã uma conversa entre o seu pai, o Rei, e seus ministros. Eles falavam em voz baixa, mas as palavras carregavam um peso que ecoava nos ouvidos de Ji-soo.

"O Império do Leão avança implacavelmente", disse um dos ministros, sua expressão carregada de apreensão. "Já subjugaram dois reinos vizinhos, e os seus exércitos continuam a crescer."

O rei assentiu com gravidade. "O seu líder, Kang Hyun-Woo, conhecido como Imperador Onyx, é ambicioso e sedento de poder. Não podemos subestimar a sua ambição de conquista. Em breve ele estará nas nossas fronteiras."

Escutando à distância, o seu coração apertava à medida que a realidade cruel se desdobrava diante dela. O próximo alvo, parecia ser o reino da Lua Crescente. E a sombra da guerra pairava sobre todos.

Seu irmão mais velho, Yoon Ji-hoon, o quarto príncipe e o atual herdeiro do trono, tinha recentemente se juntado ao exército. Ela lembrava-se do brilho determinado nos olhos dele, quando partiu, mas agora a sua mente estava repleta de imagens de batalha e perigo iminente.

Ji-soo caminhava pelos corredores do castelo, absorta nos seus pensamentos. Ela não conseguia deixar de pensar no futuro do reino. O Império do Leão era uma ameaça muito real, e Ji-soo sabia que o destino do seu povo dependia de uma resposta forte.

De repente, ela ouviu uma voz familiar. Era seu irmão, Ji-hoon, o quarto príncipe e herdeiro do trono. Ele falava com um grupo de guardas.

"O Império do Leão está se aproximando", disse Ji-hoon. "Precisamos estar preparados."

Os guardas assentiram, seus rostos sérios. Ji-soo sentiu um estado de angústia. Ela sabia que o seu irmão estava certo.

"O que podemos fazer?", perguntou um dos guardas.

"Precisamos fortalecer o nosso exército", respondeu Ji-hoon. "Precisamos treinar os nossos soldados e armar os nossos cidadãos."

Os guardas concordaram, pois eles sabiam o quão difícil seria essa batalha. Ji-soo continuou a ouvir a conversa, seu coração cheio de determinação. Ela sabia que precisava fazer algo para ajudar.

"Saia daí Ji-soo, eu sei que você está por perto", disse de repente Ji-hoon.

Ela aproximou-se do seu irmão e o abraçou. "Ji-hoon, eu vou ajudar você."

Ji-hoon sorriu. "Obrigado, Ji-soo", disse ele. "Eu sei que posso contar com você."

Não demorou muito e o seu irmão Ji-hoon se afastou e caminhou em direção ao pátio externo, com os guardas e distribuindo tarefas. Naquela mesma noite ele iria para a fronteira preparar as defesas.

Ji-soo sabia que não era apenas o reino que estava em perigo. A sua própria vida também estava em risco. Mas ela não tinha medo. Ela estava determinada a lutar pelo seu povo e proteger a sua casa.

"Eu vou encontrar uma maneira de ajudar", ela disse a si mesma. "Mesmo que seja apenas uma pequena coisa."

Naquela noite, enquanto estava parada na sua janela e meditava sobre tudo o que tinha acontecido naquele dia. Ela precisava pensar, precisava encontrar uma maneira de contribuir para a defesa do reino.

Diante da sua janela, Ji-soo observava as árvores que balançavam suavemente ao vento. Ela sentia-se presa entre o desejo de ser forte pelo seu povo e a incerteza que a envolvia. O destino do reino estava nas mãos de muitos, mas ela sabia que cada escolha, cada ação, importava. A juventude que ela tanto valorizava era moldada por um mundo em constante mudança, e ela via-se no meio dessa tempestade.

De repente, ela se lembrou de algo que havia aprendido com o seu pai. No passado se dizia que os fundadores do reino de Lua Crescente adoravam apenas um único Deus. Ao longo dos anos isso foi mudando para o culto das quatro divindades lunares, entretanto existia uma profecia ainda da época do primeiro rei, que dizia que um dia um jovem de cabelos negros protegeria o povo e traria novamente a esperança aqueles que a perderam.

"Eu não entendo muito sobre isso, mas posso usar isso em nosso favor, o meu irmão é jovem e tem cabelos pretos", Ji-soo pensou. "Se bem utilizado, isso pode levantar a moral do exército e aumentar a influência do meu irmão."

Ji-soo sorriu. Ela sabia que não seria fácil, mas ela estava determinada a fazer tudo o que fosse preciso para ajudar o seu reino, o seu pai e o seu irmão nesta luta.

"Eu vou continuar pensando em maneiras de ajudar", ela disse novamente. "Eu vou encontrar a chave para a vitória."

Isso não era apenas palavras da boca para fora. Desde pequena, muitos a consideravam um gênio e achavam um desperdício ela ter nascido como mulher. Ela não via assim. Pois para ela, apenas com a ótica de uma mulher ela poderia enxergar coisas que um homem jamais poderia.

Após se preparar, ela começou a pensar em várias estratégias e já tinhas algumas ideias que ela considerava solidas que poderiam ajudar o irmão. O cansado do dia a levou ao mundo dos sonhos antes que ela percebesse.

Nota do autor:

¹ É notório que as mulheres da nobreza tinham que aprender uma série de artes distintas. Como não achei nada nas minhas pesquisas, coloquei diretamente como as sete artes poesia, música, dança, pintura, caligrafia, etiqueta e religião, afinal mundo como é um mundo diferente posso me dar a esse luxo.

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