Gazmir mal teve tempo de reagir quando um dos monstros explodiu, abrindo um buraco no chão. Ele e o seu grupo foram sugados pelo vazio, escapando por pouco do desabamento da caverna. Caíram num buraco escuro e úmido, sentindo o impacto de pedras e terra sobre os seus corpos.
Uma pedra maior que o buraco que eles caíram tampou o lugar, mantendo todos presos num espaço minúsculo.
Após sabe-se lá quanto tempo, Gazmir gemeu de dor, tentando se levantar. Sentiu um líquido quente escorrendo pelo seu rosto e percebeu que havia perdido o olho direito. Ao observar o braço esquerdo esmagado e inútil, respirou fundo, tentando manter a calma. Olhou ao redor e viu os seus companheiros, alguns mais feridos do que outros.
As irmãs, Vivian e Lira, estavam praticamente ilesas, se abraçando aliviadas por estarem vivas. Rael estava deitado no chão, inconsciente, com um corte profundo no peito que sangrava sem parar. Elmir, ao seu lado, tentava estancar o sangue com um pedaço de pano, parte do rosto desfigurada por uma queimadura, provavelmente de um dos monstros que explodiram. Adria, sentada num canto, segurava a perna direita, com uma ferida séria.
A situação era crítica, mas Gazmir não perdeu a racionalidade. Sabia que era um milagre estarem vivos após enfrentarem aquelas criaturas aberrantes. Também reconhecia a necessidade de amputar o seu braço antes que a infecção se espalhasse. Procurou por algo afiado, mas não encontrou. Suspirou, pensando no que fazer.
Permaneceram em silêncio por quase meia hora, sem muitas palavras trocadas. Estavam em choque, sem esperança de escapar dali.
Foi nesse contexto que Lira disse, com uma voz trêmula, quebrando o silêncio:
"Ouvi um barulho."
Todos se assustaram, olhando-lhe. Será que alguma daquelas criaturas havia sobrevivido? Se isso acontecesse, não teriam condições de lutar.
"Que barulho?" - perguntou Gazmir, tenso.
"Parece um som de água correndo." - respondeu Lira, apontando para uma das paredes de terra.
Vivian, que cuidava de Rael, confirmou. "Eu também ouvi. Talvez haja uma saída por ali."
Não perderam tempo e começaram a cavar com as mãos e o que restou das armas. Tinham que tentar, era a única chance de sobreviver.
Depois de mais de meia hora, Vivian e Lira conseguiram abrir um pequeno buraco na parede de uns dois andor [2 metros] de comprimento. Viram um túnel subterrâneo com uma pequena correnteza de água. A água chegava um pouco acima do calcanhar, mas o túnel era grande o suficiente para todos.
Rapidamente elas ampliaram o buraco permitindo uma passagem maior.
Voltaram e contaram aos outros, que ficaram animados. Decidiram seguir pelo túnel, esperando que os levasse para fora daquele inferno.
Com dificuldade eles passaram pelo buraco na parede. Adria foi apoiada por Lira, enquanto Elmir e Vivian carregavam o desacordado Rael, que havia parado de sangrar, mas ainda estava em estado grave. Gazmir, mesmo ferido, sem um olho e com um braço incapacitado, foi na frente, liderando o grupo.
Caminharam pelo túnel, enfrentando as dificuldades do caminho. Era escuro e úmido, cheio de pedras e raízes. Tinham que se abaixar em alguns trechos para não baterem a cabeça no teto. Também tinham que tomar cuidado com a água, que às vezes ficava mais funda ou rápida.
Os feridos sofriam mais do que os outros. Gazmir sentia uma dor constante no braço esquerdo, ficando roxo e inchado. Sabia que teria que cortá-lo, mas não tinha como fazer isso sem um instrumento afiado. Sentia falta do olho direito, que lhe tirava parte da visão, precisava se virar para ver o que estava ao seu lado.
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O Caminho do Trono
FantasyATUALIZAÇÃO: 6 CAPÍTULOS POR SEMANA --- John, um homem moderno, acorda no corpo de Dritey, um príncipe exilado em um reino de magia e mistérios. Junto com os leais Agolli e Gazmir, ele descobre que pode ser a chave para uma antiga profecia de equilí...